O Lobo do Mar

O Lobo do Mar Jack London




Resenhas - O Lobo do Mar


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Marcos 24/06/2014

O melhor do Jack London - escritor estado-unidense preferido :D
| Incrível! A história contada por Jack London, não só é bem construída como incrível. O livro conta a história de Humphrey van Weyden, que após virar um náufrago em sua viagem é resgatado pela escuna de caça à focas, com o sugestivo nome de Ghost. À bordo descobre o inferno sobre o mar, e, conhece mais profundamente o capitão que o abriga, Wolf Larsen, descrito por toda tripulação como o próprio diabo encarnado. Muita coisa acontece, mas enfim, eis que entra uma mulher na escuna Ghost em meio ao Lobo, o náufrago, marujos e tripulantes selvagens e é melhor ler!
O livro é muito bom, difícil de largar! A história é contemporânea a Moby Dick (Herman Melville), se passa no fim do século XIX e início do século XX. A leitura fica entre uma intrigante discussão sobre os conceitos darwinianos, o bem e o mal e a separação entre razão e sentimentos, proporcionadas por embates de Wolf e Humphrey. Wolf Larsen é um dos personagens mais bem construídos, e, é quem deixa a história mais intensa e profunda. Pra quem tem estômago forte e não tem problema em ler conteúdo com violência, como por exemplo, a atividade de caça à focas (pois era o que fomentava a indústria da moda nesse início de séc.), é uma excelente opção. Então....
Excelente leitura!
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Alessandro232 20/04/2014

Um clássico que merece ser lido e descoberto
Apesar de Jack London ser considerado um dos melhores escritores norte-americanos,talvez do século XX, suas obras parecem que são pouco conhecidas no Brasil. O Lobo do Mar segue o estilo do escritor: narrativa fluída que narra as aventuras de um homem que de inesperadamente se vê em ambiente hostil e, por isso, é obrigado a se adaptar a ele para sobreviver. Por trás do formato de história de aventura marítima que não esconde suas origens no clássico Moby Dick, o livro também é uma espécie de romance filosófico, onde os personagens centrais, o almofadinha Humphery van Weyden e o capitão do navio, o bestializado, Wolf Larsen travam um embate intelectual que remete a teoria da evolução da espécie de Darwin e ao conceito de superhomem de Nietzsche. Também são interessantes a referências que o autor faz a Paraíso perdido, poema épico de John Milton, principalmente, para descrever a personalidade turbenta de Larsen, um dos vilões mais interessantes da literatura norte-americana. Envolvente, emocionante e tenso em muito momentos, O Lobo do Mar é um clássico que merece ser lido e descoberto.
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yurigreen 17/04/2014

Inferno e lucidez
Vivo numa fase onde um dos maiores prazeres que encontro é num diálogo bem construído, seja numa conversa despreocupada, entre personagens de um seriado, filme, texto ou de um livro, desde que me leve a catarse, a experiência há de ser maravilhosa.

O primeiro livro de Jack London que tenho contato oferece essa viagem espetacular através dos encontros e das passagens transcritas entre as falas dos protagonistas Wolf Larsen e Van Wayden, o primeiro sendo o capitão da escuna Ghost e o segundo seu náufrago resgatado. Apesar do plano de fundo ser uma gélida cruzada pelos mares do pacífico, o clima é incendiário do início ao fim do livro, basicamente por dois pontos fundamentais que London estabeleceu: 1) a experiência de convívio entre o próprio diabo (Larsen) e um covarde (Wayden) e; 2) a semelhança de referências literárias que os mesmos personagens carregam, mas com interpretações socio-filosóficas diametralmente opostas. Misture isso a uma tripulação que zomba da própria desgraça, da solidão oceânica, das tempestades dilacerantes e da presença de uma mulher entre tantos marujos nojentos... não fica difícil imaginar o contexto amargo percebido nas páginas.

De modo erudito e racional, Jack London faz emergir a construção de um personagem que decerto marcou minha memória, e demonstra que através da vivência, que acaso e contexto tem total importância na formação física e moral de um indivíduo - uma abordagem por sinal bastante difundida no texto sob o âmbito do darwinismo social.

