A fantástica vida breve de Oscar Wao

A fantástica vida breve de Oscar Wao Junot Díaz




Resenhas - A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao


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regifreitas 22/03/2020

A FANTÁSTICA VIDA BREVE DE OSCAR WAO (The brief wondrous life of Oscar Wao, 2007), de Junot Díaz; tradução Flávia Anderson.

Após a conclusão de A FESTA DO BODE, no mês passado, fiquei bastante curioso em conhecer um pouco mais sobre a República Dominicana. Então lembrei deste livro, esperando na estante aqui de casa já há quase dois anos, e que, segundo a sinopse, também fazia referência àquele país.

Ganhador do Prêmio Pulitzer em 2008, o enredo retrata as desventuras de Oscar, o personagem-título, um nerd dominicano, “terrivelmente obeso” e negro. Atualmente morando em Nova Jersey, ele é obcecado em escrever histórias fantásticas e de ficção científica, bem como em encontrar um grande amor. Mas a vida de Oscar e de sua família é cercada de eventos trágicos, os quais, segundo o jovem, seriam frutos do “fukú”, uma antiga crendice dominicana, uma espécie de maldição.

Em paralelo à estória de Oscar, acompanhamos as de outros personagens. Sua mãe e seu avô paterno, por exemplo, que tiveram suas vidas intimamente ligadas à era Trujillo - o ditador que governou a República Dominicana de 1930 a 1961. Aliás, essas partes acabam sendo bem mais fascinantes do que a estória do próprio Oscar. Também foi muito curioso acompanhar muitos dos eventos citados por Vargas Llosa, em A FESTA DO BODE, mas agora vistos de uma outra perspectiva.

Junot Díaz abusa da linguagem coloquial e das notas de rodapé para entregar um romance que, além de ser repleto de referências à nerdice e à cultura pop, mescla ficção e realidade, com muito humor e originalidade. É uma obra divertida, sem, contudo, deixar de apresentar toques agridoces pelo caminho, e um travo amargo, quando trata dos efeitos da ditadura na vida de uma família.

Leitura do mês de março para o Desafio Livros & Sabores: República Dominicana.

Acompanhe o Desafio em: http://www.vialittera.blogspot.com
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Paulo Sousa 10/02/2020

o fukú de oscar wao
Lista #1001livros ?
Título lido: A fantástica vida breve de Oscar Wao
Título original: The briefe wondrous life of Oscar Wao
Autor: Junot Díaz
Tradução: Flávia Anderson
Lançamento: 2007
Esta edição: 2009
Editora: Record
Páginas: 336
Classificação: 4/5
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"fora apenas por causa do amor dela que ele fizera o que havia feito, algo que os dois não poderiam mais impedir, contou-lhes que se eles o matassem, muito provavelmente não sentiriam nada, tal como os seus filhos, até estes estarem velhos e fracos e prestes a ser atropelados por um carro; daí, sentiriam a presença de oscar, que os estaria esperando no além, e lá, ele não seria um gordo nerd, nunca amado por uma mulher, mas sim um herói, um vingador? (pag 319).
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a lista ?1001 livros para ler antes de morrer? definitivamente não decepciona: com algumas exceções, como as páginas exageradamente dedicadas aos romances de hemingway, de quem li alguns livros e, à exceção de ?paris é uma festa?, detestei, tenho tido momentos de enlevo com os títulos que vou descobrindo.
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este ?a fantástica vida breve de oscar wao?, é prova desses felizes encontros, romance do escritor dominicano junot díaz, é uma obra-prima em vários sentidos. consegue fazer o leitor transitar facilmente por várias e diversas emoções que vão desde o riso, o espanto e a tristeza. narrador por yunior, americano também de origem dominicana, conta a história de oscar de león e sua família, a cujas gerações são marcadas por um tipo de maldição local, o fukú. oscar é o típico nerd fã de ficção científica, que sofre de obesidade, joga inveteradamente rpg, que nas horas vagas escreve romances onde aborda seus gostos excêntricos. desde bem jovem sonha encontrar uma namorada que o aceite e com quem quer perder sua virgindade, e é na verdade este o verdadeiro motivo de sua perdição.
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a família de oscar desde seu avô são atormentados pela sina do amor e da ruína. e em oscar esse canhestro e supersticioso destino parece se encerrar quando nosso personagem se apaixona por uma mulher da vida que aparentemente parece não nutrir o mesmo por ele.
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o livro, ganhador do pulitzer de 2008, tem uma veia cômica muito divertida, algumas gírias e expressões espanholas sob a voz de yunior, mas tanto encanta como também levam o leitor a se horrorizar com as atrocidades cometidas pelo nefasto tirano trujillo, que dominou a república dominicana com mão de ferro durante os anos 1930 a 1960, que deixou um saldo inimaginável de mortes a seu mando. essas referências históricas fazem do texto de díaz um livro deveras essencial, principalmente por conduzir o interesse do leitor, esse incansável conduzido a novas leituras, a um livro que aborda diretamente a história do fascínora dominicano, a saber ?festa do bode?, do grande escritor peruano mario vargas llosa. estava mesmo na hora de revisitar este ilustre mestre! a literatura é mesmo uma coisa assombrosa... segue o baile!
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Guilherme.Silva 06/01/2020

