spoiler visualizarJessica 17/12/2015
Ao terminar de ler Paraíso Perdido, fechei o livro e sorri. “Continua em a Batalha do Apocalipse”. A frase ficou presa na minha cabeça e eu sorri lembrando os demais livros. Sorri porque não podia imaginar um final para essa incrível tetralogia de Eduardo Spohr. Sorri porque havia terminado uma aventura que iniciei há seis anos quando, por muita insistência do meu irmão (temos que amá-los não?!), li a Batalha do Apocalipse. É praticamente impossível falar de Paraíso Perdido sem mencionar os demais livros.
Eu tomei conhecimento da trilogia Filhos do Éden logo depois de ler A Batalha do Apocalipse (ABDA). Confesso que tive um pouco de receio de ler a obra Herdeiros de Atlântida (primeiro livro) principalmente pela ausência de Ablon, herói de ABDA. Por ter me apaixonado pelas personagens de ABDA, não tinha certeza de como me sentiria em relação as novas personagens inseridas nesse universo que tanto havia me agradado. Porém, decidi tentar, afinal, eu já havia cometido o erro de não ler ABDA antes por pura teimosia, eu não queria cometer outro erro com filhos do Éden, não custava dar uma chance, certo? E então aconteceu. Conheci Kaira, Levih, Urakin, Yaga e, claro, Denyel. Se eu estava achando que as personagens eram apenas boas até aquele momento, era porque eu ainda não havia conhecido Denyel. “Vai acordar vivos e mortos”, antes que eu pudesse evitar, eu já estava envolvida. Herdeiros de Atlântida faz isso, sem que você note, você começa a vivenciar a história, de forma leve ela flui naturalmente, é uma leitura fácil.
Após tal tipo de leitura, nada pode ser melhor do que ver o crescimento dessas personagens, como elas desenvolveram seu jeito de ser, o motivo de suas atitudes no livro anterior, entender certas cenas que a princípio não faziam muito sentido, citações a eventos anteriores que não eram conhecidos no primeiro livro. Conhecer novas personagens envolventes e em seguida ter que dar adeus a elas. Anjos da Morte traz todos esses elementos. O livro mostra a queda de Denyel, mostra que tudo pelo que passamos deixa uma cicatriz, e esta pode nos mudar.
Nesse momento a história já havia me cativado e tudo que eu queria essa saber come seria o desfecho. Mas, nesse meio tempo, não dava para evitar certo sentimento de saudades em relação à Ablon. Apesar de Denyel ser uma personagem incrível, complexo que conquista a qualquer leitor com seu jeito irônico (característica que mais me chamou a atenção), em contraste, Ablon é o típico herói que não pode ser corrompido. Se Filhos do Éden era uma prequel, qual era o problema do Ablon aparecer? E em uma postagem do facebook, Eduardo Spohr nos presenteia mais uma vez, com uma simples frase que continha os nomes de Ablon, Ishtar e Orion. Depois disso, a espera por Paraíso Perdido foi torturante, não apenas pela menção ao nome de Ablon, mas também pela menção a Ishtar, uma personagem que não pudemos conhecer muito bem em ABDA.
Paraíso Perdido é tudo que um leito de Filhos do Éden poderia querer. Eduardo Spohr narra com maestria o final (ou seria o início?) de sua tetralogia.
Paraíso Perdido começa exatamente onde Anjos da Morte termina. Logo no início mergulhamos no mundo de Asgard no qual somos jogados diretamente em batalhas épicas com direito a cavalarias e a deuses da mitologia nórdica. Nessa fase fica clara a dedicação do autor através da pesquisa necessária para a inclusão de todos os fatos que ocorrem. Em seguida, na segunda parte do livro, somos levados ao mundo pré-dilúvio, onde nos encontramos com um Ablon um pouco diferente daquele que conhecemos em ABDA. Vemos como ele aprendeu a Ira de Deus, vemos a criação de sua personalidade, como a Haled o influenciou a se tornar o herói de ABDA. E finalmente, na terceira e última parte, temos a convergência das duas fases apresentadas anteriormente. A luta contra o vilão (dependendo do ponto de vista) Metatron em dois momentos distintos: Sua captura por Ablon antes do dilúvio e, sua luta contra Kaira após sua fuga da Gehena.
A leitura é agradável, dinâmica e termina de forma justa. Spohr dá um final digno a suas personagens, bem como uma explicação convincente para minha maior preocupação em relação a novas personagens neste universo: porque estes heróis não estariam em ABDA? Como esperado, o autor não deixa pontas soltas, nem mesmo esta. Denyel recebe um final digno, o único final que poderia ser possível para um herói.
Durante a leitura tive, ainda, a surpresa de encontrar algumas referências aos Cavaleiros do Zodíaco, como a espada na bainha, o truque mental de Metatron ou, ainda, a luta contra Kha. Essas menções causaram certa nostalgia.
Paraíso Perdido é o tipo de leitura que você quer terminar depressa para saber o final, mas ao mesmo tempo não quer terminar de ler porque isso significa dizer adeus a uma história incrível. É o tipo de livro prazeroso, que te transporta para o cenário descrito, uma vez que as batalhas, as personagens e seus conflitos internos são absurdamente bem trabalhados o que acaba cativando o leitor.
Dói ter que se despedir dessa história, é uma alegria amaga, mas como diria Ablon: “Os fortes lutam. E é isso o que vamos fazer.”.
Jéssica Proença