Sem mais contribuições, leitura magnificente!
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Sidney Matias 02/03/2014

O Lobo do Mar - Jack London
Além de jornalista, marinheiro e escritor, Jack London era um notório aventureiro, foi para o Alasca em busca de ouro, e escreveu contos, poesias e ensaios. Alguns destaques do autor como os livros, "O Chamado Selvagem" e "Caninos Bancos", também já tiveram um espaço garantido aqui no blog.

No auge de sua inspiração, Jack London concebe ao mundo literário O Lobo do Mar, este que segue nos mesmos moldes de suas outras obras, extremos e diferentes realidades sendo colocados a prova em um mesmo plano, tendo como cenários paisagens fascinantes em meio a natureza, com boas doses de estadias em lugares inóspitos e enebriantes, onde a luta pela vida é uma necessidade constante.

Escrito em 1903, O Lobo do Mar é uma excelente análise psicológica, influenciado pelas ideologias de Darwin e Nietzsche, Jack London nos apresenta na obra facetas do bem e do mal, nos fazendo pensar qual é o significado e o real valor de nossas vidas. Apesar de leitura fácil e descomplicada, o livro trata de assuntos polêmicos, onde conclusões arrebatadoras de nossos personagens garantem boas horas de reflexão.

As viagens marítimas de Jack London a bordo de um barco caçador de focas, serviram como inspiração para "O Lobo do Mar". O escritor narra a história do crítico literário Humphrey Van Weyden, náufrago resgatado por Lobo Larsen. E uma vez abordo do navio Ghost, a vida de Humprey jamais voltou a ser a mesma.

Nos primeiros capítulos, o autor derrama uma série de teorias filosóficas associadas a Nietzsche, personificando o capitão do sombrio Navio Ghost, onde sua rigidez e ordem de comando opressora, faz com que ninguém tenha dúvida de quem realmente está com as rédeas em punho.
Lobo Larsen também deixou bem explícito seu ceticismo, não acreditava em qualquer divindade, existência de alma ou coisas do tipo. Para o capitão não temos nada além do corpo, onde certamente o medo tem como origem o temor que temos de nos machucar, coisa que ele não sentia, assim como também não tinha compaixão por nada nem ninguém, e intitulava esses sentimentos como fraquezas.

No outro extremo da corda temos nosso personagem que fora resgatado, sem calos nas mãos, um homem criado em meio a livros e culturas infindáveis, que nunca havia realizado algum serviço braçal ou visto cenas de brutalidades e violência física.

Notavelmente o patamar mais elevado das discussões filosóficas, se dão por conta dos debates intelectuais entre Humphrey e Lobo Larsen. Onde em suas mangas, sempre estavam munidos de citações de grandes escritores e filósofos, bastava um diálogo qualquer entre os dois para que pudesse vir a tona temas notavelmente interessantes, seguindo desde a criação da vida e a evolução do homem. Questões sociais, religiosas e culturais também faziam parte dos assuntos abordados.

Quando a pauta pendia ao materialismo e o valor da vida, somos levados a profunda reflexão, onde frases de grande impacto irão martelar constantemente na cabeça do leitor.

Uma obra dotada de uma narrativa fantástica, entretendo o leitor com as relações peculiares entre os tripulantes da embarcação. Sangue, mortes, atos desumanos, castigos, desafios a natureza, mesmo ela se apresentando em sua forma mais brutal. Temos também uma verdadeira aula de psicologia, pessoas vivendo confinadas em alto mar, longe da sociedade e da terra firme, sob comando de Lobo Larsen, um ser que mescla selvageria, força física a uma capacidade intelectual direcionada a sobrevivência sem remorsos, custe o que custar. Corriqueiramente profanando atos demoníacos, como se fossem uma simples tarefa de sua rotina diária, garantindo cenas cheias de horror, onde ao decorrer das páginas, faz com que a obra ganhe um ritmo espetacular, picos de tensão e euforia são constantes, umas das melhores aventuras que pude ler

Após ser resgatado pelo navio Ghost, Humprey passou longos dias a se recuperar do acidente que sofrera durante o naufrágio de sua embarcação, e com muito esforço e sofrimento, muita das vezes segurando as última fagulhas de sua vida nas pontas dos dedos, para ali então permanecer vivo.
Mas com o passar do tempo Humprey evolui física e mentalmente, andando com as próprias pernas, em um novo mundo que até então não conhecia.

