Água viva

Água viva Clarice Lispector




Resenhas - Água Viva


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Yerka 31/03/2020

O objeto gritante
Água viva é um livro que pulsa. Pulula em nossas mãos. A frase inicial (Aleluia, aleluia) me fisgou e eu me vi desamparado num mundo fantástico e soturno de grutas, alamedas misteriosas e silêncio. Tudo amalgado na prosa fantástica de Clarice. Lispector escreve como uma recém iniciada no mundo. Como se ela chafurdasse no próprio mundo dos símbolos e nos desse de presente esse isto, por pura necessidade do gozo e da catarse de escrever. "Quando não escrevia estava morta". Suponho que Clarice sofreu muito, de um solidão que poucos entes de nossa espécie já sentiram. Clarice é o maná que desce e nos umedece no silêncio de uma assustadora madrugada. Não se pode fazer nada, quando nos acometeu já é tarde.
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Dani Carrara 02/04/2020

Instante
Leitura dinâmica, com fluidez e transparência. Parece aqueles papos filosóficos com os amigos numa mesa de bar as 4h da manhã. Sem tema, sem linearidade, o pensamento apenas flui.

"Vivo de uma camada subjacente de sentimentos: estou mal e mal viva".
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Camila 09/04/2020

Dificil resenhar uma obra tão complexa. Me perdi inúmeras vezes ao longo da leitura, não porque as palavras soavam incompreensíveis, mas porque me sentia SENDO compreendida, pelo livro e por mim mesma, e isso foi, por vezes, estarrecedor. Não se trata de uma leitura, e sim uma experiência, que assim como tudo o que foi deixado por Clarice, carece ser retomada e destrinchada.
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Murasakibara12 29/04/2020

Heroicamente livre
Não é um livro de história, é um Agamenon de sensações, identidade e mutações. Um redemoinho de instantes. Uma obra sobre o tempo e sobre o ser que quase não é (como a água viva).
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Kiki 02/05/2020

Complexo e simples...
No início tive dificuldade com a leitura, achei complexa e sem nexo...de repente toda complexidade foi se simplificando.
A leitura se tornou clara; alguns parágrafo esclarecedores e libertadores.
Ler livros da Clarice é assim, você se depara com frases que parecem sair da sua cabeça apesar de toda complexidade. Ler Clarice é sempre libertador e apaixonante.
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Marcelo 03/05/2020

Clarice captou o instante
Há alguns anos, quando li que Cazuza dizia haver lido Água Viva 111 vezes, achei a afirmação inacreditável e exagerada. E ainda acho, para ser sincero. Mas se era verdade, agora eu o entendo. Ler esta novela peculiar e literalmente sem enredo foi como me olhar no espelho, só que para além da carne e do osso. Eu terminei este livro, mas ele ainda não me terminou. Ele continua.
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Steph.Mostav 04/05/2020

Antilivro e antiliteratura
É difícil descrever esse livro, até porque ele é inclassificável. Antilivro, antiliteratura, antificção. Cem páginas sem início nem fim, só o meio - não digo só clímax porque os momentos de tensão são alternados com momentos de relaxamento. É uma espécie de poesia em prosa, mas também pintura escrita, música em palavras, voz transcrita. Lispector explora a existência nessa espécie de discurso gritado a respeito da vida e da morte (não é pra menos que o livro já se chamou Objeto gritante), mas também busca o impessoal, o nada, o "it". Quer usar da linguagem não para explicar ou simbolizar nada externo, mas sim a própria linguagem. Trata do momento-já, do instante da criação para falar desse mesmo processo enquanto escreve. Mais que uma leitura, Água Viva é uma experiência, ilimitada porque não se aceita restringir em um ou em muitos gêneros. Lispector conseguiu atingir a intenção da narradora: Água Viva não é alguma coisa - apenas É. "A intenção é a de reproduzir com a palavra aquilo que na pintura se consegue pela arte abstrata, a tentativa de captar uma realidade para além dos limites da forma."
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Lipe 20/05/2020

Clarice Lispector, nossa tão primorosa educadora existencial, escreve esse monólogo ficcional em forma de carta para falar sobre o "é da coisa", do "instante-já" como forma de necessidade de reconhecimento do presente, do momento, do real. É uma leitura que requer "o sentir da protagonista", que vai lançando às pinceladas os seus pensamentos, como uma artista faz com as cores.
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Mauricélia 31/05/2020

Viver com a alma ardendo!
Ler Clarice Lispector é um desafio. Há quem diga que ela se enquadra na máxima "ame-a ou deixe-a"! ?Apesar de já ter experiência a partir de outros textos da autora, de quem gosto muito, essa obra me tirou completamente da zona de conforto, mesmo sendo uma narrativa curta. "Água viva" é a palavra que exalta, rebaixa, desvenda, desnuda, queima!! Melhor título não poderia haver! .

Uma voz feminina escreve a um "tu" masculino, começando com a descrição da sensação contraditória de liberdade e o medo que ela traz. Uma alegria por se sentir agora livre e o medo do que estar por vir. A partir daí, escreve de forma fragmentada, caótica, em fluxo de consciência com quebras bruscas de assunto e de tempo. O que importa para a narradora são os sentimentos do instante, aquele que quando se pensa, já se desfez! .

