spoiler visualizarLois 01/10/2018
Eita, James.
Vi que muitas pessoas não gostaram dos personagens, mas honestamente eu gostei do Mark. Acho que outros erros ao longo do livro acabaram estragando um pouco a experiência com esse personagem, mas ele em si, foi bem construído. Assim como a relação entre ele e o Alec. Me senti bem mais próxima dele do que do Thomas nos outros livros, por exemplo. Agora, os outros personagens foram mostrados muito superficialmente. O relacionamento entre o Mark e a Trina, por exemplo, não me causou empatia alguma, ou sequer algum outro sentimento.
Agora, sobre as cenas de luta: que exagero! Algo que era extremamente estimulante nos dois primeiros livros, beirou o desnecessário aqui. Tantas cenas de luta em sequência, em uma situação tão precária quanto a que eles se encontravam, e ainda por cima, a forma como as lutas aconteciam, não se tornou nada realista. Além de ter se tornado irreal, se tornou cansativo, justamente por haver tantas repetições desnecessárias. A violência mostrada nesse livro foi maior do que nos anteriores, gostei do fato que o James não teve receio em expor cenas e detalhes, MAS torno a dizer, o negócio ficou repetitivo e chato. E por mencionar repetições, me incomodou o fato de que muitas frases foram repetidas, muitas coisas óbvias foram mencionadas exaustivamente sem necessidade alguma. Toda essa repetição me irritou várias vezes.
Conhecer o Mark e o que todos eles passaram antes de chegar até ali através dos sonhos foi uma boa ideia. Se tornou algo natural e eram as melhores partes do livro. Justamente porque não havia a repetição desnecessária que acontecia no presente.
Mostrar como foi a disseminação do Fulgor, como aconteceu o desastre do Sol, como as pessoas conseguiram sobreviver (ou não) após isso, mostrar como se iniciou o caos após um desastre como esse e como os seres humanos reagiram à isso parecia uma ideia excelente. Já que não sabíamos exatamente como havia se desencadeado o desastre do Sol e a disseminação do vírus, MAS, o que era uma ideia excelente se tornou decepcionante na realidade.
E é por isso que eu cheguei a conclusão que esse livro poderia ter sido melhor aproveitado (na minha visão) se ele tivesse sido lançado antes da "Cura Mortal" e a "Cura Mortal" partisse do princípio deste. Aí talvez o James não teria acabado com a trilogia lamentavelmente com aquele péssimo livro. Porque sendo como foi, esse livro acabou me parecendo algo feito pra somente preencher espaço (e ganhar dinheiro) do que algo que realmente deveria ser contado. As coisas simplesmente continuavam acontecendo e acontecendo e no fim das contas parecia não ter sentido nenhum. Eu tive a sensação de que o James tinha um início e um fim e o que aconteceu no meio foi só pra preencher o livro porque faltou tudo no meio da história.
Tanta coisa por trás dessa história poderia ser contada! E apesar de tudo, eu tenho carinho demais por essa distopia. Ainda acho a premissa e toda a ideia entorno dela muito boa; exatamente pelo o que eu falei ali em cima, por poder ter essa visão de que mesmo quando o mundo está um caos, mesmo depois de tudo de ruim ter assolado o mundo em que vivemos, os humanos continuam extremamente egoístas, ao ponto de aniquilar uns aos outros, ao ponto de soltar um vírus como esse nos sobreviventes. E a ideia desse vírus da "loucura" foi excepcional. Ao invés de criar um tipo de vírus que ataca apenas o físico. Afinal, a loucura não é um dos piores pesadelos? Perder a sanidade não lhe parece às vezes mais terrível do que algumas outras doenças físicas?
Por isso acredito que se fosse contado de outra forma, e antes da "Cura Mortal" tudo isso teria sido mais surpreendente, até porque já sabemos através do livro anterior que o vírus foi solto intencionalmente, então acaba não tendo existindo muita surpresa por aqui. Por isso também a ideia do controle populacional através do Fulgor teria feito mais sentido se contado antes, se esclarecido antes. Coisas foram ocultadas por tempo desnecessário e quando finalmente reveladas, foram apresentadas nas horas erradas. E um "erro sequencial" pode destruir uma ótima história. Essa saga é o exemplo disso.
Achei melhor que a "Cura Mortal", mas por todas as questões apontadas acima, pra mim, ainda dói, haha.
"Se ele soubesse o que viria depois, será que teria lutado tanto pra sobreviver?"
Se todos nós soubéssemos todas as batalhas que enfrentaríamos no dia-a-dia e soubéssemos como seria o nosso fim, será que nos daríamos o trabalho de fazer tudo o que fazemos e nos importar com tudo o que nos importamos? É uma comparação pobre, é claro, considerando que ele está enfrentando um pós-apocalipse, mas ainda assim, o pensamento é bastante válido. Já que no fim das contas, ele não sobreviveu, mas contribuiu de alguma forma. E todos nós também, mas cada um de um jeito diferente.
Nota: 3.0