Bruno.Dellatorre 16/10/2023Muito bomComecei-o na última sexta-feira 13, que ainda calhou de vir em outubro, mês do Halloween. Nunca acertei tanto o timing na vida.
Já tinha assistido o filme, que embora tenha algumas boas vantagens - Mia Farrow dedicada e a tenebrosa trilha sonora do Krzysztof Komeda - não supera o livro. Como é de praxe, aqui temos mais detalhes, uma construção mais rica.
A escrita é bastante descritiva. Sabemos tudo o que os personagens estão vestindo em praticamente todas as cenas. Mas isso não atrapalha em nada o ritmo da narrativa. Pra mim, não atrapalhou. Li super rápido, em dois dias só.
Amei ver como as pistas estavam TODAS ali, desde a hora em que Rosemary e Guy visitam o apartamento pela primeira vez. Pra quem não sabe nada do enredo, deve ser uma delícia ir pescando só uma coisa ou outra e se deparar com a surpresa ao final. Mas pra quem já sabia de tudo porque viu o filme - meu caso - ainda assim tem graça. Porque gente, tá TUDO ALI. Sério.
E o toque de mestre: tem coisas que não precisam ser propriamente explicadas e de fato não são, verbalmente, ao final. Mas você vai juntando as peças e imaginando o que pode estar por trás de tal e tal coisa mal explicada. E aí moram as partes mais "assustadoras" de fato do livro.
Vale mencionar: quando ela já tá descobrindo tudo e vai repassando tudo que estava debaixo do nariz dela e ela não tinha visto, também é muito empolgante.
O livro me lembrou (bem de leve, tá) em alguns momentos as histórias da Agatha Christie. Pela forma como as coisas são descritas, por conta de como começa a história, a construção do suspense, os vários personagens coadjuvantes, o mistério, construção do clímax bla bla bla
É realmente bem interessante.
Só não dou nota máxima porque eu acho que a segunda parte (a da gravidez) não teve seu potencial aproveitado. Nem aqui, nem no filme. Fica meio besta. A Minnie, que é peça chave na história e na primeira parte é muito mais utilizada, passa a ser só a véia que leva o suco com tânis pra Rosemary tomar. Aí tem os lance lá do Hutch, a dor dela.
E só.
Faltou algo, eu achei. Dava pra ter botado mais pressão nesse segmento.
Mas no geral é uma trama interessante, que usa o terror pra falar de maternidade e o abusivo tratamento que é dado à mulher na sociedade.