Uma aventura empolgante, onde os acontecimentos não param, e em certo ponto as coisas mudam de rumo, quando também perdida no mar e resgatada pela Ghost, sobe abordo a nobre escritora Maud Brewster, e a partir daquele instante, essa nova tripulante passará a ter sua vida a merce da sorte e das inconstâncias de Lobo Larsen, passando a trabalhar em sua embarcação, nas mais ríspidas condições.

Logo de início Humprey foi sugado pelo brilho dos olhos da linda moça, de face sempre rosada, com traços femininos encantadores, o amor depois de tanto tempo, aterrissara nesse novo mundo em que Humprey vivia. Não mais sozinho no embate pela vida, traça um novo plano, onde esforços não seriam medidos, e já nessa nova etapa, a força física adquirida trabalha em conjunto com seu intelecto que sempre fora muito em forma, mas agora mais experiente, levando o leitor rumo a um final expetacular.

Como sempre, Jack London dá um show na criação de personagens, onde suas concepções sobre vida e morte, bem e mal, espírito e matéria, garantem um leitura memorável. Uma ideologia sobre os fracos e os fortes, diálogos marcantes, sempre expondo confrontos de personalidades entre os protagonistas com palavras bem colocadas.

Com muita maestria Jack London conduz a narrativa, descrições de ambientes e termos técnicos de navegação marítima, que nosso aventureiro e escritor muito bem conhecia.

O Lobo do Mar ganhou adaptações cinematográficas em 1941 e 2009.

Um grande clássico da literatura, que vai além de um simples romance, um livro que propõe diversos dilemas morais, nos faz pensar na vida de um modo geral, pontos de vistas diferentes, personagens marcantes e um cenário fantástico, onde as intempéries da natureza trazem castigos vindos do mar a qualquer instante, com se não bastassem as dificuldades em ser subordinado a Lobo Larsen, um livro que todos deveriam ler. Casa de Livro recomenda.

Titulo: O Lobo do Mar
Título Original: The Wolf Sea
Autor: Jack London
Páginas: 226
Ano lançamento: 1903
Editora: Martin Claret

Boa Leitura

Sidney Matias

site: http://www.casadelivro.com.br/2014/01/alem-de-jornalista-marinheiro-e.html
Sarah 20/09/2014minha estante
Obrigada pela Resenha. Já havia comprado o livro mas como vi que a edição da martin claret deste livro teve muitos cortes desanimei. Vou retomar a leitura. Sua resenha me animou. Abraços.




Nanda Lima 28/02/2014

Um clássico delicioso!
Adoro vlogs literários: com eles aprendo mais sobre Literatura e conheço novos livros e autores. E um dos melhores livros que já li na vida, conheci através de um vlog. O lobo do mar, de Jack London, é considerado um clássico norte-americano, e seu autor é tido como um dos maiores escritores americanos de todos os tempos. No entanto, vergonhosamente, nunca tinha ouvido falar da obra ou de London.

A obra é de uma profundidade absurda, com diálogos recheados de Filosofia e citações de autores clássicos da Literatura. Os diálogos entre Wolf Larsen um dos melhores personagens que já vi e Weyden são inquietantes e nos fazem refletir sobre nossa concepção de mundo, sobre o verdadeiro significado da moralidade e da existência humana. O clássico, publicado originalmente em 1904, é atual e extremamente relevante.

Possui, também, muita ação, algumas vezes até de tirar o fôlego, e eu me peguei lendo compulsivamente certas partes com olhos vidrados no e-reader.

Eu não era a mesma depois de ler O lobo do mar. Passei dias pensando nas frases de Wolf Larsen, concordando com algumas e abominando outras. E poucos são os livros que nos fazem pensar neles tempos após os termos lido. Mas tenho certeza de que esse livro vai permanecer nos meus pensamentos por muito tempo, e certamente vou querer relê-lo de tempos em tempos. Esse livro, definitivamente, me modificou.

