Luciano Otaciano 14/05/2022
Livro espetacular!
Ler sobre guerras sempre é uma experiência que vai além do texto, pelo menos para este que vos escreve. No caso dos romances, escolher colocar o leitor na posição vulnerável de um mero espectador sujeito aos eventos futuros de um cenário caótico e extremamente perigoso é um papel que pode ser certeiro ou catastrófico. No caso de Ken Follett em As espiãs do dia D, a segunda opção não acena nem de longe.
Em poucas páginas, o autor – conhecido pela trilogia O Século e pelo sucesso Os Pilares da Terra – prende a atenção e vai entregando aos poucos o que vem a ser um excelente livro de ação. O calhamaço passa das 520 páginas na edição Pop Chic da Arqueiro, mas o leitor nem sente de tão fluida e envolvente que é a leitura.
Através de uma narrativa cronológica marcada pelos dez dias da missão principal, a trama se desenrola entre os diversos personagens, mas principalmente entre Felicity “Flick” Clairet e Dieter Franck. Ela é uma espiã inglesa à frente da organização que quer atacar a maior central telefônica da Europa. Ele é um oficial alemão de uma das tropas e está tentando acabar com a Resistência Francesa a todo custo.
O jogo de gato e rato entre estes dois personagens permanece até as últimas páginas do livro e são desenvolvidas com maestria por Follett, que consegue ser cruel e despertar gatilhos fortes no leitor quando escreve pela perspectiva de Dieter, e extremamente calculista e dinâmico quando os olhos estão voltados para Flick.
Para além e do conceito de certo e errado, Follett também se aprofunda nas raízes mais dolorosas e sujas não só da 2ª Guerra Mundial, mas também de cada personagem. Dieter é responsável por prender, torturar e até matar muitos inocentes para conseguir mínimas informações. Despindo-o da posição de oficial alemão, Dieter tem duas crianças e uma esposa em casa, a qual trai com uma francesa por quem está se apaixonando aos poucos. Flick sonha em terminar seu doutorado, ter filhos, conhecer Nova York… mas a guerra a fez tomar uma responsabilidade que não esperava. O casamento não vai bem, seu marido a está traindo com outra mulher da Resistência e ela está começando a ter sentimentos por outro homem também. Bem, seres humanos.
A ação está presente do início ao fim e é capaz de abalar e surpreender em diversos momentos. Bombardeios, planos que caem por terra, espionagens de ambos os lados, pessoas capturadas e cenas de tortura são alguns dos elementos utilizados pelo autor e que fazem a história não ter uma pausa sequer. O que parecem meses, na verdade, são apenas dez dias. Em resumo, AS ESPIÃS NO DIA D é uma ótima recomendação para quem busca um livro tenso, rápido e envolvente, uma vez que, a obra não deixa a desejar em nenhum quesito!
Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima!