Spy Books Brasil 24/03/2023
A história se repete?
É impossível não sair desta leitura, em 2023, com a sensação de que a história se repete e se repete e se repete... Na fundação da República, depois do Marechal Deodoro, fraco e doente, tivemos um ditador militar que encarnava o Salvador da Pátria. O Marechal de Ferro, Floriano Peixoto, era uma figura absolutamente autoritária, imprevisível, que fechou o Congresso e ameçou o STF inúmeras vezes e que ao término de seu mandato, se recusou a passar o cargo ao sucessor, Prudente de Morais, primeiro presidente civil da história do Brasil. Mais que isso: entregou o Palácio dos Arcos, então sede do governo, sem escrivaninhas nem cadeiras, com móveis destruídos a baioneta. Alguma semelhança com episódios recentes da história brasileira? Então pasmem com esta descrição, feita por Euclides da Cunha, acerca da figura de Floriano: "O herói, que foi um enigma para os seus contemporâneos pela circunstância claríssima de ser um excêntrico entre eles, será para a posteridade um problema insolúvel pela inópia completa de atos que justifiquem tão elevado renome. (...) Cresceu, prodigiosamente, à medida que prodigiosamente diminuiu a energia nacional. Subiu, sem se elevar — porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país, sem avançar — porque era o Brasil quem recuava... (...) E foi assim — esquivo, indiferente e impassível — que ele penetrou na História." Sério, chega a ser assombroso!