Marjory.Vargas 27/08/2023Ayaan é uma jovem somali exilada na Holanda, onde foi eleita deputada e é conhecida pela sua luta pelos direitos da mulher muçulmana.
Na sua biografia, ela narra sua trajetória, desde a infância tradicional muçulmana na Somália até o despertar intelectual na Holanda.
Ler esse livro não é fácil. Já deixo um alerta, que alguns dos trechos selecionados no carrossel são cruéis, mas há pouquíssimos trechos felizes no livro.
A parte em que Ayaan descreve como ela e a irmã Haweya são submetidas à clirectomia foi uma das piores de se ler. Crianças, submetidas à uma mutilação genital, feita na própria casa, sem qualquer tipo de anestesia, seguradas por várias mulheres para suportar a dor. É difícil de acreditar que em pleno século XXI, "tradições" como essas ainda sejam mantidas e praticadas.
Ayaan cresceu sob o domínio de uma cultura machista, onde as mulheres valem menos que os homens. Devem ficar quietas e aceitar tudo. E o pior: tudo isso é praticado em nome de Alá.
Eu fiquei chocada em vários momentos da leitura. Porque saber que existe esse tipo de comportamento é uma coisa. Mas ler, sob o ponto de vista de alguém que foi submetida a essas práticas, torna a coisa muito mais real.
É impossível deixar de admirar essa mulher que lutou contra tudo que lhe foi imposto, buscou refúgio e, ao invés de viver sua vida no novo país, deu a cara a tapa para lutar por todas as mulheres oprimidas do seu país.