chbmoura 28/10/2020
Valter Hugo Mãe é um beletrista por excelência: ele esmera-se no manejo das palavras, trabalhando-as, recontando várias vezes a mesma história, se necessário for, para alcançar sua perfeição. Seu estilo, recheado de lirismo e metáforas, rende belos e deleitosos momentos ao leitor.
Este estilo, porém, torna-se repetitivo ao longo das páginas. As idas e vindas da narrativa em torno do mesmo ponto pouco acrescentam à história e à construção dos personagens. A mim, pouco interessava ler pela enésima vez, agora escrita de uma maneira diferente, mais embelezada com novas alegorias, sobre a irmã morta, o namorado esquisito, o pai poeta, a mãe perturbada, “a tia ursa” ou sobre deus, que é a Islandia. O livro, que de início encantava, vai aos poucos ficando arrastado, até o ponto de aborrecer. Fica a sensação de que sobram ideias para o formato e faltam para o conteúdo.
Esse foi o terceiro livro de VHM que li. A primeira impressão foi positiva. Vi muito potencial e fiquei bastante curioso por conhecer mais de seu mundo literário, afinal não é a todo instante que se encontra um escritor com estilo tão próprio e bem definido. Entretanto, com essa nova leitura, dou-me por satisfeito. Seu estilo não é para mim - prosa poética como um todo. Parece que já extrai tudo que poderia aproveitar de sua obra. Reconheço-lhe qualidades, inúmeras, mas agora prefiro olhar para outros autores, de modo a ampliar meu horizonte literário.