Ruan Ricardo Bernardo Teodoro 28/01/2023
O Coração do Homem não é feito de Mentiras
Nesse ensaio, Tolkien traz uma defesa apaixonada da fantasia e dos contos de fadas, explicando um pouco da sua visão em relação à criação literária desses contos. Estes, como defende o escritor, têm por função não só entreterem crianças, como também servirem de meio para conectar o ser humano à Feéria, isto é, ao mundo dos seres fantásticos cuja imaginação humana é sempre atraída.
Olha, eu gostei do ensaio, percebe-se o valor que Tolkien dá a esse gênero literário. Mais do que puro escapismo, a fantasia para ele torna a realidade mais suportável e interessante (e, porque não, mágica). Além disso, Tolkien identifica o escritor como subcriador, ou seja, uma criatura feita imagem e semelhança de seu Criador (C maiúsculo) a qual foi concedida a habilidade de criar novas histórias e, assim, engrandecer ainda mais a obra do Criador originário.
Percebe-se nesse último ponto, a profunda experiência cristã que o professor de Oxford compartilha em suas obras (SDA, Hobbit, Silmarillion, etc). Nessa mesma experiência, Tolkien nos convida a perceber que, embora aquilo que possamos criar possa decair e se corromper ao longo do tempo, todas essas coisas podem contribuir para a beleza da Criação primária ao serem redimidas.
Acho lindo o testemunho que o autor traz em suas obras. Elas são divertidas, alegres, trágicas, belas e fantásticas. Nesse sentido, as obras de Tolkien são como uma ode à Criação que brota do coração (do interior) (e não é atoa que ele descreve com tanto zelo bosques, rios, montanhas, árvores e afins; e é pelo mesmo motivo que é importante cuidarmos do meio-ambiente se quisermos preservar aquilo que recebemos). Talvez caiba aqui a velha e conhecida máxima platônica: "Tudo o que é bom, belo e justo anda junto".
Sem me alongar mais, o ensaio "Sobre histórias de fadas" é um texto riquíssimo (e curto demais) sobre esse encantador gênero literário. O mestre Tolkien, certamente, é um dos meus autores favoritos.