Sara 25/01/2021Exemplo de ficção científica"Um único pensamento se repetia na mente de Reinhold: 'A raça humana não estava mais só. ' "
São muitos os livros cujo plano de fundo é a chegada de alienígenas na Terra, seu impacto sobre a humanidade, suas maléficas intenções e seus planos pra acabar com a humanidade.
"O fim da infância", obra escrita em 1953 por Arthur B. Clarke, foge desse padrão que parece ser intrínseco a obras desse gênero. Ele é um livro contemporâneo e que ultrapassa até mesmo as questões existencialista também típicas de livros de ficção científica.
O cenário é os Estados Unidos durante a Guerra Fria, em meio às pesquisas espaciais e a constante ameaça de um conflito bélico com a União Soviética. Uma humanidade devastada pelas guerras recentes fica amedrontada quando seis naves se posicionam acima de capitais ao redor do mundo, e acima de tudo: não se revelam. A única forma de comunicação dos Senhores Supremos (apelido carinhoso dedicado aos desconhecidos) é através de um só homem: o secretário-geral das Nações Unidas, uma autoridade simbólica.
Aos poucos, a vida humana vai mudando em direção ao tão sonhado progresso, que nunca acaba. Os países são destituídos, os investimentos bélicos acabam, os alimentos são igualmente distribuídos ao redor do planeta e a mesma pergunta permanece: quem são os Senhores Supremos? Qual a verdadeira motivação deles?
Aos poucos, os Senhores Supremos tomam a responsabilidade sobre os seres humanos sem que a humanidade perceba que está doando sua liberdade, sempre em prol do que é melhor pra todos. Somos poupados do trabalho, do esforço de sobreviver. Grupos de resistência são desnecessários e vazios, não há porquê resistir aos Senhores Supremos, mas não há punição a quem o faça. Eles são simplesmente bons.
Mas não se revelam. Não dizem a motivação de suas ações e parecem especialmente interessados nas capacidades da mente humana, assim como impedem que qualquer pessoa desenvolva estudos sobre os planetas e o universo. "As estrelas não são para o homem", afirma Karellen, o principal Senhor Supremo.
Um intenso questionamento sobre a liberdade humana, os custos do desenvolvimento e nossa disposição a sempre obedecer a líderes e forças invisíveis mas que nos instruem diariamente, livro impecável e merece ser lido e relido.
Resenha postada em @estantedascinco.