Recomendo para aqueles que adoram um bom clássico, para os que gostam de obras inquietantes e com ação, para os que gostam de Filosofia e para os que querem apenas um bom livro para ler. Dou nota máxima para ele!

site: www.umaleitoraassidua.blogspot.com
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Mário 07/02/2014

Excelente aventura náutica repleta de discussões filosóficas que versam principalmente sobre implicações éticas e morais que o exercício do instinto de autopreservação, egoísta e muitas vezes cruel, representa em uma sociedade construída sobre o ideal da solidariedade, tolerância e fraternidade.
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Eduardo.Muhl 04/01/2014

Pensar a leitura de um livro clássico é se imaginar em uma leitura pesado e rebuscada, sendo que somente os melhores acadêmicos serão capazes de extrair dali a essência que o autor quer transmitir. Em "O Lobo do Mar" encontrei o cenário oposto para minha surpresa. O livro se propõe à um debate filosófico entre duas figuras opostas, Humphrey van Weyden (assumindo o papel de acadêmico) e cap. Wolf Larsen (assumindo o papel de sociopata).
O tema filosófico foi o que me levou a iniciar a leitura desta obra de London. Entretanto, fiquei maravilhado ao descobrir que mesmo se propondo à levantar questões e debate-las, o autor não deixa a desejar no quesito "aventura". Há várias passagens memoráveis na obra, retratando a precariedade da vida de marujos em alto mar enquanto em caça à focas. O autor se utiliza de um linguajar sujo e bruto em sua obra, assim como a cama na qual estes homens dormem. Para mim que nunca tive contato algum com o tema, ou seja, navegação, a obra foi um prato cheio, uma vez que ela é carregada de termos e explicações deste universo (recomendo a edição comentada, pois além de possuir ricas informações possui um glossário ao final do livro).
O que mais me agradou nesta obra foi a capacidade do autor de demonstrar diferentes pontos de vista partindo de uma mesma teoria. Isto pode ser demonstrado ao se observar como os dois protagonistas se utilizam do Darwinismo social ou mesmo da ideia de Herbert Spencer ("Sobrevivência do mais apto"). Larsen se defende que aquele que for mais forte no sentido literal sobreviverá, sendo que sua sobrevivência é pautada na "morte" ou "decadência" dos demais. Larsen vive uma vida egoísta, não se importando com o estado dos demais, governando sua escuna desta forma, sendo no fim mais um egoísta numa escuna em um mar de egoístas. Por outro lado, Humphrey van Weyden pode ser considerado um altruísta, acreditando que a vida em comunidade e de cooperação é que deve valer (ao meu ver, esta é a principal diferença entre Humphrey van Weyden e os demais tripulantes, sendo esta também sua maior barreira).
Além destas questões, podemos encontrar também debates sobre vida e morte, imortalidade e reencarnação por exemplo, sendo estes termas sempre sustentados com uma argumentação clara e direta, possuindo sarcasmo e humor em algumas passagens.
Ao fim, o autor nos mostra que uma ideia não leva à um ponto só, havendo várias ramificações desta, e que o debate sempre se fará necessário.
yurigreen 08/03/2014minha estante
Muito bom hein cara! Eu to aqui um tempão querendo ler O Lobo do mar e O chamado da floresta, depois da sua resenha fiquei mais empolgado e vou por como prioridade de compra =D.

Só não me diga que você leu pela versão da Martin Claret (essa que tá apresentada na figura de capa aqui), porque as traduções deles são tenebrosas e traem completamente a obra original.

No mais, pare de vergoinha e resenhe mais por aqui.
Abração.
-Y-





Dose Literária 21/11/2013

1001 Livros: O Lobo do Mar - Jack London
Que era uma obra primorosa, digna da referência no 1001 Livros Para Ler Antes de Morrer pela sua importância e contribuição à literatura universal, eu já sabia, mas até abrir o livro e 'viajar' na narrativa do norte-americano Jack London a bordo da escuna Ghost, perpassada inteiramente nos mares do Pacífico, foram-se três anos de espera na estante. Mal sabia o que estava perdendo.