A saga social de um nerd dominicano
- A saga social de um nerd dominicano
- A maldição de sua família (fuku)
- Em segundo plano o autoritarismo de Trujillo
- Narrativa que mistura expressões culturais da República Dominicana e referências nerds.

- Irônico, crítico, inteligente.
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Racestari 05/11/2019

Comovente
O livro é uma fotografia do que foi a República Domenicana sob os auspícios de Trujillo, que Vargas Llosa tão bem contou em A Festa do Bode. Mas a história de Oscar Wao também é deliciosa e se cria uma empatia bem legal.
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Deghety 25/09/2019

Oscar Wao
Apesar do título ser objetivo, o livro envolve muito mais coisas , referentes a história ( da República Dominica), cultura pop e folclore dominicano.
A linguagem de Junot Díaz é jovem e contemporânea, e por vezes politicamente incorreto.
Oscar Wao vem de uma família praticamente concebida sob a sombra da tragédia. A historicidade contextual , em especial a ditadura de Trujillo, é um fator importante dessa tragicidade familiar.
Além da breve vida de Oscar Wao, o autor descreveu com bastante ênfase às histórias de outros personagens próximos ao protagonista. Algo que é suma importância para entendermos a complexidade do personagem e os porquês .
Costumamos nos irritar com personagens que agem de forma estúpida, mas no caso de Oscar a empatia reina por não se tratar de estupidez, e sim, inocência.
Oscar é muito influenciado pela ficção , cultura pop, é um nerd, tornando-o assim muito fantasioso .
O meio à qual foi criado também diz muito. Segundo o escritor, a sociedade dominicana, além do terror político ditatorial, era impregnada de xenofobia, bullying e tradições opressoras.
Traçando um panorama geral, o livro é muito bom, tanto no entretenimento, no conhecimento histórico e na exploração de determinadas personagens e suas personalidades.
Indico.
#desafioliterárioskoob2019
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Fabiana.Amorim 04/09/2019

Se rir no livro vai pro inferno :-)
Quer uma palavra sobre este livro? Maravilhoso. Mas tome outra: hilário. Mas não no sentido de humor imbecil. Aqui a gente ri do inusitado, do fracasso, do tropeço nos "tapetes das etiquetas" e das desgraças de umas vidas bem desgraçadas. A família dos León é "amaldiçoada " por um fukú, espécie de demônio na República Dominicana.

Cara... Só de falar na República Dominicana eu já me encho de orgulho literário. Estes escritores novos e incríveis nos fazem dar a volta ao mundo sem sair de casa.

Rir neste livro dá a sensação de estar pecando, mas quem resiste à confissão de humilhação e covardias? As virtudes não interessam nem a um padre, já dizia Nelson Rodrigues.

Ao começar a ler notei uma parecença de estilo com Garcia Marquez e Vargas Llosa.

