A vegetariana

A vegetariana Han Kang




Resenhas - A Vegetariana


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Ana Sá 29/05/2023

Onde está o pedaço de carne?
Um livro angustiante e violento. Mas é bom! Dolorosamente bem executada, esta é uma narrativa de muitas camadas. E o vegetarianismo é o que menos importa aqui.

"A vegetariana" (2007), da escritora sul-coreana Han Kang, é uma obra dividida em três partes, sendo que cada uma delas é narrada por um membro da família da protagonista. É através deles que temos acesso a relatos sobre a decisão repentina de Yeonghye de parar de comer carne. Não por ideologia, não por saúde, não pelo meio ambiente. Sua justificativa para jogar fora toda a proteína animal que havia na geladeira são seus sonhos. "Eu tive um sonho", repetirá a protagonista.

Logo no início da narrativa perceberemos que a atitude de Yeonghye está/estará associada, em alguma medida, com um distúrbio mental. E então ficamos por um tempo, ou talvez todo o tempo, tentando perceber se estamos diante de um terror psicológico ou de um terror fantástico, pois esse flerte com o universo onírico de Yeonghye torna a história bastante obscura. Soma-se a isso a ausência da voz da protagonista... Seriam a visão do marido, do cunhado, da irmã, versões confiáveis da tragédia que se inicia com a decisão de não comer mais carne? Aliás, o silêncio/silenciamento da protagonista pode nos levar a coloca em xeque o próprio título do livro. Afinal, ela pretende mesmo se afirmar como vegetariana ou este é apenas o rótulo que atribuem a ela? Por curiosidade, eu fiz uma busca no meu e-book antes de escrever a resenha e só me deparei com afirmações em terceira pessoa ("ela é vegetariana"). Da parte de Yeonghye, encontrei apenas falas de negação/recusa de comer carne, e nada do tipo "sou vegetariana". Coincidência? Eu acho que não...

Como eu disse, o livro é angustiante e violento. Yeonghye segue numa crescente de sentimentos e de atitudes perturbadores que se desenrolam concomitantemente às violências simbólicas e concretas que ela passa a sofrer desde que os sonhos (ou pesadelos) se iniciam. Sabe aquele tio do churrasco que não perde a chance de encher o saco ou de fazer piada com o parente que decidiu se tornar vegetariano? Então, aqui essa figura é levada ao extremo, servindo de metáfora para diversas opressões sofridas pelas mulheres. E é por isso que eu afirmei que o vegetarianismo neste livro é o que menos importa. O brilhantismo da autora está no retrato do patriarcado e da opressão feminina tecidos a partir do gesto de Yeonghye. Óbvio que pode ter no livro aspectos culturais que me escapam, mas "A vegetariana", a meu ver, revela-se uma narrativa universal ao ilustrar o terremoto que um "não" inesperado vindo da boca de uma mulher pode causar.

Optei por escrever uma resenha sem spoilers, então não vou detalhar por que gostei tanto dos três narradores. Posso dizer que achei genial o retrato dos dois narradores masculinos: o primeiro tira qualquer leitora do sério; o segundo também, mas este é acrescido de uma ambiguidade bastante interessante. De novo, não vejo coincidência no fato de de a única voz feminina, a da irmã, ser ouvida apenas no capítulo final. Foi daqueles livros que fechei e pensei: "esta autora sabe honrar a caneta e o papel, há um claro projeto de texto aqui!".

Cabe dizer que eu tenho ficado com um pé atrás com narrativas que retratam a mulher como "triste, louca ou má", sobretudo quando isso vem carregado de cenas de violência. E foi justamente aí que este livro me surpreendeu. Yeonghye está, em alguma medida, "louca", mas ela também foi "enlouquecida". Nada é gratuito; a obra é uma paulada, mas entendemos que cada ato tem o seu papel no todo.

Para quem, por causa do título, possa criar a expectativa de encontrar uma história sobre vegetarianismo, sugiro se questionar: "Onde está o pedaço de carne?". Ele está no lixo da casa de Yeonghye ou está/é a própria personagem, que parece nunca ser vista em sua essência? Qual corpo, afinal, é o corpo violado? O do animal ou o da mulher? - eu avisei que era um livro de muitas camadas, não avisei?

