A fantástica vida breve de Oscar Wao

A fantástica vida breve de Oscar Wao Junot Díaz




Resenhas - A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao


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Luiz Pereira Júnior 29/06/2017

Literatura contemporânea apenas?
Não, já é a resposta para a pergunta retórica do título. Sim, o livro é muito agradável de ler; sim, o livro possui diversas referências do universo pop; sim, o livro apresenta uma extrema e profunda crítica social; sim, o livro parece ser uma mistureba (boa) de estilos de diversos autores; sim, o autor possui sua própria e única voz; sim, o livro merece ser lido. Razões para isso não faltam? Que tal começar pelas citadas acima?
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Julio.Argibay 28/04/2017

A fantástica breve vida
Que livro fantástico! Eh um dos meus prediletos. A estória se mistura entre realidade e a ficção. E eh ambientada nos EUA e na República Dominicana. E tome lição de história sobre a pior ditadura do hemisferio ocidental, com o caudilho Trujillo. Algum tempo depois surge o Oscar, um personagem inesquecível, os outros componentes dá familia, também, são otimos. Haja emoção, brigas, amor. Imperdível.
Racestari 05/11/2019minha estante
Também achei o livro fantástico!




Elaine.Barea 07/04/2017

Vale a leitura
Livro comovente, engraçado e muito bem escrito.
Racestari 05/11/2019minha estante
Livro delicioso!


Elaine.Barea 12/11/2022minha estante
Engraçado e triste. Pesado e divertido. Um livro bem escrito com situações impossíveis de se imaginar. Gostei !




Débora 10/11/2016

Interessante
A história, como diz o título, aborda a vida breve do Oscar Wao, que é um nerd que nunca conseguiu se encaixar. Mas ela também é mais do que isso, ela é a história da sua família e do país dos seus pais (a República Dominicana). Os personagens são multidimensionais e representam o racismo, o machismo, a violência, a espiritualidade da sociedade dominicana. A escrita do Junot Díaz é bem original, mas eu não gostei muito dela. Além disso eu achei o narrador, que também é um dos personagens da história, muito irritante e estereotipado.
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Leituras do Sam 06/07/2016

Toda vida é fantástica?
Que importância tem uma vida breve e anônima?
Com essa pergunta bem instigante Junot Diaz nos leva a viajar pela saga da família De León e nos apresenta a fantástica vida breve de Oscar Wao (o título é ótimo e é quase sarcástico) oscar wao é um rapaz dominicano, gordo, negro, nerd, cujo seu maior desejo é beijar e perder a virgindade (quem nunca? rsrsrsrs) mas, tudo indica que ele carrega uma maldição que está sobre sua família a gerações.
O livro é engraçado, cheio de referência ao "mundo nerd" e ao mesmo tempo é um retrato do quanto a vida pode ser cruel.
Vale a leitura com calma.
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Leonardo 18/02/2016