Personagens inesquecíveis. Igualmente interessantes. Poderia até ter outro título, La inca e sua descendência.

Bom demais.
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Guilherme 20/11/2018

Vale a leitura, talvez.
Livro composto por pequenas biografias repetitivas e desgraçadas
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Vilamarc 19/11/2018

O melhor da vida...
A descrição desse livro é exata, mas se você esperar apenas isso, ficará na primeira parte.
Oscar Wao é um livro bem mais denso e complexo, a história não é só da personagem principal mas de toda a familia, que conhecemos no decorrer da leitura que fica melhor e mais emocionante a cada página.
O final pode não ser espetacular mas certamente lhe surpreenderá.
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Flavia Braga 16/11/2018

Maravilhosa leitura!!!
No início a leitura parece um pouco confusa, numa mistura de português com espanhol e gírias locais. Além de notas de radapé totalmente diferentes, tenho certeza que vc nunca leu nada igual kkkkk.

Oscar Wao um garoto tão doce, mas tão sofrido e ridicularizado. Tinha um comportamento tão comum entre os adolescentes, mas nem por isso escapou do bullying.

Oscar: um personagem de uma ficção que imita a vida.

Uma vida breve, mas com tantos ensinamentos que fica difícil de esquecer.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 15/07/2018

Fukú E Zafa
Em janeiro de 2015, um grupo de críticos norte-americanos nomeou o livro de Junot Díaz, "A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao", como o melhor romance publicado desde o início do século 21. Indubitavelmente, uma escolha que desperta curiosidade, especialmente, porque lançado no Brasil em 2009, pouca atenção recebeu da crítica e dos leitores.

Reunindo ficção científica e fantasia, a narrativa destila originalidade. Seu protagonista é Oscar Wao, um jovem descendente de dominicanos, nascido e criado em Paterson (New Jersey). Introvertido e obeso, virgem e pobre, ele é um nerd que foge de qualquer estereótipo. Rejeitado até mesmo pela comunidade caribenha, ele se considera um "E.T." disposto a ser um novo Tolkien, a fim de merecer algum respeito e atenção.

Para piorar a situação, ele acredita que sua família é mais uma vítima de uma maldição (Fukú) que teve origem nos navios negreiros vindos da África, fruto da própria escravidão. Inclusive, ela é a principal responsável pelo seus constantes fracassos amorosos e com uma vida breve (como sugere o título do romance), ele terá que correr contra o tempo para encontrar uma Zafa (contra-feitiço) que lhe permita encontrar um grande amor.

Em paralelo, o livro também apresenta a saga de mais três personagens. O primeiro relato é de Lola, sua irmã, uma jovem de temperamento belicoso e independente. Em seguida, surge a mãe, Belicia, uma mulher doente que luta com dificuldade para manter os filhos. Finalmente, é a vez de Abelard Cabral, o avô de Oscar, um médico rico e respeitável que caiu em desgraça ao desafiar as ordens do ditador Rafael Trujillo que governou com mão de ferro e extrema crueldade a República Dominicana de 1930 a 1962.

Um ponto importante para a compreensão da história, são as notas de rodapé. Com letras miúdas, elas não devem ser deixadas para trás, a medida que revelam fatos que redimensionam a leitura. Um bom exemplo é história da República Dominicana desde sua formação até o final do "Truijilatto" assim como as inúmeras superstições dos povos da região.

A maior parte do romance é apresentado por um narrador onisciente que demora a ser revelado. Trata-se de Yunior de Las Casas, um colega de faculdade de Oscar que também namorou Lola. Curiosamente, ele também aparece em outras narrativas de Díaz e é considerado seu alter ego, a personagem que o autor escolheu para abordar temas intrinsicamente ligados a sua própria realidade como a diáspora dominicana e a questão identitária das minorias raciais nos Estados Unidos.

Finalmente, o romance exibe uma escrita sedutora, viciante e indisciplinada. Repleta de gírias, palavrões, termos em espanhol ou em dialeto caribenho, ela também menciona trechos de inúmeros livros que vão do "Senhor dos Anéis" até "Duna" de Frank Herbert. Trata-se de miscelânea de sons, gêneros e culturas que me fisgou de imediato, mas que mereceria um glossário, pois confesso que foi difícil encontrar o significado de algumas palavras.