Em suma, este foi o inusitado caso da leitura que me obriga a dizer: "pesadíssimo, fiquei angustiada o tempo todo, terminei o livro mal... recomendo!".

Obs.: a meu ver, o final (apesar de igualmente pesado) é coerente e poético? Eu estava morrendo de vontade de falar sobre ele, mas, como gosto de vocês, optei por engolir os spoilers todos! rs
Chrys 29/05/2023minha estante
Nossa! MDS! Fiquei com vontade de ler agora.. kkk


Barbara M Giolo 29/05/2023minha estante
Nossa com concordo com tudo. Esse livro é uma obra de arte que precisa ser mais exaltado, já li tem mais de anos e ainda lembro em detalhes ?
Achei o final belíssimo ??


JurúMontalvao 30/05/2023minha estante
Wow! ?
Ana é feiticeira!?


Ana Sá 31/05/2023minha estante
Chrys, se ler, volta aqui pra me contar, please! ?


Ana Sá 31/05/2023minha estante
Juliana, qdo vc diz isso eu fico lisonjeada e, confesso, me vem aquela famosa música na cabeça: "uma deusa, uma louca, uma feiticeiraaaa" hahahaha Tento me controlar, mas essa música me invade nessas horas! rs


Ana Sá 31/05/2023minha estante
Barbara, o final não deixa de ser pesado, mas é cheio de sutilezas, né ?? Achei belo tb!


JurúMontalvao 01/06/2023minha estante
?????
Ana, e as palavras não são um tipo milenar de feitiçaria?
Acho q nao vou realmente ler "A vegetariana" pq fico mt mal com leituras assim.
E mesmo assimadd o livro na minha estante ? pq é o que acontece comigo quando leio alguns feitiços, digo, resenhas?
A culpa n é minha se algumas pessoas escrevem como a Nina Simone cantava "I put a spell on you..."??


Ana Sá 01/06/2023minha estante
Juliana, vc é mto generosa e engraçada nos seus comentários! haha Obrigada ?


Cassia_kk 02/09/2023minha estante
Ana obrigada por essa resenha. Tbm terminei esse livro angustiada. Mas não sei ainda se gostei tanto dele não, entendo que teveram muitas críticas a opressão feminina travestida poesia e traços culturais que provavelmente passam despercebidas por nós ocidentais. Bjos


Ana Sá 15/04/2024minha estante
Cassia, só vi seu comentário agora (o Skoob não me notifica!!) e concordo com vc... Com ctz algo cultural nos escapa né! Bem colocado!




Juliete Marçal 17/04/2020

O distanciamento da própria condição humana.
"Foi na madrugada seguinte que vi pela primeira vez o meu rosto na poça de sangue do celeiro."

Ê incrível como "A Vegetariana" guarda tantas perturbações em uma narrativa tão curta!

Esse livro vai narrar a história de uma mulher sul-coreana que se chama Yeonghye, que decide parar de comer carne e produtos de origem animal.

Nessa história vamos saber o que acontece com a Yeonghye pelo ponto de vista de outros personagens, e não pela voz dela. O livro é dividido em três partes e cada uma delas é narrada por uma voz distinta.

A primeira parte é narrada pelo marido de Yeonghye, e foca mais no comportamento da personagem em parar de comer carne e no estranhamento que isso causa à ele e à família. Na segunda parte, narrada pelo cunhado teremos um enredo relacionado ao erotismo e a última parte narrada pela irmã, - é a minha favorita, apesar de esperar algo mais do final -, vai trazer algumas informações da infância de Yeonghye, além de nos apresentar a personagem sob um olhar mais humanizado.

Descobrimos que a personagem resolve parar de comer carne por causa dos seus sonhos. E isso é apenas o início de uma transformação da personagem que vai muito além da mudança de seus hábitos alimentares: ela está se livrando de amarras que ela teve a vida inteira e se distanciando da própria condição humana.

"Eu tive um sonho..."

O título é bem compatível com a visão limitada dos familiares sobre a personagem, que para eles o problema era apenas o fato de Yeonghye ter se tornado "a vegetariana", quando na verdade, as motivações que fizeram com que ela decidisse parar de comer carne não tem nenhuma relação àquelas que motivam normalmente outras pessoas a se tornarem vegetarianas.