Um bom livro, mas não é genial
Sou daqueles que gostam de listas e sei que não estou sozinho neste mundo. Por mais que saiba que listas de melhores isso ou aquilo sempre serão subjetivas, não resisto e me vejo muitas vezes pesquisando “melhores ..... da década” ou, para universalizar mais a busca, “best ... of all time”, “best ... of 2016 so far” e assim por diante.
Na maioria dos casos, os pontinhos são substituídos por “novels”, “jazz albums”, “movies”, “short stories” e vários subtipos. E lá vou eu explorando as listas e concordando aqui, discordando ali e, principalmente, criando, aos poucos, o meu cânone imaginário, aquela relação de livros/filmes/músicas que quero ler/ver/ouvir.
Como o assunto no momento são os livros, atenho-me a eles. Puxando da memória, lembro rapidamente de pelo menos cinco livros que eu nem tenho (com exceção desta ora resenhado), mas que fico só pensando em quando poderei ler:
- A fantástica vida breve de Oscar Wao – Junot Díaz
- As Incríveis Aventuras de Kavalier e Clay – Michael Chabon (esgotado em todos os fornecedores, difícil demais de encontrar)
- Submundo – Don DeLillo
- Dentes brancos – Zadie Smith
- A visita cruel do tempo – Jennifer Egan
Como falei, estes são apenas cinco livros que lembrei rapidamente, mas há muitos, muitos outros. Eventualmente resgato um destes livros do limbo canônico em que os coloquei e passo então à difícil e prazerosa tarefa de confrontar a expectativa que criei com a real impressão que eu tive com a leitura.
E esse tipo de busca já me rendeu resultados muito interessantes. Foi por meio deste método que descobri Cormac McCarthy, um dos favoritos na lista de Harold Bloom no seu Como e por que ler?
Mesma coisa em relação a Lolita, Matadouro 5, Faulkner, Philip Roth, Nathanael West, 2666 e tantos outros que sempre estão presentes em listas de melhores livros de todos os tempos e coisa que o valha.
Por que toda essa longa introdução para falar de A fantástica vida breve de Oscar Wao?
Ora, porque este era um dos livros mais bem posicionados no meu cânone imaginário, por figurar em várias listas de melhores livros da década. Para citar brevemente, o livro de Junot Díaz figura num top 10 dos anos 2000 da revista Time e a BBC fez uma lista dos doze melhores livros do século XXI e adivinhe quem está em primeiro lugar?
Além disso, para mostrar o pedigree do livro, A fantástica vida breve de Oscar Wao arrebatou simplesmente o National Book Critics Circle Award e o Pulitzer de Ficção em 2008, além de vários outros prêmios pelo mundo.
É ou não é de impressionar?
Que história o livro conta?
O que eu sabia antes de ler o livro é que, como esperado, “A fantástica vida breve de Oscar Wao” conta a fantástica história de Oscar Wao. Ele é um jovem dominicano gordo, completamente nerd, apaixonado por RPG, mangás, animes, histórias de ficção científica e... bem, creio que você saiba bem o que significa ser um verdadeiro nerd. Mas não é só isso. Oscar Wao é completamente sem jeito com as mulheres, uma verdadeira negação e, para piorar o cenário, ele é simplesmente louco pelo sexo feminino. Vive se apaixonando e, claro, não sendo correspondido. Sua situação é tão desesperadora que ele se convence de que as histórias antigas que contam a respeito da sua família são reais: ele é mais uma vítima do Fuku, uma espécie de maldição própria da República Dominicana que leva muito azar para quem dela for vítima.
A história de um nerd azarado com as mulheres e que acredita ser vítima de uma maldição? E esse livro ainda ganha o Pulitzer de Ficção e é selecionado em várias listas de melhores livros da década? Minha expectativa em torno dele estava elevadíssima, o que é SEMPRE, SEMPRE um grande erro. Pode anotar isso aí, por favor.
Li muito rapidamente A fantástica vida breve de Oscar Wao. A prosa de Junot Díaz é provavelmente o principal motivo do sucesso do livro. O narrador, que mais tarde se revela um dos personagens da história, é irreverente, brinca o tempo todo com gírias, mistura termos em inglês com termos em espanhol, insere o tempo todo piadinhas nerds, como por exemplo quando alguém sofre um acidente e ele quer dizer que foi muito grave, diz que fulano sofreu 18d de dano. Se você não entende essa gracinha, esse não é um livro pra você.
Ao mesmo tempo em que a narrativa é um dos grandes chamarizes do livro, para mim acabou sendo um dos dois pontos que reputo como sendo frágeis, e que fizeram com que eu considerasse o livro apenas “ok”, quem sabe faltando 100 de xp para chegar ao próximo nível.
O primeiro ponto, que ainda não tem a ver com o estilo da narrativa, é que o livro não é exatamente sobre Oscar Wao, mas sobre a família de Oscar Wao. Acompanhamos histórias de três gerações dos Cabral, uma maneira de o autor demonstrar como o Fuku, a tal maldição, antes de chegar até o jovem protagonista causou estragos em toda a sua família. Os capítulos são intercalados: ora acompanhamos o avô de Oscar Wao e sua tragédia pessoal ao se deparar com Trujillo, ditador dominicano descrito pelo livro como um dos homens mais perversos que já existiram; ora acompanhamos a história da mãe de Oscar, Belicia Cabral, que também passou por muitos percalços durante sua vida; por fim, acompanhamos as histórias de Oscar e de sua irmã, Lola.
O título do livro fala da vida breve de Oscar Wao, e este título é meio enganador, já que o livro dá muita atenção não só à história do avô e da mãe de Oscar, como à história de Lola, sua irmã. Claro que isto não é um problema do livro, mas acabou sendo uma pequena decepção para mim porque eu esperava uma coisa e encontrei outra.
Quanto ao segundo ponto, considerando a premissa do livro, eu esperava uma história divertida. Acontece que a NARRATIVA é, de fato, muito divertida, muito bem humorada, mas a HISTÓRIA de Oscar Wao e de sua família não tem nada de divertido; pelo contrário, é uma tragédia, uma sucessão de grandes tragédias. O Fuku é cruel demais.
O problema, pra mim, foi a incoerência entre a narrativa divertida e a história pesada, que envolve tortura, morte, abandono, estupro e tantas outras situações negativas.
Eu já tinha visto isso antes, e enquanto lia, lembrava-me de três livros:
- O Pintassilgo, que tem uma narrativa não tão irreverente, mas que me pareceu ser leve demais, descontraída demais para o tema barra pesada que o livro aborda. No livro de Junot Díaz esta sensação foi ainda mais forte;
- Jaime Bunda, livro de Pepetela, um dos livros mais divertidos que já li na vida. A narrativa é fantástica, com direito até ao autor “demitir” e substituir o narrador no meio do livro por considera-lo relapso com a narrativa. Apesar de haver situações graves na história (denúncia da cultura do estupro, pobreza, corrupção), o tempo todo fica claro que o livro vai andar na linha do humor. Pepetela acerta na mosca, na minha opinião;
- Matadouro 5. O narrador aqui usa de um humor desesperado, insano, inquietante para denunciar algumas das maiores tragédias da história da humanidade. Kurt Vonnegut consegue um feito dificílimo ao acertar o tom, porque o riso que se segue às suas piadas é nervoso, culpado.
Na minha opinião, Junot Díaz deveria ter escolhido entre o caminho de Pepetela e o de Vonnegut: ou não se levar a sério, ou ser insano em seu humor. Ele não conseguiu o equilíbrio, e você se vê rindo de uma piada quase inocente num momento para em seguida se deparar com a descrição de uma tortura ou uma tentativa de suicídio que nada (obviamente) tem de engraçada.
Há ainda um terceiro ponto, um bônus, no quesito não achar o livro genial como insistem em rotulá-lo: sim, a vida de Oscar Wao foi breve; não, não vi nada de fantástica nela.
É um drama, uma história sofrida, especialmente quando somada à história da sua família, mas efetivamente não há nada de fantástico, de maravilhoso, de espetacular. Talvez se o título não fosse tão enviesado e se não houvesse tanto hype em torno deste livro eu tivesse gostado mais.
Ao final da leitura, eu me perguntava: por que este livro arrebatou tantos prêmios e é tão exaltado assim?
A única resposta razoável na qual consegui pensar foi formulada a partir de algumas informações:
- Segundo autor latino americano a vencer o prêmio Pulitzer de ficção;
- História com gosto exótico, já que boa parte dela se passa numa República Dominicana de décadas atrás, cheias de pobreza, superstições, cultura estranha aos padrões americanos;
- A força motriz das tragédias que ocorreram na família de Oscar Wao tem nome: Rafael Trujillo, ditador sanguinário apoiado historicamente pelos EUA. Creio que rola um sentimento de culpa aí;
- O nerd Oscar Wao acaba fugindo para os EUA e tudo que ele idolatra, a base e o caldo da cultura nerd são americanos.
Pra mim, enfim, A fantástica vida breve de Oscar Wao acabou sendo beneficiado, mesmo que não intencionalmente, pelas questões políticas e sociais que o cercam. É como se, grosseiramente falando, a comissão do Pulitzer tivesse achado que estava na hora de um autor latino americano ganhar...
Sinceramente: não dá para entender como tantos críticos podem dizer que A fantástica vida breve de Oscar Wao seja melhor que livros como Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro (2005), Reparação, de Ian McEwan (2001), A estrada, de Cormac McCarthy (2006), 2666, de Roberto Bolaño (2004), Onde os velhos não têm vez, de Cormac McCarthy (2005), apenas para citar livros que eu li.
Mas essa é minha lista, e lista é questão de gosto, afinal de contas.
Não se deixe frustrar por meus comentários decepcionados: apesar de eu não achar A fantástica vida breve de Oscar Wao um livro genial, ainda assim ele é um livro bom. Tem suas limitações, mas eu certamente não perdi meu tempo lendo.
Arrisque-se e me convença de que estou errado, de que é realmente o melhor livro da década. Aguardo ansioso pelos seus argumentos. De verdade.


