Gabriela 01/10/2017
Confesso que depois de ler uns comentários do pessoal no aplicativo da TAG eu fiquei com um pé atrás, achando que ia ser meio chato. O começo foi como estava esperando, mas depois fui fisgada, lia em todo momento que podia e acabei gostando bastante.
Primeiro, tenho que dizer que o fato de ter gostado do livro "Limonov", não quer dizer que gostei da pessoa Limonov. Achei Eduard Savenko, ou Limonov como ficou conhecido, um homem arrogante, egoísta, narcisista, etc. Eu o desprezei por boa parte do começo do livro e foi isso que não estava deixando a leitura engrenar. Só que quando me decidi não focar tanto no que pensava sobre o caráter de Limonov, mas na história que estava sendo contada, foi que tudo melhorou.
Quando a narrativa foi chegando em 1989, nos momentos em que a URSS começa a ruir, senti que o grande protagonista deixou de ser Limonov e passou a ser a própria Rússia. Foi legal acompanhar este momento histórico de um ponto de vista mais pessoal, na visão de Limonov que tentava encontrar uma forma de fazer história também, e na visão do próprio Carrère que, como a maioria, tentava entender o que estava acontecendo.
A segunda metade do livro foi a melhor por causa disso e também porque foi nela que se mostrou a melhor face de Limonov. Acho que seus melhores momentos foram na cadeia quando, segundo o autor, ele deixou o narcisismo um pouco de lado e foi ouvir os detentos ao seu redor, narrar a história deles, não só a própria, como ele vinha fazendo desde que começou a escrever. Então, terminei o livro não gostando de Limonov, mas sem achá-lo asqueroso, como no início. Deu até uma vontade de ler "O livro das águas" que ele escreveu durante a prisão.
Chamam o livro "Limonov" de romance de não-ficção, onde o autor retrata a vida, ou parte dela, de alguém real, fala de fatos que realmente aconteceram, mas sob sua própria perspectiva, talvez até sendo "criativo" ao narrar sentimentos ou pensamentos do "personagem". Emmanuel Carrère narra tudo em primeira pessoa, de maneira dinâmica e de fácil compreensão. Embora minha ignorância sobre literatura, e sobre a história mesmo, da Rússia tenha ficado bem evidente conforme lia.
Só não gostei muito dos momentos em que o autor narrou episódios da própria vida que nada tinham a ver com Limonov, achei meio despropositado. De qualquer forma, foi mais uma boa experiência que a TAG me proporcionou e que eu perderia, pois não compraria o livro por mim mesma.
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