"Não importa o que você acredita, o Fukú acredita em você."
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Rodrigo1001 05/05/2018

Fantástica lista breve de impressões (SEM SPOILER)
1: Antes de mais nada, imagino que você esteja querendo uma sinopse vaga do livro, certo? Então, vamos lá: Oscar Wao pode ser considerado como uma epopeia familiar. Oscar faz parte da família De León, marcada por diversas tragédias entre seus pares, as quais vão sendo reveladas ao longo do livro;

2: A obra é essencialmente baseada em dois países, EUA e República Dominicana, com foco neste último. Com ele, aprendi que a República Dominicana teve um ditador mais ou quase tão sangrento quanto aquele austríaco de bigode que apareceu na Alemana, com direito a campos de concentração, genocídio e todos os demais horrores associados;

3: Com um único narrador, o autor cria uma aura de conversa com o leitor. Me chamem de louco, mas, o narrador, no melhor estilo anti-herói, parecia estar contando a história diretamente pra mim. Com linguagem informal e mesclando português e espanhol, a conversa vai se aprofundando mais e mais, fisgando a gente como um peixinho. Se fosse conversa de mesa de bar, a saideira viria só com o raiar do sol;

4: O livro tem um forte aspecto político. O autor, que é dominicano, junta realidade e ficção e faz muitas críticas a ditadura que assolou o seu país. Com notas de rodapé gigantes, Junot Díaz ambientaliza o leitor e fala sobre a diáspora no seu país. Se você nunca esteve na República Dominicana, esse livro vai te levar até lá;

5: Conflitos e lutas inevitáveis dentro da família De León são persistentes ao longo de todo o livro. A irmã e a mãe de Oscar (Lola e Belícia, respectivamente) roubam a cena e praticamente relegam Oscar ao papel de coadjuvante. Se não fosse pelo final, eu rebatizaria a obra como A Fantástica Vida Breve de Belícia Cabral, já que a mãe, pelo menos pra mim, foi a personagem mais marcante. E bota marcante nisso... sua construção beira a perfeição!

6: Mas, o fim... Bom, ali eu entendi que o título deveria levar o nome de Oscar mesmo. Além de primorosamente bem escrito, o fim desnuda Oscar. Dá pena, dá raiva, dá desespero... é um pot-pourri de sentimentos. Não ficam pontas soltas e a gente termina com aquela sensação de querer ler de novo;

7: Se você é geek ou nerd, já pode ir procurando esse livro. A parte ficcional da história está recheada de elementos desse universo, com direito a citações de Jornada nas Estrelas, Quarteto Fantástico, Senhor dos Anéis, Duna, etc etc É um prato cheio;

8: Pra terminar, foi fácil identificar a razão pela qual o livro levou o Pulitzer de 2008 e tantos outros prêmios: é um livro realmente muito bom. Além de divertido, o texto é fluente. Não é linear, mas o leitor não se perde. Ele coloca a pulga da curiosidade atrás da nossa orelha, queremos saber o que aconteceu ao Oscar, queremos acompanhar a família dele quase ao ponto da obsessão. Outra coisa que eu gostei muito foram as pitadas de Garcia Márquez no estilo de escrita, uma aura que só os escritores latinos possuem. De fato, um livro que mereceu todo o destaque que conquistou.
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05/02/2018

É inacreditável, mas ainda tem gente que pensa que livro de ficção é bobagem e que não se aprende nada com essas “historinhas”. Pois livros como A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao provam que isso não poderia estar mais longe da verdade. E convenhamos, é muito mais divertido misturar acontecimentos históricos com uma “historinha” repleta de personagens fictícios.

O Oscar do título é um garoto obeso, nerd, pobre e para piorar tudo, virgem. Vive em New Jersey e é descendente de Dominicanos. Apesar de parecer que a história seria sobre ele, ela se estende ao resto da família passando por sua irmã, sua avó, seu avô, sua mãe e o que iremos descobrir mais tarde ser o narrador, seu ex-cunhado, Yunior.