site: http://catalisecritica.wordpress.com
Machado 26/10/2016minha estante
To querendo começar a ler esse livro, venho adiando a anos a leitura, gostei da sua resenha, dissolveu minhas expectativas, e talvez seja melhor assim..


Evelin.Pinheiro 21/04/2019minha estante
Queria ter lido sua resenha antes de comprar/ler esse livro. Não entendo as pessoas que deram 5 estrelas,V pra mim são 2 ou 3. Você falou tudo que eu pensei, e eu também li porque o achei em uma lista de ganhadores do Pulitzer. Achei decepcionante e foi um suplício ler até o final. A sua resenha sim pode ser chamada de fantástica, parabéns.




jota 15/06/2014

Nerdices e outras esquisitices
Não me julgo nada nerd, pelo contrário, então não li quase nada do que Oscar Wao leu, daí que desconheço a maioria dos personagens que habitavam seu dia a dia. Tampouco vi os filmes por ele cultuados - exceto O Planeta dos Macacos -, e penso que jamais ouvi alguma das canções que ele ouvia, etc.

Mas isso não tem nenhuma importância: não tive como não ficar amarrado nesta história original e fantástica, ganhadora do Pulitzer de ficção de 2008, que o New York Times descreveu como “(...) um encontro entre Mario Vargas Llosa, Jornada nas Estrelas e Kanye West.” E pode ser que seja isso mesmo, de fato.

Conhecia o talento literário do dominicano Junot Díaz dos contos de Afogado, seu ótimo livro de estreia, de vários anos antes, e ali já se percebia que ele aprontaria outras mais adiante. Dito e feito.

O nerd e gorducho Oscar Wao (um jeito próprio de dizer Oscar Wilde, acreditem) e seus parentes e amigos são todos personagens que levam vidas tumultuadas e ou curiosas nessa saga desenvolvida entre Santo Domingo (República Dominicana) e Nova Jersey (EUA).

A história se passa principalmente durante o reinado de terror que o ditador Rafael Trujillo (1891-1961) impôs à República Dominicana durante longos anos, cerca de três décadas, na verdade. De vez em quando - para que possamos entender certos fatos ou localizar pessoas - somos brindados com notas de rodapé enormes, que invariavelmente fazem lembrar as das obras do americano David Foster Wallace.

Apesar de tudo, desde o início até que a fantástica vida breve de Oscar Wao finalmente chegue ao fim, há muito pitacos bem-humorados e momentos de ternura distribuídos pelas trezentas e tantas páginas da obra.

Da mesma forma, se Junot carregas nas tintas da nerdice, volta e meia também temos pitadas de erudição e até mesmo Mario Vargas Llosa é citado a certa altura. E não apenas ele; há outros distinguidos igualmente famosos.

Concluo pensando estar certo de que nem todo mundo vai achar o livro assim tão sensacional como eu achei, claro. É bem possível que alguns leitores o achem tremendamente chato. Mas aí não vai dar para dizer que a força esteja com eles, né.

Lido entre 10 e 14/06/2014.
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Ulysses.Rubin 25/03/2014

Inesquecível
Que preciosidade!

Li A Fantástica Breve Vida de Oscar Wao há três ou quatro anos, mas lembro-me de muitas passagens. Recordo o primeiro pensamento que passou por minha cabeça quando o fechei: este livro é a cara do século XXI.