"Se ainda havia algo estranho nela, era o fato de continuar a não comer carne. Foi essa decisão - além de todos os seus comportamentos estranhos - o motivo do conflito com a família..."

O que eu senti foi que a família usava o contexto do vegetarianismo para culpar todo o comportamento dela, não enxergando outras questões importantes que a levavam a ser quem ela é muito antes dos sonhos. Quando ela se torna vegetariana, ela deixa de ser a filha submissa, a esposa desinteressante e se torna um familiar estranho. O fato da personagem parar de comer carne, talvez seja, porque ela encontrou isso como uma forma de rejeitar o sufocamento e a violência que as suas relações familiares causavam.

Pra terminar, "A Vegetariana" é um livro bastante indigesto e desconfortável. A Yeonghye tem a necessidade de se desvencilhar de toda opressão, imposição, submissão e violências cotidianas. Deixar de comer carne, de pensar e sentir foi uma fuga que ela encontrou como forma de se libertar da violência e de tudo o que é humano. Enfim, com essa história é possível tirar reflexões de diversas situações que não se restringem apenas a cultura oriental/asiática quando pensamos na anulação da mulher e no domínio patriarcal.

"Preciso me encharcar de água. Não preciso de comida, mana. Só de água."

^^
luhaze 19/09/2021minha estante
Resenha excelente!!


Adriana1037 20/09/2021minha estante
Ótima resenha. Também tive um visão parecida com a sua do livro.


Thamiris Klycia de Moraes 29/09/2021minha estante
Amei sua resenha ?


Juliete Marçal 05/10/2021minha estante
Ahhh, obg meninas! ?


Zilzis 23/01/2023minha estante
Não entendi o final do livro, alguém pode me ajudar?


Rebeca1299 10/07/2023minha estante
Que delícia essa resenha, vou comprar o livro, está decidido!


Vickless 09/03/2024minha estante
Sai mudada desse livro, refletindo muito sobre minha vida e as coisas que sou passiva, como a protagonista e a irmã foram pelo bem familiar. Me marcou, com certeza.




Felipe Sanches 11/07/2016

Edição horrível (Devir)
Esperem sair uma edição melhorzinha, essa da Devir tem erros de digitação, de formatação, de português, a fonte muda inesperadamente durante uma passagem, em outra todasaspalavrasestãojuntas. Desrespeito com a autora e com o texto, que ganhou o Man Booker.
Aline164 22/08/2016minha estante
Nossa, que horror. Achei que o problema fosse "só" a capa terrível, aparentemente feita por um amador sem conhecimento nenhum de design...


Jung 05/10/2016minha estante
Concordo que a edicao esteja com varios problemas... Mas gostaria de fornecer a informacao de que, diferentemente da nova edicao que esta sendo preparada, esta foi traduzida diretamente do coreano, e a traducao recebeu o premio de traducao literaria na Coreia em 2014. Embora possa ser mais bonita, a nova edicao sera uma traducao da traducao (do ingles)...


Fer 06/02/2017minha estante
É bem isso: um ótimo livro sem editor, sem alguém pra cuidar da edição do livro. Uma pena, já que foi traduzido DIRETO do coreano, o que é muito importante. Espero que a Devir corrija isso. :)


Juliana 28/07/2017minha estante
Que pena. Tinha que se pegar essa tradução e publicar corretamente, com uma capa decente. Tradução da tradução, mesmo com boa revisão, é um desastre...


Thiago 14/09/2018minha estante
A nova edição da editora "Todavia", é traduzida diretamente do coreano por: Jae Hyung Woo.


Felipe Sanches 01/10/2020minha estante
obs.: a editora devir lançou uma tradução do mangá uzumaki (a única atualmente no Brasil) e aparentemente tem os mesmos erros dessa edição aqui. Quem quiser pode ir na amazon e ler os comentarios kkkkk




Rodrigo1001 12/11/2019

Pura bala de festim...
Sempre elaborei minhas resenhas de maneira diplomática. Afinal, por pior que seja, sempre é possível extrair algo positivo de um livro. Se você acompanha o que escrevo por aqui, sabe que essa sempre foi a minha tônica, até mesmo porque há inúmeras nuances entre o gostar e o detestar e esses sentimentos são, em grande parte, fruto da própria experiência de vida do leitor, seus valores, suas experiências.