Enquanto que com o Oscar a gente tem um vislumbre de como é a comunidade dominicana nos EUA nos dias atuais, com o avô a gente retrocede até a década de 1930 e acompanhamos a ascensão do ditador Rafael Trujillo. Assim como aconteceu com o Brasil e vários outros países latinos, a República Dominicana também passou por uma ditadura militar e intervenção americana, coisa que sinceramente, nem fazia ideia. Trujillo praticamente aniquilou a família de Oscar, tudo por causa de um capricho. Seu avô era um médico renomado e fazia parte de um círculo nobre da sociedade, no entanto, a partir do momento que começou a esconder a filha mais velha das patas asquerosas de Trujillo – que se interessou pela beleza estonteante da menina -, passou a ser perseguido. Perdeu todo o prestígio e afundou o resto da família junto. Sobrou só a filha mais nova, Beli, que viria a ser a mãe de Oscar. Os capítulos sobre ela são os meus favoritos.

Toda essa saga familiar é entrelaçada com uma superstição dominicana chamada Fukú e que parece estar impregnada na família de Oscar. Tem coisa mais latina do que acreditar em maldições?

Confesso que os primeiros capítulos sobre o Oscar me fizeram quase desistir da leitura. Quase. Por que depois começa a aparecer o resto da família e o livro vai crescendo em você pouco a pouco.

O livro conta com notas de rodapé pouco convencionais. Aliás, a escrita toda é pouco convencional. É uma mistureba só, com espanhol aparecendo no texto, dando mais naturalidade para a narrativa passando a impressão de que ele está te contando uma história sem filtro algum. E é entre uma coisa e outra que a gente vai aprendendo mais e mais sobre esse país. Eu, por exemplo, não sabia que a República Dominicana tinha uma rixa com o Haiti, país que faz fronteira com eles, e que inclusive teve um episódio bizarro conhecido como O Massacre de Perejil, um método de identificar e exterminar os haitianos do país. Consistia em mostrar uma folha de salsa - que em espanhol se chama perejil – e pedir para eles falarem o nome da folha em espanhol. Aqueles que não conseguissem pronunciar adequadamente eram fuzilados. O que ocorreu com frequência, já que o idioma oficial do Haiti é o francês e eles não conseguiam pronunciar o R como os dominicanos.

Se eu estava com vontade de abandonar no começo, no fim eu estava pensando seriamente em reler imediatamente para pegar tudo o que deixei passar. É um livro que com certeza se enriquecerá ainda mais nas releituras.
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Letícia 15/01/2018

A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao, escrito pelo dominicano naturalizado estadunidense Junot Díaz, foi muito aclamado pela crítica desde o seu lançamento em 2007, vencendo o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2008.

Com a morte de Oscar decretada no título do livro, ler sobre o personagem obeso, nerd e 100% virgem (nem um selinho o moço ganhou) me fez pensar que esta seria uma história sobre suicídio, na mesma linha de Os 13 Porquês, já que a narrativa se dá – à primeira vista – pela reconstrução da vida do rapaz até sua morte. Esse é e não é o formato da narrativa ao mesmo tempo… É difícil explicar, mas Oscar é o ponto central que motiva o surgimento das demais narrativas, mas a história não é apenas sobre ele, e sim sobre sua família, com foco nos períodos de 1930 a 1961 (a ditadura de Trujillo) e da Diáspora, o êxodo de dominicanos para o mundo em busca de uma vida melhor. A família de Oscar procura refúgio nos Estados Unidos, assim como muitas – MUITAS – outras.

No início, conhecemos a realidade da família no país desenvolvido e tudo o que se refere à República Dominicana são histórias, realidades e pessoas repletas de violência, machismo e sexo. Às vezes esses elementos se misturam. Essa tríade parece descrever os valores do típico homem dominicano: pegador, violento e infiel. Esteriótipo do qual Oscar não chega nem perto. Oscar é um nerd inveterado que almeja tornar-se o Tolkien dominicano, de modo que a história é recheada de citações e referências à cultura nerd.