Nosso herói nasceu na República Dominicana, mas seu nome é referencial a um dos grandes nomes da literatura em lingua inglesa. Os elementos mais importantes para a contextualização da história (fuku, Trujillo) pertencem à cultura de seu país de origem, mas a interferência do protagonista sempre vem acompanhada de referências típicas da cultura popular norte-americana. Todo o livro é pontuado por essas dualidades, inerentes ao nosso tempo. É informativo e fantasioso, engraçado e triste, pop e erudito.

Oscar é um personagem fascinante, o mais azarado dos heróis. É impossível não torcer por ele. Há um momento de ambígua redenção, que me fez sorrir e lacrimejar ao mesmo tempo. Uma das muitas provas da complexidade e humanidade do trabalho de Junot Diaz.

Recomendadíssimo!
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Helder 09/08/2013

Um livro sobre quase nada
A vida de Oscar Wao foi mais breve do que eu imaginava. Há tempos tinha vontade de ler este livro, mas no fim não curti muito. A linguagem que devia ser moderna me cansou um pouco e percebi que nem sou tão nerd assim, pois entendi no máximo uns 60% de todas as citações do livro.
E sobre o que é este livro? Aliás, será que li somente um livro? Existem ali algumas estórias e acho que a que menos me conectou foi a do próprio Oscar. Em diversos momentos achei-o fracassado e asqueroso demais.
O que concluo após este leitura é que Junot Diaz quis dar um passo muito grande e eu não consegui acompanhar, ou melhor, não consegui me interessar muito.
Um dos “livros” quer contar as desventuras dos Dominicanos, desde a época de Trujillo até a herança herdada deste período cruel. São estórias ou histórias bem tristes, mas não me pareceram inéditas.
Gostei da estória de Beli e de seu pai doutor também, para mim as melhores partes do livro. Já Lola não me disse muito ao que veio , assim como Yunior, que deveria ser o alter ego do autor, mas para mim ficou meio perdido.
E de Oscar, que esperava um grande romance, onde ele vencesse seus traumas e conseguisse realizar seus sonhos, não tive nada.
Sendo assim, o saldo quase ficou negativo. Podia ter lido somente a ultima pagina.
Um livro sobre quase nada.

Não recomendo
Ladyce 02/01/2016minha estante
Ótima resenha, Helder. Melhor do que a que eu faria. Certamente muito mais generosa. Mais uma vez concordamos sobre o que lemos. Estou a meio caminho do final do livro e por duas vezes já ando tentada a deixá-lo de lado. Para mim, literatura deveria ser universal. Mas essa obra não é. Se você não está familiarizado com o mundo nerd, você sabe que está perdendo algo. Estou achando o ritmo sincopado bom, mas dispensaria com prazer as longas notas de rodapé. A linguagem cheia de gíria dominicana também pode em ocasiões se tornar um problema. Na minha opinião três estrelas são reflexo de sua generosidade. Mais uma vez tenho uns probleminhas com os agraciados pelo Pulitzer. Deve ser uma coisa de gosto mesmo. E olhe, que além de morar mais de 20 anos nos EUA, ainda sou casada com um Prof. de Literatura Americana, era para eu gostar dos premiados. Mas em geral gosto dos premiados na Grã-Bretanha. Tenho mais afinidade com eles...


Aline 09/01/2017minha estante
Gostei de várias passagens do livro, mas o conjunto da obra não me convenceu, tampouco chamou atenção. Acho que tive o mesmo sentimento que vc.