Escrito em 1903, a trama narra a história do ríspido capitão Lobo Larsen, e de Humphrey van Weyden, crítico literário resgatado de um bote à deriva nos mares do Pacífico, pela tripulação da Ghost. Ao ser encontrado, o náufrago destituído de forças físicas pelas agruras do tempestuoso oceano, é acolhido e tratado pelo capitão Larsen. O diálogo flui prazerosamente quando o Lobo revela ao intelectual sobre sua bagagem literária. As menções à grandes nomes da literatura não passaram despercebidos a leitora aqui, porém, durante toda a história, os livros são o único ponto em comum entre o capitão e literato.
Um é completamente o oposto do outro. Continue lendo em http://www.doseliteraria.com.br/2013/11/1001-livros-o-lobo-do-mar-jack-london.html
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Inácio 08/04/2013

Filosofia e decepção
Imagine você sendo uma pessoa bem de vida, tendo de tudo, nunca trabalhado... Fora Jesus, Buda, Epicuro e mais alguns, dificilmente alguém não iria querer isto. Pois bem, esta é a situação inicial do personagem central do romance "O Lobo do Mar", o jovem Humphrey Van Weyden.
Tudo entretanto muda quando o barco onde Humprey viajava naufraga, e ele é salvo por um barco de caçar focas que está se dirigindo ao Japão. A primeira coisa que você faria seria dar graças a Deus por ter sido salvo, ou talvez não... Isto porque o terrível capitão do navio, Lobo Larsen, não tem interesse algum de levar Humprey a algum porto seguro, fazendo deste modo com que o jovem, até então rico e bem de vida,fique, contra vontade, sendo auxiliar do cozinheiro de bordo, um sujeito que consegue ser mais desprezível que Larsen.
O que observamos lendo o livro são uma série de situações que tem como objetivo mostrar as condições grosseiras com que todos os homens daquela escuna vivem, a brutalidade, a transformação sofrida por Humphrey ao estar envolto neste ambiente, e com certeza a personagem complexa que é o capitão Larsen.
Um dos charmes da obra é que ela tem doses de aventura e também de reflexões filosóficas que se harmonizam, e você sente que estes elementos se completam na história, no que se refere as teorias pessimistas e materialistas que Lobo Larsen tem, por exemplo, que podem ser percebidas no fim da história. Sinceramente, não sei o que está esperando quem ainda não embarcou nesta aventura.
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Renata 15/11/2012

Ganhei esse livro de sabe-lá-Deus-quem, 10 anos atrás. Sim, o pobre coitado ficou 10 anos na prateleira aguardando uma chance de ser lido. A prova de tanto tempo de espera estava estampada na etiqueta da livraria Sodiler em sua folha de rosto (e na época custou 8 reais!)

Antes de iniciar a leitura, fiz uma rápida busca sobre o autor, Jack London. Eu achei estranho esse autor não gozar de tanto prestígio no Brasil, quando comparado com o que possui lá fora (talvez seja ignorância minha mesmo). Até porque, se vocês observarem bem, qualquer coleção pocket possui um livro dele.

Jack London tem suas produções influenciadas por grandes nomes tais como Darwin, Nietzsche e Marx. Confesso que nunca li suas obras (não me recriminem por admitir minha alienação), meus conhecimentos sobre eles são de sala de aula mesmo. Não digo que nunca o farei, mas sempre preferi ler os influenciados a ler os influenciáveis. Acho um pouco fatigante ler a filosofia no duro, sabe? Talvez eu não esteja preparada ou talvez eu simplesmente não esteja a fim mesmo. Esta foi a razão que me levou a ler “Quando Nietzsche chorou” e “A cura de Schopenhauer”. Talvez isso se aplique, inclusive, aos romances históricos (pessoalmente acho muito mais agradável ler um romance histórico a ler um livro do Hobsbawn, por exemplo).

Dito isto, caso não concordem com algo que eu diga, fiquem a vontade para corrigir ou opinar. Sou bastante razoável nesse sentido.
O livro conta a “aventura” de Humphrey Van Weyden, um homem que foi resgatado por uma escuna chamada “Ghost” após ter sido vítima de um naufrágio.