A família de Oscar, os De León, são compostos pela mãe, Belicia, e a irmã mais velha, Lola, nos Estados Unidos, e La Inca, a mulher que adotou Belicia após as tragédias que aconteceram quando era garota, que ainda vive na República Dominicana – além de alguns outros tios e primos menos importantes.

Como a língua oficial da República Dominicana é o espanhol, eu não sei se foi uma falha da minha edição em ebook, mas muitas expressões no texto não estavam traduzidas. Eu entendo que por vezes o autor faça isso de propósito quando a história se passa em dois locais com língua nativa distinta, mas as palavras não eram restritas aos diálogos e a presença de expressões locais deixavam algumas lacunas no texto, dificultando a compreensão em alguns trechos. Creio que o ideal seria criar algum tipo de glossário para consulta no final do livro, já que o narrador escreve suas próprias observações no rodapé no decorrer do texto – o que poderia gerar ainda mais confusão.

O narrador foi outro objeto de confusão na história. Boa parte da narrativa é fragmentada, mostrando partes da vida de alguns personagens importantes do ponto de vista de uma terceira pessoa, que dá a entender que estava tentando reconstruir a vida de Oscar. Acontece que o personagem que está escrevendo o livro só aparece na metade da história (ou um pouco depois), então em boa parte do tempo é confuso saber do ponto de vista de quem aquela história está sendo analisada, principalmente porque esse autor é muito presente na história, expressando com frequência a sua opinião (por vezes eu pensava que eram observações do próprio Junot Díaz, não de um personagem, embora, é claro, não possamos descartar a possibilidade de que ele estivesse apenas usando um disfarce para algumas críticas ácidas). Assim, é difícil saber a quem atribuir certas características percebidas pelos comentários, nos quais o desprezo pelos europeus é acentuado e palavras de baixo calão são amplamente utilizadas.

Para Oscar, as desgraças de sua vida são fruto de um tipo de maldição conhecida popularmente por fukú, que atingiu sua família na geração de seu avô, durante a ditadura de Trujillo, El Jefe. Não há palavras para descrever essa ditadura em sua totalidade, tamanho o terror provocado e a brutalidade do tirano. O sentimento de medo era tão forte, que associaram o próprio fukú ao homem!

Bom, no final das contas este não é um livro sobre suicídio. Eu não contei muito sobre a história em si porque eu não quis me aprofundar demais nas tragédias da família e alongar demais o texto, em vez disso, eu preferi comentar algumas impressões que tive sobre esta história de solidão, sofrimento e amor, muito crítica com o subdesenvolvimento da República Dominicana. Além disso, passeamos pela história do país desde o início do século XX, conhecendo um pouco sobre a realidade do local. Mas sabe aquele livro que você achou muito bom e ruim ao mesmo tempo? Pois é. Esse tipo de antagonismo me perseguiu durante toda a escrita deste texto e todas as minhas reflexões sobre a história. É um livro muito bom, mas eu achei a escrita um pouco confusa, o que pode ser explicado pela tradução ou por eu ter lido rápido demais.

Esse livro faz parte do desafio Livros Pelo Mundo, onde todos os livros lidos são registrados no blog do link. Dá uma olhadinha lá ;)

site: https://desafiolivrospelomundo.wordpress.com/2018/01/16/a-fantastica-vida-breve-de-oscar-wao/
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Núbia Esther 10/11/2017

Confesso que foram as pretensões literárias de Oscar Wao que me fizeram querer ler sua história. O garoto sonhava em ser o Tolkien latino! É assim que Junot Díaz nos vende sua história. A história de um garoto de origem dominicana, obeso, nerd e tímido, com múltiplos interesses, mas nenhum deles apreciados pelos garotos legais ou pelas garotas. Oscar também se apaixona facilmente, mas a maldição, ou melhor, o fukú que ronda sua família, parece não reservar finais felizes para o garoto. Muito menos para os outros membros de sua família e é aqui que o verdadeiro teor da história de Díaz vai se revelando…

“Seja lá de onde viesse e como fosse chamado, comenta-se que a chegada dos europeus à Hispaniola desencadeou o fukú no mundo e, desde então, estamos todos na merda.