Antonio Celso 07/01/2013

Uma sensação incrível de humanidade. A firme percepção da escrita e leitura como instrumentos de resistência humana na passagem da brutalidade ao do esclarecimento. Acredito ser isto, ou um pouco disto, que senti ao termino do livro “A Fantástica vida breve de Oscar Wao” de Junot Díaz.
A certeza da escrita / leitura, em sua inerência ao Homem universal, imporem sentido ao processo civilizatório. E as duas, escrita e leitura, no interior da escola como fatores significativos do desenvolvimento dos homens indivíduos no interior deste legado. A certificação de o quanto é importante a literatura para aprofundamento do conhecimento na sociedade moderna. A literatura como o próprio sustentáculo de reflexão sobre a dinâmica do processo de humanização.
No texto, “A Fantástica vida breve de Oscar Wao” de Junot Díaz, o livro só reafirma a força civilizatória da literatura. Através dela, a possibilidade de redobrar nossos conhecimentos sobre questões atuais. Questões da história recente que ficam desprendidas do nosso cotidiano ou do passado recente que pouco dominamos.
O livro conta a história de um “nerd” dominicano. Um garoto obeso, viciado em desenhos animados, games, quadrinhos e livros de aventura. Mimado pelos parentes na infância tem a infelicidade de tornar-se obeso o que faz virar centro de cruentos afagos dos amigos de escola. Situação de violência psicológica que cria um verdadeiro buraco negro emocional em sua vida. Passa a viver como se vegetasse na Terra ou perdido num mundo distante.
Assim, Oscar Wao começa a construir um mundo de fantasias a partir de suas leituras e obsessão pelos games e quadrinhos. Um universo próprio diante do mundo de realidade exterior que o exclui cada vez mais. Sente o mundo real e verdadeiro cada vez mais e distante de seu cotidiano. Tristeza e isolamento que se estabelece como o fundamento de sua vida, ou muito próximo da pura angustia. Um rejeitado por todos. Sem nenhuma aceitação das mulheres e colegas de escola. O próprio definhamento social. Uma marca de impotência permanente que vai acompanhá-lo por toda vida.
Este é o núcleo central que o autor vai utilizar para construir um poderoso e interessante painel sócio, político e cultural da República Dominicana em suas relações com o Caribe e os Estados Unidos da América. Apresentar o perfil do dominicano e sua herança religiosa proveniente da mistura dos negros africanos com os saberes autóctones. O uso destes saberes como ferramenta de sobrevivência diante de um processo de integração desse povo na periferia do processo de implantação do mundo urbano industrial do capitalismo moderno fora dos EUA.
A história desenvolve-se nas últimas décadas do século XX, entre os anos setenta e final de noventa. Mais usa a trajetórias culturais e religiosas do caribenho para retroceder no período colonial e suas raízes africanas. Mais que passear entre presente e passado, remexe nos aspectos políticos que marcaram a história dos personagens e de seu país. A partir, das crenças populares e do período vivenciado pelos personagens, o texto faz resgates explicativos da história social de cada um deles que se conecta e vai revelando paralelamente ao enredo central, à realidade sócio-política da República Dominicana.
De forma magistral o texto mescla expressões da língua oral com a escrita. Mistura termos da língua espanhola, e os dialetos caribenhos com o inglês. Com certeza grande parte do podemos sentir da força do texto está nesta bem dosada mistura de conceitos de linguagem, textualidade, que bem sabemos na cultura americana, vai para além da escrita, da fala e do corporal do latino. A linguagem como uma realidade sincrética, sem dono ou influenciador. A linguagem como instrumento de sobrevivência social.
O texto pode ser dividido em três núcleos distintos. O primeiro tem a trajetória de Oscar Wao e do narrador. O segundo apresenta a cultura pop e a estrutura escolar deste período que servem como referências culturais que sustentam a relação de Oscar com o mundo exterior. E o terceiro e mais poderoso, pelo menos na minha visão, coloca no centro de toda a trama narrativa a ação política do ditador Rafael Leónidas Trujillo Molina que pela violência institucionalizada que seu regime impôs à República Dominicana, se tornou uma força psicológica que articula todos os demais personagens. Acredito que esta é a idéia central passada pelo autor no final do livro.
O primeiro núcleo que gira em torno do personagem Oscar Wao, constrói uma tipificação extremamente sensível de um adolescente carente e segregado pelos colegas de escola. Seus sonhos e buscas pela normalidade dos sentimentos humanos formam uma teia angustiante de dissabores, que em parte, muitos dos leitores com certeza vivenciaram. A sutileza do cômico misturado a perversidade dos prazeres mais mesquinhos que não se realizam. As atividades mais normais para qualquer ser humano nesta idade parecem sempre inacessíveis para Oscar Wao. Acredito que sua caracterização até mereça uma análise mais profunda e pormenorizada pela riqueza do desenvolvimento da narrativa.
O segundo núcleo é a construção da relação entre o narrador e Oscar Wao e o gosto dos dois pelas fantasias desenvolvidas na transição entre a ansiedade da adolescência e plenitude dos prazeres concedidos pela suposta autonomia do mundo adulto. Na verdade, a sua sobrevivência no mundo de constante infelicidade é possível pelo seu relacionamento compulsivo com os games e as fantasias das aventuras dos quadrinhos e literatura de ação compartilhado com seu amigo, no caso o narrador.
Neste núcleo o autor apresenta um movimento intertextual muito instigante. Junot Díaz explicita todo seu conhecimento sobre este “espaço cultural” resgatando momentos significativos da cultura pop que impregna a juventude da moderna cidade tecnológica. Um espaço de linguagem pouco destacada nas literaturas reconhecidas como narrativas acadêmicas.
Por todo o desenrolar da vida de Oscar Wao, temos apontamentos de momentos significativos de grandes sagas de RPG, games e seriados televisivos, as aventuras juvenis que marcaram o período. Filmes como Akira ou Matrix ou os “trash enlatados”. A literatura de ficção científica, os livros ou autores, são usados para exemplificar situações vividas pelos personagens além de suas aspirações e de suas realizações nos relacionamentos com outras pessoas do mundo jovem. O universo dos quadrinhos de ficção, desde os alternativos aos das grandes editoras como a DC e a Marvel são constantemente pinçados. A saga Toukeana “O Senhor dos Anéis” aparece de variadas formas tanto no que diz respeito a história e sua narrativa como em seu universo conceitual. As citações, para quem conhece este universo, aparecem como uma orientação a mais sobre a trajetória na vida do personagem. As exposições são dosadas e mantém uma ótima unidade com a construção da escrita a partir das expressões orais que vão sendo desenvolvidas junto aos escritos.
Em grande medida, este procedimento destaca um conjunto de instrumentos de comunicação audiovisuais integrados a um universo de uma geração que viveu a implantação do mundo das NTCI, Novas Tecnologias Aplicadas a Informação, e, que temos poucas referências nas obras literárias editadas. Esta propriedade ou característica abona este texto como um poderoso objeto de debate em curso de comunicação e expressão. Frisando que este livro recebeu o premio Pulitzer, da Universidade de Columbia, de ficção no ano de 2008.
O terceiro e último núcleo retrata o período ditatorial na Republica Dominicana entre 1930 a 1961, considero o mais rico dos três. Principalmente pelo perfil biográfico que constrói de Rafael Leónidas Trujillo Molina, como bem destacado no decorrer do livro, senão o mais bárbaro, um dos mais violentos ditadores que já existiu na América Latina.
O perfil de Trujillo, quase que um espectro na vida do dominicano, é desenvolvido a partir de longas notas de rodapé. Inicialmente estas notas podem ser recebidas com enfado, mas aos poucos as percebemos como um suporte histórico do próprio universo sanguinolento no qual transita a narrativa. As longas notas, aos pouco passam a soar como aforismos. Até que, retomando Umberto Eco em seus comentários sobre Alex Falzon, o aforismo adequadamente utilizado na literatura, sobressai para além do autor e da obra em si. Ganha sentido próprio de verdade. Isto é o aforismo como tal em seu conceito definido e firmado teoricamente. Principalmente no que diz respeito ao objetivo final do aforismo de que ele significa uma verdade incontestada e para além do seu autor.
Mais interessante ainda é que na sequência do texto de Umberto Eco, no livro em questão também temos o que é apontado como o mais difícil de construir na literatura. O paradoxo em seu significado maior.
“Então, aforismo seria uma máxima que pretende ser reconhecida como verdadeira, embora pretenda parecer arguta, enquanto o paradoxo se apresentaria como máxima prima facie falsa que, somente depois de madura reflexão, parece destinada a exprimir aquilo que o autor considera como verdadeiro. Por causa do hiato entre as expectativas de opinião comum e a forma provadora que assume, acaba por ser arguta.
Trujillo assim aparece em suas descrições pelo autor e ganha vida no interior da obra. Esta situação é marcante no desenvolvimento do texto.
Os personagens que circulam no entorno, ou relacionam-se com Oscar Wao, aproximam, sustentam ou negam a imagem ou rastro produzido por Trujillo. De forma muito interessante, os momentos em que Trujillo é desenvolvido pelo escritor, não está diretamente relacionado com as desgraças que assolam as vidas dos mesmos. Ao que parece as desgraças desdobram de Trujillo, como se ele fosse um ente fátuo sobre o povo dominicano. As pessoas caem em desgraças mais pelo posicionamento psicológico de permissividade, sócio político da situação da sociedade que pela ação direta do ditador.
O entrelaçar destes três momentos narrativos do livro o torna extremamente rico. Em seu termino nos vemos envolvido em profunda reflexão sobre os fundamentos teóricos da literatura mais complexa.
Podemos sentir a literatura como processo reflexivo ancorado nas experiências concretas de seus personagens ou mesmo do autor. Certificamos que não existe texto sem contexto. Comunicação, para assim firma-se como tal, deve ser mais que um momento histórico untado pelo talento do autor. Mais também deve carregá-lo e redimensioná-lo em seu interior. Texto e contexto. Melhor um que outro na condizente produção intelectual de comunicação. Um momento histórico so tem sentido contextualizado no tempo e espaço pelo braço intelectual do autor. Meu sangue só sairá no fim de tudo ou assim me parece obra e autor. Mais o “tudo” é o entorno do autor que a obra deve viver para além do seu sangue. O viver da obra é mais que o do autor, é o sobreviver, sobrepor ao criador. Aquilo que conhecemos como além paraíso. De quem não podemos saber como sobreviverá. O verdadeiro sentido da intertextualidade.
Assim podemos sentir um dos princípios básicos da literatura moderna ou o seu poder de instrumentalização intertextual na observação do entorno social em que se movimenta o autor e sua obra. Nesta dimensão intertextual acontecem as interfaces de elementos psicológico, sociológico, ou da organização social, econômica e política, que sustentam a orientação estética da historicidade da obra.
A intertextualidade é mais que painel cultural de diferentes elementos estruturais da comunicação produzida pelos homens daquele momento histórico. Retomando Cervantes em seu prólogo em Don Quixote de La Mancha, quando interrogado pelo amigo sobre o uso complexo de poemas e outras citações de autores no interior de narrativa acentua a importância de uma obra sustentar-se em referencias de outras, muitas vezes mais significativas.
A sustentação estética do autor pode ocorrer a partir de paralelismo ou referências a autores ou estruturas canônicas. Obras significativas referenciam outras, mais a utilização tem sentido para além da simples contemplação. Buscar o novo ou no mínimo procuram superar os cânones. Mais que argúcia do autor o desdobrar dos cânones nos conflitos sociais do contexto histórico. Verdades em ternos de redefinição para além do autor e da própria obra que assim toma vida e também passa a protestar qualquer estado de ingerência da humanidade.
Este é um grande predicado do livro “A Fantástica vida breve de Oscar Wao” de Junot Díaz. O leitor pode perceber o quanto Junot Díaz aproximou-se deste fundamento teórico construído pelos grandes pensadores. Com certeza, o livro é um espaço importantíssimo no estudo do que na atualidade procuramos entender como Intertextualidade literária, se é que isto existe separadamente em algum lugar.
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L F Menezes 27/12/2012