A “Ghost” tem como capitão um homem chamado por seus subordinados de “Lobo Larsen”, de características escandinavas que, na minha opinião, a despeito de sua crueldade, é quem dá alma ao livro, e foi o personagem que me fez terminar a leitura.

Esse livro é escrito em primeira pessoa, como um diário de memórias de Humphrey. Assim, é possível entender como esse personagem se sentia em relação a todos os acontecimentos ocorridos na embarcação.
Eu achei muita coragem do autor escrever tantas páginas e tantos acontecimentos em um ambiente tão limitado como é uma embarcação de pesca/caça (às focas, no caso). Mas depois, pensando melhor, percebi que essa embarcação poderia ser qualquer outro lugar... sei lá, um quartel, uma empresa, etc. O que quero dizer, é que essa embarcação significava, para mim, uma análise micro da sociedade, entende?

Logo no início, li um diálogo com o qual me identifiquei muito e dizia assim: “- Quem o sustenta? Insistiu. Quem conquistou essa renda? Seu pai, com certeza, e você vive sobre as pernas dum homem já falecido. Nunca obteve nada pelo esforço próprio. Não sabe cavar a vida, se o largarem só”.

Lobo Larsen disse isso a Van Weyden, mas acho que a mim também. Todos já passamos por essa situação na vida, em que deixamos de ser sustentados para, enfim, andarmos com as nossas próprias pernas. É uma transição penosa para os idealistas. Antes de iniciar essa resenha, imaginei que muitos “skoobianos” são como Humphrey no início do livro: sempre se limitaram ao conhecimento teórico, esquecendo da prática, da ação em si. Por mais que ao ler um livro adquiramos conhecimento, nenhuma sensação é mais satisfatória quanto a de “botar a mão da massa”. Eu ainda estou conquistando isso.

Larsen, apesar de gostar da erudição, dava mais valor a ação, a atitude, a conquistar com o próprio suor, ao invés de simplesmente receber algo pronto e acabado. Acho que esse foi o maior aprendizado de Humphrey no decorrer do livro.

Lobo Larsen comandava com pulso firme sua tripulação, chegando a ser cruel na maioria das vezes. Claro que a parte cruel da coisa, não era estritamente necessária, isso se dava a sua forma de pensar nas pessoas como coisas necessárias para um fim específico e descartáveis em certa altura. Mas, eu acho que essa hierarquia é necessária para o funcionamento da vida em sociedade.

O capitão da Ghost exercia sua superioridade não só com sua força física inabalável (Humphrey o descrevia como um Deus, um ser desprovido de defeitos físicos, sobre humano, o mais forte), mas também com uma capacidade peculiar de manipular mentalmente seus subordinados. Às vezes eu encarava a Ghost como um quarto branco de tortura: ninguém, após certo período de tempo dentro dela, se mantinha em estado de sã consciência. Era um ambiente hostil, onde a mais frágil das criaturas se tornava um animal para lutar pela própria vida. Os personagens claramente mudam no decorrer da narrativa, influenciados pelo ambiente insalubre e pelas atitudes de seu capitão.

Esse ambiente onde só os mais fortes sobrevivem pode ser identificado na forma de pensar de Larsen: “Penso que a vida é uma confusão, respondeu ele de pronto. A vida é como o fermento, uma levedura que se move por um minuto, uma hora, um ano, um século, um milênio, mas que por fim terá paralisados os movimentos. Para manter-se em movimento, o grande come o pequeno. Para manter-se forte o forte come o fraco. O que tem sorte prolonga o seu movimento por mais tempo – eis tudo”.

Os valores éticos não eram os do “mundo civilizado” de onde Van Weyden provinha. A Ghost tinha seus próprios valores éticos e morais:

“- Por que não atira? indagou ele. Pigarreei para limpar a garganta. - Hump, disse Larsen com lentidão, você não atira porque não pode atirar. Não é medo. É impotência. A sua moralidade convencional fez-se mais forte que os seus instintos. Não passa dum escravo das ideias assentes na terra onde viveu e dos livros que leu. O código dessa terra foi embutido no seu cérebro desde a meninice, e a despeito da sua filosofia e do que aprendeu comigo nesta Ghost, esse código não o deixará matar a um homem desarmado que não resiste".