Mas, não com esse livro.

Esse livro é um verdadeiro engodo!

E, portanto, peço licença para, ao menos uma vez, destilar toda a minha cólera nesta pequena resenha. Assim, se você gostou do livro, saiba que minhas críticas são exclusivamente direcionadas ao seu conteúdo e não a quem, por ventura, tenha encontrado algum ponto positivo em suas 176 páginas. Não é nada pessoal, ok?

Pra começar cortando direto na carne, A Vegetariana comete um dos maiores pecados do mundo literário: promete e não cumpre. Toda a hype que se viu em torno desse livro, todo o burburinho e até mesmo o Man Booker Prize que abarcou são pura cortina de fumaça. Na verdade, o fato desse livro ter levado o Man Booker Prize me fez até mesmo questionar a qualidade do que se anda classificando por aí como uma crítica literária de calibre.

Para ter um contraponto e tentar entender todos os elogios que recebeu, me dispus a ler resenhas de quem viu o que não vi, ou seja, de quem gostou do livro. Não foi difícil: há centenas de resenhas internet afora exaltando A Vegetariana. Assim, tive muito com o que me entreter, mas pouco com o que trabalhar. Explico.

A maioria das resenhas positivas destaca a contemporaneidade da obra quase que de maneira unânime. De fato, o livro trata de assuntos bem atuais como alienação parental, abuso, machismo, patriarcado e tantos mais. Ele, porém, comente a grande deselegância (pra não dizer outra coisa!) de capitalizar sobre esses assuntos da maneira mais sórdida possível: não trazendo absolutamente nada de novo à discussão! É um livro-papagaio que repete o que tantos outros livros contemporâneos - e esses, sim, livros de peso - dizem de forma muito mais completa.

A Vegetariana, decididamente, não tem o exotismo e a originalidade da escrita de Lincoln No Limbro (George Saunders), não tem a força de O Caminho Estreito para os Confins do Norte (Richard Flanagan) ou tampouco a profundidade de A Elegânica do Ouriço (Muriel Barberry) ou, ainda, o frescor de Laços (Domenico Starnone). Tem, sim, uma trama que mistura da forma mais bizarra possível suspense, erotismo vulgar e violência. E só. É uma bola amorfa de assuntos contemporâneos em um caldo de esquisitice.

E, por Deus, se ainda chegasse a algum lugar... mas, nem isso! Quando se imagina que o desfecho vai trazer algo novo, vai trazer uma corda pra ligar esses elementos tão díspares, ele te abandona... é o que é... é o que sempre pareceu, desde o início. Pura e tão somente loucura. Cria toda uma aura obsessiva que gruda o leitor, mas é totalmente preto no branco no fim. Sem surpresa alguma. Não explora nada da protogonista além da superfície. Raso.

Cliché no enredo (tem gente comparando com Kafka, embora passe muuuito longe), a escrita até que flui bem, mas, isolada, não consegue elevar o conjunto.

Enfim, quando se vira a última página, a autora até consegue nos virar também... mas, o estômago!

Prometeu ser um tiro, mas foi pura bala de festim.

Leva 1 estrelinha capenga pelo magnetismo.

E volta para o sebo de onde saiu já na semana que vem.
edu basílio 12/11/2019minha estante
[emoji de aplausos]


Angelsroses 13/11/2019minha estante
Quando eu vi a capa, eu fiquei imaginando uma coleção: a vegetariana, a vegana, a carnívora, a frutariana etc kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.


Renata 15/11/2019minha estante
adorei a crítica sincerona hahaha


Cleuzita 20/11/2019minha estante
Terminei essa leitura a pouco, talvez por isso ainda estou parada esperando o desfecho do livro. Acabou mas não acabou, detesto esse negócio de deixar final em aberto.
Amei quando você citou o livro a elegância do ouriço, obra prima pra mim.
Grata pela sua resenha tão bem feita e elegante.


Rodrigo1001 23/11/2019minha estante
Pra mim não funcionou. Até o momento, inclusive, está sendo o pior livro que li esse ano.