Aprendendo com um ninguém
Realmente a vida de Oscar é fantástica. Contada por meio de um ex-cunhado, Yunior, e, em algumas partes, pelos seus familiares. Oscar é um mulato gordo, nerd, cheio de espinhas, fedido, mal cuidado e chato que se apaixona perdidamente por qualquer mulher atraente. Levando uma vida “de merda” na qual ele fica trancafiado no quarto escrevendo e engordando, sem tentar melhorar, sua história é contada até sua morte, quando ainda era jovem.
Uma característica importante é o fuku, uma maldição que literalmente acaba com a vida de quem foi atingido (incluindo sua família e pessoas próximas). Sendo que o primeiro a ter sido amaldiçoado fora o avô de Oscar, um médico que apenas escondeu sua belíssima filha do ditador da República Dominicana, Trujillo, um tirano tarado que transava com quem queria, fazia o que bem entendesse, matasse quem fosse contra seu “mandato” e tinha o poder de amaldiçoar quem apenas tinha um pensamento ruim sobre ele.
Todo em uma língua coloquial, com xingamentos e comentários ácidos do próprio autor, a obra que ganhara um pullitzer, é trabalhada toda em cima de personagens de outros livros (na maioria de ficção científica), retratando da melhor maneira possível essa fantástica e breve vida de Oscar Wao.
Por isso recomendo que, no mínimo, antes de ler esse livro, tenham um conhecimento passado sobre as obras: Senhor dos Anéis, do Tolkien; A festa do Bode, de Mario Vargas Llosa; alguma obra do Lovecraft; e uns três filmes da DC Comics.
O livro exprime bem a ideia de que nossa vida é fruto de outras: nossos antepassados, nossos parentes e até nossos amigos são responsáveis pelo que nós somos. Entretanto, mesmo que eles sejam primordiais para cada vida, não devemos a ninguém. Se considerarmos a vida como um livro em branco, as pessoas com o qual se convive serão só a inspiração. Mas quem tem o lápis (ou a máquina de digitar, se preferir) é cada um de nós.
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Aguinaldo 05/02/2011

