Kris Monneska - Conversas de Alcova 30/01/2016Uma branca de neve que eu nunca imaginei :PO que falar dessa releitura de contos de fadas que mal comecei a ler e já considero pakas? Eu queria fazer essa resenha em vídeo, mas a falta de câmera não me permite, talvez em outra oportunidade eu faça e atualize o post com ela. Agora vamos lá.
Veneno não é um livro que se leia em busca de um ideal, ou de acumular conhecimento/cultura, se é isso que você tem em mente, tente ler uma obra mais densa. Veneno é uma leitura leve, sutil, que se faz pra relaxar, não estou dizendo que não há o que absorver-se na obra, estou dizendo que não é a leitura ideal para quem tem esse intuito.
Como a junção: título, capa e sinopse deixam claros, essa série é uma releitura dos contos de fadas para adultos. Veneno não é livro pra crianças. um dos fatores mais marcantes da obra é a desconstrução de vários padrões que acabaram sendo criados a partir da versão "Disney" desses contos de fadas.
No livro conhecemos uma madrasta que é má, mas que não é má apenas por ser, ela não nasceu assim e a narrativa vai nos mostrando esse aspecto, algo que eu nunca vi sendo abordado em outras obras Paralelamente conhecemos Branca de Neve, uma princesa, bela, simpática e querida por todos, até ai os clichês se repetem, porém quando chegamos na parte comportamental ela foge completamente. Branca de neve leva uma vida livre, usa calças masculinas, ao invés dos espartilhos determinados as princesas, cavalga os cavalos mais perigosos do reino, bebe e socializa com os anões, que correspondem a casta mais baixa do reino. O Embate entre elas não acontece devido a inveja que a Madrasta má sente da bela e jovem enteada, Lilith é tem só 24 anos (quatro anos mais velha que branca de neve) e é tão bela quanto, há inveja, sim, mas nem ela mesma sabe do que é ao longo da narrativa que nós vamos entendendo junto com ela sobre esse sentimento. O famoso espelho, não é um amigo, ele parece mais uma maldição que planta a discórdia, repetindo o tempo todo:
"- Todos a amam, não é? E é tão fácil ver o porquê. É boa, bela e, além disso, livre e selvagem. Ela terá vários príncipes por quem se apaixonar. Não é? Ela não é bonita?"
Os anões nessa versão não trabalham por trabalhar e não cantam de feliz, eles são explorados nas minas do Rei, mas ainda assim conseguem amar a filha de quem os explora.
Na trama ainda interagem personagens de outras fábulas, aos quais eu não vou citar para não roubar aos que resolverem ler o sabor dessas descobertas. E se o correr da narrativa é interessante e inovador, o final é completamente surpreendente e nos faz querer correr imediatamente para a sequência.
Eu curti bastante a leitura, achei que ela correspondeu completamente ao que a autora propôs, gostei da visão dessa nova Branca de Neve, mais livre, dona de si, sem tantos recatos. Na minha concepção a autora conseguiu reescrever esse conto encantadoramente e retirar esse estigma de princesa casta e submissa que a Disney perpetuou durante anos. Gostei também da condução da narrativa, a escrita da Sarah é fluida, e atual, sem muitos enfeites, mas também sem perder a essência dos contos de fadas.
Sendo assim, se você é do tipo de leitor que gosta de mudanças, surpresas e não é dado a muitos pudores recomendo a leitura, caso contrário digo que pensem, pois sem dúvidas os contos de fadas da Sarah Pinbourogh podem destruir a ilusão da infância dos mais puritanos.
A diagramação do livro está muito bonita, a minha edição do livro é econômica e ainda assim é notável o cuidado que a editora teve com a publicação, os detalhes a cada mudança de capítulo, são um charme a mais no trabalho. A capa é simplesmente incrível e não notei erros na revisão durante a leitura.
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http://www.conversasdealcova.com/2016/01/resenha-veneno-sarah-pinbourogh-saga.html