Cleuzita 23/11/2019minha estante
Mesmo não sendo um livro bom, gostei de ter lido, vai entender... rss




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Luly @projetocabeceira 17/08/2021minha estante
Adorei esse livro


JAssica.Bertoldi 17/08/2021minha estante
eu li e na minha concepção, o que eu entendi é que ela tem esquizofrenia mas as pessoas ao redor dela não sabiam da existência desse distúrbio


Mari 17/08/2021minha estante
é um bom palpite!


JAssica.Bertoldi 17/08/2021minha estante
se eu não me engano tem um trecho específico que deixa isso implícito, mas agora não vou saber dizer qual


JAssica.Bertoldi 17/08/2021minha estante
"Enquanto escrevia seu livro, Han Kang refletia sobre as questões da violência humana e a (im)possibilidade da inocência, onde Yeonghye representa o profundo desespero e dúvida sobre a humanidade ao virar as costas à violência, abandonando seu próprio corpo humano e se transformando em uma árvore."

"O romance foi escrito em uma linguagem direta e lida com diversos temas, tais como: loucura, erotismo bizarro, terror, humanidade, violência, misoginia, abandono, violência física e sexual. A autora, no entanto, defende que o livro não se trata de uma acusação singular ao patriarcado coreano, mas sim uma maneira dela mesma lidar com suas dúvidas sobre a possibilidade e a impossibilidade da inocência neste fundo frente à violência humana, as definições sobre sanidade e loucura, a empatia e a compreensão do outro e o corpo como último refúgio ou última determinação."

Ou como ela deixa meio claro, pode ser só metáforas e abistratismos sobre as violências e preconceitos, etc. Vai da interpretação, eu acho que pra mim seriam as duas coisas, que com a esquizofrenia da personagem a gente pode refletir sobre as pautas ao redor.




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Cristian 28/02/2020minha estante
kkkkk! Isso é verdade, de sentir diferente o cheiro da pessoa que come carne da que não come. XD


Jaguatirica 28/02/2020minha estante
Sério, Cristian??? Isso é muito doido o.o você diz isso por experiência própria também?


Jaguatirica 28/02/2020minha estante
Faz sentido sabe, eu identifico de longe quem bebe muito, por mais que a pessoa esteja limpa e distante do álcool naquele dia


Cristian 02/03/2020minha estante
Pior que é sério, Bia... Não é o tipo de coisa que comento, pois é meio "weird", hahaha! Mas tua comparação com o álcool é perfeita, embora eu use em geral a comparação com pessoas que comeram pizza alho-e-óleo, sabe? kkkkkk! A gente quase sempre percebe quem comeu uma massa ou pizza assim, se a gente mesmo não comeu, kkkk, né? Meus pais me criaram vegetariano, nunca comi carne, então talvez por isso percebo esses cheiros mais forte do que quem está habituado com eles.


Jaguatirica 05/03/2020minha estante
É bem difícil ignorar quem comeu uma pizza de alho, uau kkkkkkk isso é bem interessante e fiquei intrigada o suficiente pra pesquisar mais. São vários os relatos de pessoas que reconhecem os carnívoros pelo cheiro hahaha. Acredito que você adquiriu superpoderes, Cristian! Adoro!




maria 23/11/2020

Não ache que vai entender a minha resenha sem ler o livro antes
Devo começar a minha resenha com o seguinte aviso: este não é um livro para qualquer pessoa. Além disso, é um livro que, mesmo sendo muito fácil a leitura, pode gerar diversas opiniões e sensações, está a depender de sua bagagem e sensibilidade artística.

Imersão na cultura coreana

Se você procura abrir esse livro e ler ele com uma visão ocidental vai perder todo o seu tempo, é necessário ter o mínimo de conhecimento da cultura asiática, ou, sendo mais específica, a estrutura familiar coreana. Apesar de sermos um país conservador, as nossas tradições familiares são, felizmente, pouco enraizadas. Vi muita análise falando que o livro exagera a reação da família sobre o posicionamento da protagonista como se todas as culturas tivessem a mesma perspectiva sobre seus familiares, mas não é assim. Na Coreia, a hierarquia e a subordinação regem a sociedade em todos os seus aspectos, PRINCIPALMENTE no aspecto familiar. Quando uma pessoa nasce, ela já tem o seu lugar determinado na FAMÍLIA, quais são os parentes superiores e inferiores a ela, e a quem deverá ter ou cobrar respeito. Nesse caso se você é uma mulher, você VAI ser inferior a todos os seus irmãos, primos, tios, e "etc" homens.