a fantástica vida breve de oscar wao
Soube deste livro por recomendação de duas pessoas cuja opinião respeito muito: Sibele Andreoli e Luiz Schelp. Trata-se de um livro que ganhou o prestigioso prêmio Pulitzer de 2008 e onde se conta ficcionalmente um pouco da história da República Dominicana. Este desgraçado país é vizinho do Haiti e com ele divide um passado de misérias tanto no período colonial quanto naquilo que deveria ser chamado de período de independência, de democracia, mas que é apenas um contínuo período ditatorial, onde um dos canalhas de plantão governa com maior ou menor sanha. O ditador retrado aqui é Rafael Trujillo, um possesso que não fica nada a dever a seus contemporâneos Papa Doc, Fidel Castro, Augusto Pinochet. Se nos textos de Alejo Carpentier que li recentemente aprende-se muito sobre o Haiti neste temos um panorama da República Dominicana bastante vívido, apesar de terrível, opressivo, cruel. Dois narradores se alternam em contar a história de um jovem dominicano, Oscar Leon. Um é seu cunhado, Yunior, e outro é sua irmã, Lola. O livro é dividido em capítulos temáticos. No primeiro Yunior conta os dias de Oscar como um estudante nerd em um colégio nos Estados Unidos. Gordo e algo inepto, não consegue se relacionar com nenhuma garota. No segundo é Lola quem dá sua versão deste período, tentando enquadrar melhor a obsessão de seu irmão com o sexo que não consegue ter. No terceiro capítulo somos levados ao passado e acompanhamos a história da mãe de Lola e Oscar, seus amores, suas desventuras, sua luta para sobreviver em um país violento por natureza. Na sequência voltamos aos dias de Oscar e Yunior na universidade, onde a impossibilidade de Oscar se envolver sexualmente com alguém continua, o que afeta todos os demais aspectos de sua vida. No quinto capítulo voltamos uma vez mais para o passado e desta vez sabemos a história dos avós de Oscar e Lola. O pai é um médico de sucesso, ligado a elite cultural de seu país (e ao mesmo tempo ligado a aquela fração da sociedade que finge não ver os desmandos do governo, algo que vivemos agora mesmo no Brasil em alguma medida). Ele tem sua vida arruinada pela cupidez do ditador Trujillo, quando recusa a este a oferta da virgindade de uma de suas filhas. As filhas maiores e a mulher morrem miseravelmente, enquanto ele padece décadas de uma prisão brutal, onde enlouquece lentamente. A filha caçula (que ele não chega a conhecer) virá a ser a mãe de Oscar e Lola, e como o pai sofrerá nas mãos dos ditadores dominicanos que sucedem Trujillo após seu assassinato (provavelmente orquestrado por espiões americanos). Nos capítulos finais acompanhamos como Oscar, deslocado na sociedade americana, onde dá aulas e escreve ilegíveis romances de ficção científica, decide permancer na República Dominicana após umas férias e acaba se apaixonando por uma mulher mais velha. O namorado desta mulher dá surras épicas em Oscar, mas este não se rende a sua vontade de consumar enfim um intercurso sexual. Após uma primeira surra é levado de volta aos Estados Unidos para se recuperar, mas com o tempo ele finalmente retorna e encontra a morte nas mãos do sujeito. Em um epílogo ficamos sabendo que em uma carta a sua irmã e cunhado ele conta como finalmente conseguiu transar com a namorada (mesmo sabendo que seria morto depois). O livro inclui várias notas, onde o autor explica os fatos da história dominicana, com um sarcasmo que ameniza um tanto as desgraças pelas quais este país passou e passa. O tema principal deste livro é mesmo a luta humana entre a pulsão do sexo e a pulsão da morte. Há várias passagens memoráveis, como as surras no meio de canaviais (difícil saber qual a mais cruel, a que sofre a mãe de Oscar ou aquela que Oscar sofre anos depois). Ao mesmo tempo há muito humor no livro, muitas citações da cultura pop, de livros e filmes, enfim, muita coisa para se pensar com calma, para se refletir um tanto sobre a alma humana. Este é mesmo um grande livro. [início 17/03/2010 - fim 20/03/2010]
"A fantástica vida breve de Oscar Wao", Junot Díaz, tradução de Flávia Anderson, editora Record, 1a. edição (2009), brochura 14x21 cm,332 págs. ISBN: 978-85-01-08180-3
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jackguedes 17/10/2010

A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao
Oscar de León é um garoto norte-americano de origem dominicana cuja nerdice só se compara à sua obesidade, ambos fatores que garantem seu afastamento do sexo oposto. Virgem e impopular, o garoto busca refúgio na literatura de ficção científica e nutre planos de se tornar o Tolkien latino.

