Camis 04/11/2013Judd acaba de descobrir que sua mulher, Jen, o estava traindo por um ano com seu chefe Wade, um locutor de rádio sem papas na língua odiando por todas as esposas de seus ouvintes, exceto pela de Judd. Ele viveu cego durante esse tempo todo em que seu casamento desmoronava, até o dia em que saiu mais cedo do serviço para preparar uma surpresa de aniversário para Jen e acabou pegando-a na cama com Wade. E a maior ironia na história é o fato de Jen, após ter dado fim ao casamento dos dois, descobrir que está grávida, e o filho é de Judd.
Como se o Universo já não tivesse demonstrado o suficiente como odeia o cara, poucos dias depois de ter saído de casa e ido morar em um porão decadente, Judd recebe a notícia de que seu pai havia falecido. A morte do Sr. Foxman já era esperada, uma vez que ele estava lutando contra o câncer havia anos, mas para Judd ela não poderia ter vindo em uma hora hora pior. Afinal, agora que ele havia sido traído e chutado de casa pela ex esposa, tudo o que Judd menos precisava era ter que passar sete dias trancado dentro de uma única casa com sua irmã Wendy e seus dois irmãos, Phillip e Paul, além da própria mãe e os respectivos marido, filhos, esposa e namorada de cada um cumprindo a shivá como o último desejo do pai.
Pra quem não sabe o que é shivá, como eu não sabia, é bem simples: no judaísmo, após o falecimento de alguém, a família deve se fechar em casa como uma forma de velório ao morto por sete dias. Durante essa semana os vizinhos, amigos, conhecidos e parentes mais distantes do falecido visitam a família, levando comida e deixando dinheiro, como maneira de demonstrar seu luto.
A semana mais infernal da vida de Judd acaba por ser também a mais cheia de revelações, reencontros, descobertas e perdões. Ele, que sempre foi o cara que apontava o dedo antes de analisar o próprio umbigo, vai descobrir que embora sua família realmente o tenha magoado, ele também os magoou, e que só o tempo vai fazê-los voltar a ser uma grande família novamente, mas que sete dias já são um bom começo.
Eu sou tenho apenas uma irmã, e moro com meu pai e minha mãe, mas lendo Sete Dias Sem Fim eu me senti dentro de uma grande, desastrosa e calorosa família. Os Foxman possuem diferenças exorbitantes: Phillip é o filho desajuízado que todos sabem que nunca vai tomar um rumo na vida, enquanto Paul seguiu os passos do pai, embora tenha tido a grande oportunidade de se tornar jogador de beisebol na vida; Judd é aquele isolado, que criou família, arrumou emprego, mas que vive a vida dentro dos padrões e nada além disso, e já Wendy casou-se com um ambicioso homem de negócios que não sai do telefone, com quem tem 3 filhos, e é mais conformada do que realmente gosta da sua rotina como mãe e esposa.
Ainda assim, mesmo sendo tão diferentes e possuindo um relacionamento tão frágil uns com os outros, os Foxman possuem um ponto em comum: a mãe, e é ela, com seu jeito espalhafatoso, próteses gigantescas de silicone, minissaias e decotes avantajados, que irá colocar os filhos na linha e mostrar pra eles que não importa as divergências ou o tempo que passem sem se falar, família é família, e o tempo é curto demais para rancores e arrependimentos.
Eu adorei o livro. Embora tenha levado um tempo consideravelmente longo para terminar a leitura (quase duas semanas) acabei me apaixonando por muitos dos personagens do livro, principalmente por Phillip, o irmão mais novo e sem juízo ou limites, que trouxe a glória da juventude para o meio familiar. O motivo por não ter dado 5 estrelas ao livro é bem simples: Judd me irritou. Não consigo entender até agora algumas atitudes estúpidas e passivas desse cara, e senti tanta raiva de Judd em alguns momentos, principalmente com relação a Jen, que acabei dando apenas 4 estrelas a Sete Dias Sem Fim.
A escrita do autor é fácil, cheia de pequenas e divertidas reflexões que nos fazem rir e dizer "Isso é verdade!". Algumas pessoas disseram que acharam o ritmo do livro parado, já eu sou da seguinte opinião: o cara acabou de descobrir que o pai morreu, foi traído, perdeu o emprego, e ainda fica trancado por 7 dias dentro de uma casa com uma família fora dos padrões... Onde é que você vê "parado" nessa estória?!
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http://nolimitedaleitura.blogspot.com.br/2013/11/sete-dias-sem-fim.html