"Ana Paula" 25/01/2014Surpreendente!Olhando para a capa e lendo a sinopse deste livro, você não imagina o efeito que ele pode causar... Pensando bem, até pode imaginar, mas ao lê-lo, você fica se perguntando se realmente isso aconteceu e o que foi feito desses jovens, como eles estão hoje, será que encontraram o que procuravam?
Pierre Anthon desistiu de tudo, para ele nada mais importa. O garoto sobe então em uma ameixeira e de lá, tenta fazer seus amigos perceber o que ele percebeu, com frases marcantes e algumas ameixas para jogar em seus colegas, Pierre passa seus dias ali, dizendo que mais nada importa.
"Até então, nada havia levado a crer que Pierre Anthon era o mais inteligente entre nós, mas de repente, todos sabíamos que sim. Ele havia percebido algo. Mesmo que não ousássemos admitir isso. Nem a nossos pais, nem a nossos professores nem a nós mesmos. Não queríamos viver no mundo sobre o qual Pierre Anthon nos falava. Seríamos algo na vida, seríamos alguém."
Até que seus amigos resolvem mostrar a Pierre que ele está errado! Que algo importa, que eles querem ser alguém importante, que pequenas coisas tem significado. Juntos, começam a construir uma pilha de significados, primeiramente com coisas banais: um tamanco verde, uma coleção de livros, uma vara de pescar.... Até que a coisa começa a tomar outras proporções, e a pilha passa a receber coisas mais especiais.
"A pilha de significados não parava de crescer. Em poucos dias, quase alcançou a altura da pequena Ingrid. Mesmo assim, faltava-lhe significado. Sabíamos que nenhum dos objetos que havíamos juntado realmente significava algo para nós e, sendo assim, como poderíamos convencer Pierre Anthon da importância daquilo?"
No começo do livro, dei umas boas risadas, afinal, são adolescentes que querem acreditar em um futuro e querem acima de tudo, que Pierre desça daquela ameixeira e pare de gritar aos quatro ventos que nada mais importa! Depois, no entanto, comecei a sentir medo..... Medo do que esses mesmos adolescentes podiam fazer aos outros e a si mesmos.
A autora soube como entrar na minha cabeça e me fazer entender o que eles procuravam, tudo tem significado certo? Uma bicicleta que você queria muito, tem um significado para você como um dedo de sua mão? É isso o que a autora quer mostrar em Nada, você abriria mão de coisas importantes só para provar a alguém que aquilo tem significado?
"Sempre que eu sorria e ria, me perseguia o pensamento de quantas vezes eu choraria com essa mesma boca e com esses mesmos olhos até que, um dia, eles não se abririam mais, e, então, outros ririam e chorariam até serem também colocados sobre a terra."
O livro é narrado por Agnes, uma das colegas de Pierre que passa a construir a pilha junto com seus outros amigos. O que era para ser algo simples e direto, acaba sendo algo macabro e doentio. Agnes é a consciente do grupo, apesar dos pesares, consegui entendê-la. Todos os personagens são muito bem construídos e trazem uma forte carga emocional ao livro. A diagramação é simples, mas com uma leitura dessas, nem precisaria mesmo de muitos frus-frus. A revisão esta impecável! Não encontrei nenhum erro.
Só acho que o livro poderia ser maior, gostaria muito de saber as opiniões dos pais desses adolescentes, como eles se sentiram, mas em nenhum momento, isso deixou de tornar o livro especial. Não direi que você conseguirá lê-lo em algumas horas, apesar o livro ser fininho, seu conteúdo é um pouco pesado, e várias vezes eu precisei parar a leitura para pensar um pouco sobre os acontecimentos. Mas é um livro que eu indico a todos, sem exceção. Um livro para se pensar, um livro que não passará em branco.
"Começamos a entender o que Pierre Anthon queria dizer. E começamos a entender o que Pierre Anthon queria dizer. E começamos a entender por que os adultos tinham aquela aparência.
E, embora houvéssemos jurado que nunca seríamos como eles, havia acontecido. E sequer tínhamos 15 anos.
Treze. Quatorze. Adultos. Mortos."
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