Para quem já leu a orelha do livro ou as notas na contracapa – ” [o livro é] tão original e fantástico que somente poderia ser descrito como um encontro entre Vargas Llosa, Jornada nas Estrela e Kanye West” – essas informações já são conhecidas. (O trecho é um excerto da crítica Michiko Kakutani para o New York Times, que ainda comparava o autor a David Foster Wallace).

Mas a trama que rendeu o Pulitzer de 2008 a Fantástica Vida Breve de Oscar Wao não se resume aos perrengues vividos pelo protagonista. Aliás, Oscar ocupa apenas a metade das páginas escritas, com maestria diga-se, por Junot Díaz, ele também um Dominicano de origem.

Em pouco mais de 320 páginas, Diaz empreende uma jornada ao passado da família de León – e à origem do fukú, maldição que acompanha a família de León – desde o incidente que tornou órfã a mãe de Oscar, Belicia Cabral, cujos pais e irmãs que não chegou a conhecer foram vítimas das artimanhas do temido ditador Rafael Trujillo (vulgo el jefe).

Aqui é preciso abrir um parêntese: Rafael Leónidas Trujillo Molina governou a República Dominicana com mãos de ferro entre 1930 e 1961, ano de sua morte – incidente narrado no livro. Apesar de ter assumido o poder em três mandatos intercalados, 12 anos não consecutivos, sua presença se fez sentir durante todos esses anos por meio de assassinatos constantes, enriquecimento ilícito e toda forma de controle típica de um estado ditatorial.

É esse o plano de fundo habilmente utilizado pelo autor para situar a personagem de Belicia, beldade negra, impulsiva. Mesclando doses certeiras de humor e pesar, Diaz nos põe a par da infância sofrida – e de um incidente trágico que vai lhe marcar por toda a vida – e da adolescência rebelde, culminando num envolvimento amoroso desastroso que resulta na mudança de Belicia – ou Beli – para os Estados Unidos, onde a estória de Oscar começa.

Nerd pop

Imerso em cultura pop – vídeo-game, filmes e seriados de ficção científica, quadrinhos e todo o universo familiar aos nerds – Oscar se abstrai num mundo isolado e intransponível até mesmo para o narrador, Yunior, namorado de sua irmã, que convive com o protagonista durante a época da faculdade.

A incrível capacidade de Junot Diaz para dar ritmo e agilidade à trama é notável desde as primeiras páginas. É impossível evitar adjetivos como pop, urbano, contemporâneo, e isso não é reduzir a originalidade do livro. Um importante êxito do autor para a perfeita constituição dos personagens, até mesmo de Oscar, que apenas se deixa entrever de seu universo atulhado de referências, é a utilização do idioma nativo entremeado nos diálogos, sempre carregados de significados em suas entrelinhas.

Outro recurso muito plausível no processo de caracterização é o apego ao aspecto físico dos personagens, que por si só entregam muito da personalidade de cada um, especialmente – é claro – de Oscar, mas também de sua mãe, esguia e negra, de sua irmã atleta Lola – que também faz as vezes de narradora na parte que lhe cabe da história – e de Yunior, o contraponto ao virgem e obeso Oscar.

A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao foi o livro que tornou Junot Diaz mais conhecido mundo afora. Antes disso, fez sua estreia com a coletânea de contos Afogados (Drown) em 1996. Fenômeno pop, Diaz é o representante latino dos novos nomes da forte literatura americana contemporânea. Nesse contexto multiculturalista, o autor se assemelha a Zadie Smith, autora inglesa de origem jamaicana. Hoje, Junot Diaz é prfessor de escrita criativa no MIT (Massachusetts Institute of Technology).

http://jackguedes.wordpress.com/
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Marina 28/07/2010

Apesar do título, o livro não se resume à vida de Oscar. Boa parte dele (se não mais da metade), é reservada à história da vida de seus parentes: sua irmã, sua mãe e até seu avô que nunca conheceu.
O autor tem um estilo de escrita bem leve e divertido, há muitas piadas irônicas e várias referências nerds (algumas eu nem entendi). Outro ponto legal é que cada parte do livro possui um narrador diferente. Gosto especialmente dos capítulos narrados por Yúnior, um rapaz com quem Oscar dividiu quarto na faculdade e era apaixonado por Lola, sua irmã.

Um ponto que eu achei negativo foram as notas de rodapé gigantes que aparecem com frequência. As informações são bem legais, mas é cansativo ficar lendo naquelas letrinhas minúsculas.

Enfim, acho que minha avaliação só não foi maior porque eu esperava outra coisa. Achei que o livro seria focado no rapazinho gordo do universo geek. Mas o vislumbre que o escritor nos dá da ditadura da República Dominicana (origem de Oscar e sua família) é muito interessante, nunca tinha lido nada sobre esse país, foi bom conhecer um pouco!

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