DIRCE 30/07/2018
Uma odisseia by Faulkner
Quando conheci Faulkner, por meio da leitura de ”O Som e a Fúria”, comparei o livro a uma trigonometria, tamanha foi minha dificuldade de entendimento, entretanto, depois de ter encarado Proust, Virginia Wood e outros , minha dificuldade da leitura do "Enquanto Agonizo" se tornou bem mais amena.
Nesse romance , Faulkner por meio das vozes de 15 personagens, narra a odisseia de nove dias da família Brundren, uma família de camponeses composta pelo patriarca Anse, a matriarca e moribunda Addie, os filhos Cash, Darl, Vardaman e Jewell, e a filha Dewey Dell, que partem para Jefferson para cumprir a promessa feita à matriarca.
Ulisses em sua odisseia vivenciou venturas e desventuras mas contou com a ajuda dos deuses e deusas, já, os Brundrem, só vivenciaram desventuras, talvez Cora até diria ( ou disse não me lembro) que desafetos merecem castigo e que Deus deles não se apiedou, pois muito além do intuito do cumprimento de uma promessa, verifica-se um estranhamento nesse núcleo familiar e ainda o interesse particular nessa viagem de cada membro da família, com ênfase para o avarento e egoísta Anse.
“Enquanto agonizo” é um livro que angustia, não só pelas descrições das cenas que coloca o leitor dentro do livro, mas também pelas reflexões muito mais acerca da vida do que da morte. Quanto ao título, embora dê a impressão que se aplica a Addie, eu acho que ele é mais pertinente a Darl – o ser pensante do livro- e que tem um fim trágico.
Penso que a leitura do “Enquanto Agonizo “me fez fazer as pazes com Faulkner.