Além disso, também sofri muito com o mar. Sério... Eu não aguentava mais água... Era tanta vela, tanta chuva, tanto frio, tempestades, ondas... nossa, cheguei a ficar mareada em alguns momentos (acho que me recordei da péssima experiência que tive em um catamarã). Isso sem contar na caça às focas, pobrezinhas... Eu fiquei horrorizada com a crueldade de todos, pude sentir o cheiro de sangue em alguns momentos. Acho que esse foi o primeiro livro a me causar tais sensações físicas.

Enfim, percebi a importância da ação e da satisfação que nos dá ver um trabalho realizado, erguido, completo, concretizado.



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Leonardo Matos 09/08/2012

Livro fantástico
Está procurando um ótimo livro para ler esses dias? provavelmente encontrou!

O Lobo do Mar traz uma história empolgante, cruel, polêmica, e porque não... romântica!
O contraste de um homem bem civilizado que amadureceu por entre os livros e um capitão de um navio de pesca rígido, manipulador, as vezes violento mas com um conhecimento enorme. Isto somado as aventuras em alto mar, regadas a um triângulo amoroso proporciona ao leitor, uma história inesquecível.
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João Souto 21/07/2012

Uma grande obra
O meio faz o homem ou o bestializa. Essa é a tranformação de Hump, um crítico literário, em um homem capaz de enfrentar as advesidades e descobrir a si próprio e toda a potencialidade de seu corpo e mente.

Wolf Larsen é seu oposto, mas também é Hump que o admira ao mesmo tempo que o teme e repugna. Em vários momentos os diálogos parecem a reflexão do próprio autor sobre a posição do homem na sociedade e que melhor postura adotar se o "certo" é aquilo que o meio exige dele e não o que se lê ou acredita. O real sobrepõe as ideias, formulam novas ideias sobre conceitos já conhecidos.

É impossível ler O Lobo do Mar e se questionar se o temido Wolf Larsen na verdade pensa a vida como ela é e não como deveria ser. Em vários momentos percebi a genialidade do personagem de Jack Lodon como algo a se refletir.

Um leitura altamente recomendada. O livro é intenso e uma jornada nos mares da mente e da alma.
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jota 19/03/2012

Não é Moby, estúpido, é Lobo
Aqui não há cachalotes que atacam e destroem barcos ou navios, como em Moby Dick. A fera deste livro é um marinheiro sagaz e cruel que se chama Lobo Larsen. Que também é irônico, muito irônico, e vive citando Nietzsche e Darwin. Muito apropriadamente, dado o seu comportamento e o ambiente em que impera.

Ele é o capitão da escuna Ghost e inferniza a vida de seus subordinados. Também a vida de Humphrey van Weyden, que foi resgatado num naufrágio e se torna praticamente seu escravo.

O Lobo do Mar é uma história movimentada o tempo todo, até parece um western (poeira em alto mar?). Quando não é o mar que apronta alguma para os marujos ou a escuna, tem alguém brigando ou o próprio capitão Larsen lutando contra seus comandados. E todos querendo matá-lo.

Eles formam um bando de homens rudes dentro dessa escuna que se desloca para o Japão à caça de focas. Humphrey ou Hump, que foi resgatado de um naufrágio e é um sujeito civilizado e culto está vivendo dias infernais nessa nau de insensatos. É ler para crer - você quase sente o mau-cheiro que impregna a todos. Nada estranho, o autor é, afinal, Jack London.

As coisas se tornam mais dramáticas (e também românticas) quando uma mulher, Maud Brewster, escritora, é resgatada de outro naufrágio (ocorrem vários deles durante a narrativa). Hump, o civilizado, se apaixona por ela. Larsen, o bruto, quer tê-la à força.

Hump e Larsen: dois homens em conflito. Ou o bom e o mau; o feio é o confronto sangrento em que se veem envolvidos pela "posse" da mulher. Quem irá sobreviver e ter Maud nos braços ou à força? Larsen ou Humphrey? Tem que ler para saber.

Lido entre 11 e 19.03.2012.
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