(…)

Como vocês já devem ter adivinhado a essa altura, também tenho uma história de fukú. Bem que eu queria dizer que a minha é a melhor de todas – a maior das maldições –, só que não é esse o caso. Não se trata da mais óbvia e aterradora, tampouco da mais comovente e deslumbrante.

É apenas a que apertou o meu pescoço.” (Páginas 11 e 15)

Enquanto ele nos apresenta Oscar, sua irmã Lola, sua mãe Belicia e a avó La Inca e até mesmo se coloca como personagem narrador nesta história, ele vai introduzindo aqui e ali alguns temas mais sérios como a ditadura de Trujillo na República Dominicana, as ocupações norte-americanas no país, a situação dos migrantes latinos que ousaram (ou se viram necessitados) de ir em busca do sonho americano, relacionamentos abusivos, violência contra mulheres, bullying, depressão e suicídio; enquanto mergulha na história da República Dominicana e da família Cabral, sobrando até mesmo espaço para o fantástico ocasionalmente encontrar a realidade.

Indo e voltando no tempo ele retraça toda a vida dos Cabral e mostra como o fukú influenciou a vida desta família durante um dos momentos históricos mais cruéis da República Dominicana. O título do livro é sobre Oscar, a sinopse é sobre Oscar, mas no final das contas a história é sobre o fukú que se abateu sobre as três gerações dos Cabral. É ruim por causa disso? Não. Mas, apesar do título ser interessante, ele vende uma história que na realidade não é, a não ser é claro por malfadadamente acertar na brevidade da vida de Oscar. Contudo, apesar do sentimento de ter sido enganada, acompanhar as histórias dos Cabral ao longo de três gerações foi um exercício triste (a história deles está repleta de desgraças), mas rico em informações sobre a República Dominicana. Todo o desvario político e inescrupuloso de Trujillo, passando pela diáspora rumo aos Estados Unidos, a queda do facínora e a subsistência de muitos de seus correligionários. Além de toda a cultura e crenças do povo dominicano. Para garantir que o leitor tivesse todas as informações essenciais sobre eventos históricos e personalidades dominicanas, Díaz optou por fazer uso de notas de rodapé. Com um humor ácido e fatos realmente interessantes, elas não são nem um pouco enfadonhas e trouxeram informações que tornaram a experiência de leitura muito melhor.

Por a história partir de Oscar e terminar com ele, a narrativa empregada por Junot ressoa as nerdices do rapaz. E, se por um lado isso tornou o texto deveras leve em meio a tanta tragédia, por outro foi um recurso perigoso, pois limitou o livro à um determinado público, ao menos será apenas esse público que entenderá as referências e captará como elas se entrelaçam à trama. Mesmo reconhecendo a maior parte delas, tive dificuldade em uma ou outra. Oscar também não é um protagonista muito empático. Apesar de toda a inteligência, o pendor de Oscar pelos enamoramentos fulminantes e a incrível cabeça dura, o transformam em um rapaz irascível. Daqueles que percebem que está indo de encontro a um trem-bala, mas nem liga. Não dá para sentir empatia por alguém assim. Então, o fato de tantos outros personagens terem tido seu protagonismo em algum momento da história foi o que acabou contribuindo para tornar o livro muito mais interessante. La Inca e seu comprometimento com sua família e Lola e o amor abnegado pelo irmão e a veia rebelde que não lhe deixa levar desaforo para casa, foram personagens realmente cativantes. No fim das contas ter sido enganada pela embalagem acabou tendo as suas vantagens.

Se você quer conhecer um pouco mais sobre a República Dominicana, seu povo e sua história, Junot Díaz garante uma boa viagem de apresentação, mas parta avisado de que se a cultura pop não for o seu forte, você poderá perder parte do alívio cômico inserido por Junot, e todo alívio cômico é muito importante quando estamos falando de fukú, principalmente se for o fukú dos Cabral.

[Blablabla Aleatório]

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