O livro é uma forte prosa poética com passagens líricas, com um pouco de romance, diário, conjecturas filosóficas... Não há um enredo, divisão de capítulos, nem tema central; foge e quebra o convencional como somente Clarice sabe fazer com maestria. .

E nessa desconstrução literária, nessa perturbação e calmaria da protagonista pintora, a voz feminina fala de religiosidade, amor, morte, solidão, tempo, o estar no mundo, a entrega, assim como fala de objetos e suas funções, atribuindo a eles comparação de seres animados. .

Precisei de tempo e paciência para vencer esse lindo desafio. ? Alternei a leitura com outros livros. É um texto que traz profundas reflexões e passagens belíssimas! Para quem quer conhecer Clarice, não recomendo começar por "Água viva", mas sim por "A hora da estrela" ou pelos contos. . "O que estou te escrevendo não é para se ler; é para se ser", ela escreve. É isto: Clarice não é para se entender; é pra sentir???! . . .
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AnnaFernani (@maeefilhaqueleem) 01/06/2020

Em Água Viva temos uma pintora q resolve escrever. Ela coloca no papel tudo q vem a sua cabeça, todos os seus pensamentos, diretos, sem filtros, explicação, as vezes até sem nexo, de uma forma poética dramática e profunda, não tem como não se encantar e viajar em seus pensamentos.

Vc não tem como saber onde é um personagem e onde é auto biográfico, por mais q ela tenha afirmado q não era auto biográfico, mas não tem jeito.... Esse livro é pura Clarice.
Eu nunca tinha lido nada dela, e viajei em sua escrita, diferente de tido q já li, então acho q todos na vida deveriam ter a experiência e de ler Clarice!!
Essa edição é linda e possui os manuscritos de quando Água Viva era Objeto Gritante, muito mais auto biográfico, porém q sofreu cortes e modificações pela própria Clarice.
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Brenda 17/06/2020

Ah, viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não pára, viver parece ter sono e não poder dormir ? viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.
Eu não te disse que viver é apertado? Pois fui dormir e sonhei que te escrevia um largo majestoso e era mais verdade ainda do que te escrevo: era sem medo. Esqueci-me do que no sonho escrevi, tudo voltou para o nada, voltou para a Força do que Existe e que se chama às vezes Deus.
Tudo acaba mas o que te escrevo continua. O que é bom, muito bom. O melhor ainda não foi escrito. O melhor está nas entrelinhas.
Hoje é sábado e é feito do mais puro ar, apenas ar. Falo-te como exercício profundo de mim. O que quero agora escrever? Quero alguma coisa tranquila e sem modas. Alguma coisa como a lembrança de um monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas quero de passagem ter realmente tocado no monumento. Vou parar porque é sábado.
Continua sábado.
Aquilo que ainda vai ser depois ? é agora. Agora é o domínio de agora. E enquanto dura a improvisão eu nasço.
E eis que depois de uma tarde de ?quem sou eu? e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero ? eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. e você é você. É vasto, vai durar.
O que te escrevo é um ?isto?. Não vai parar: continua.
Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.
O que te escrevo continua e estou enfeitiçada.
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nataliaknows 27/06/2020

Clarice e a captura do instante.
Água Viva não é livro, é anti-livro: sem forma, sem intenção, sem ritmo. A obra é conduzida, dentro do possível, pelo improviso (escrita livre e sem preparo prévio) em prol da captura da essência do agora, ou instante-já, como ela se refere.

O resultado é uma viagem sem volta em reflexões aleatórias e caóticas, tocando em diversos assuntos: flores, espelhos, animais, morte e tudo mais que emerge da consciência borbulhante da autora.
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matlima 29/06/2020

Fluxo rico, diversificado e profundo de ideias
Com um fluxo incessante de ideias na forma de prosa, a autora consegue tratar desde os temas mais íntimos de seu ser, mas tangenciando os questionamentos mais amplos do universo: o que somos, o que é o tempo etc.
Em alguns pontos o livro é confuso, mas no geral é genial. Além de ser uma interessante experiência literária, é uma verdadeira aula de escrita em que a narradora narra algo que não se encaixa como narrativa.
Difícil entender o objetivo de Clarice. Parece uma mensagem para um desconhecido e, ao mesmo tempo, para todos nós sobre o que ?é?, sobre o agora que tanto se busca e nunca se encontra.
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kiki.marino 29/06/2020

Não raciocine,sinta
Se esse livro fosse uma música seria "Jig of Life" da Kate Bush,conversas,divagações, reflexões, vários "eus",presente passado futuro,de um só corpo? O ciclo da vida é infinito, questões sobre matéria e essência, vida e morte...
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Marcelo217 03/07/2020

Intrigantemente bom e ruim
Eu dei três estrelas, mas na verdade queria dar uma e ao mesmo tempo cinco! O livro em si parece um grande emaranhado de pensamentos soltos, mas é preciso reconhecer o trabalho dela de preencher esse tanto de páginas apenas balbuciando coisas aleatórias. A escrita enquanto é tosca algumas vezes, também é orquestrada de uma maneira maravilhosa. Mesmo as diversas temáticas sendo superficiais, íntimas e muitas vezes sem aparente importância, é crua, real e sincera!
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