Vânia 09/07/2009
Creio logo existo (?)
Pergunta complexa a do título do livro. As pessoas sempre creem em algo ou em alguém. Os temas sugeridos pelos autores são exatamente os mais polêmicos. Daqueles os quais normalmente dizemos: "não se discute sobre política, religião e time de futebol".
Há uma verdadeira salada de debates: morte, vida, aborto, celibato, nazismo, holocausto, fé e a falta dela. Grandes autores são citados para validar as opiniões: Tomás de Aquino, Kant, Santo Agostinho...
O que se espera de uma troca de cartas entre um cardeal (cristão) e outro que apesar de ter sido educado em escolas católicas, há muito se desviou de segui-la (laico)?
Por incrível que pareça, a troca de cartas e seus assuntos são um delicioso passeio por pensamentos de cultura.
Pra mim a melhor carta foi a 5ª, escrita por Umberto Eco.
Quase ao final, o livro sofre uma interferência de outros 6 escritores tentando explicar uma série de questões levantadas entre os dois amigos. Não havia necessidade. Com isso o livro perdeu um pouco de seu ritmo.
Mas a pergunta prossegue: em que creem os que não creem? Bem... se não houver mais nada a crer, como bem diz Carlo M. Martini,"Ao menos é preciso acreditar na vida, em uma promessa de vida para os jovens, a quem não é estranho ver enganados por uma cultura que lhes convida, sob o pretexto da liberdade, a toda experiência, com o risco de que tudo conclua em derrota, desespero, morte, dor."