Vegetarianismo? esse livro não tem nada a ver.

Pois é, esse não é um livro que SÓ milita a favor do movimento vegano, ele UTILIZA esse princípio como uma metáfora para os sentimentos da protagonista, ela inclusive, é a primeira etapa da TRANSFORMAÇÃO da personagem, que não se contenta apenas com o fato de parar de consumir carne, ela torna-se uma PLANTA.

Desculpem, ainda não li a Metamorfose de Kafka.

Muitos comparam esse livro como uma espécie de transformação similar a de Kafka, que, pelo meu conhecimento de outras resenhas de Metamorfose se trata mais da mudança das pessoas ao redor desse humano que se torna inseto do que a dele própio. Então se for isso, sim, realmente é sobre o olhar do outro sobre essa criatura estranha, que é a protagonista.

Os diversos pontos de vista, e a ausência de voz da protagonista.

O livro retrata a dificuldade de enxergamos a mulher como pessoa, no primeiro capítulo a vemos como simplesmente maluca e hipossexualizada, já que é descrita como de uma aparência medíocre, e é notável a perca de vontade nas atividades sexuais com o marido. Já no segundo capítulo, outro homem a hiperssexualiza e a enxerga apenas como CARNE, em vez de pessoa. O narrador fica obcecado em sua mancha mongólica, o que eu entendi como uma metáfora para uma romantização da doença mental, já que manchas e cicatrizes são como problemas irreparáveis nas pessoas, que a marcam para a eternidade. Esse homem, viu apenas seu lado planta, já deu um passo além do anterior, por entender o problema, mas pecou em só vê-la como isso. Dou um ponto extra pra esse capítulo que foi interessante, a escritora conseguiu me deixar SURTADA pela consumação da arte.É a melhor dos três capítulos. Ademais só no terceiro capítulo, alguém a enxerga como gente (sua irmã), mas é tarde demais.

Mas qual o sentido de parar de comer carne e tornar-se planta?

A planta é um ser vivo neutro, ela não faz mal mas também não recebe o mal, não tem recepções táteis o suficientes para sentir dor, morre com a queimada mas morre sem gritar, sem se contorcer, sem gemer. É completamente submisso pois não protesta, não há nenhuma forma de defesa em seu sistema, ela não morde, e mesmo seus espinhos não vão ser simplesmente projetados em sua direção, há como evitá-los e prevê-los. A personagem quis retornar ao estágio mais primitivo da vida: ao de vegetal. A vida começou na planta, e a personagem quis morrer retornando a essa condição, alheia das preocupações do mundo.

O único erro do livro.

Finalzinho pacato e pouco conclusivo para um desfecho, deu uma impressão de que o que tinha pra ser dito estava no começo e meio e que o final não tinha mais nenhum conteúdo para passar, mas não me importo, dou lhe 5 estrelas pelo carisma.
Danielle 26/12/2020minha estante
eu amei tanto a sua resenha e super concordo com a primeira parte da familia e tal e nao so isso tem a parte da carne tbm, carne na coreia é caro, sinônimo de riqueza e fartura etc


maria 28/12/2020minha estante
Que bom que gostou, fico muito feliz lendo isso!! Não sabia que carne era luxo na Coreia, eu sabia que as frutas lá tem preços absurdos.. Parece que se alimentar lá fica caro rs


Danielle 28/12/2020minha estante
a sleeq é a unica famosa e vegana que conheço de lá, ela deu uma entrevista e falou um pouco sobre isso. a entrevistra foi pra algum site brasileiro mas agora nao me lembro! ps. amei a fotinha do yutakkk


maria 04/01/2021minha estante
Eu sei quem é Sleeq por causa daquele programa de rapper que ela participou, mas nem lembrava mais que ela era vegana, é verdade kkkk vou pesquisar essa entrevista depois. Que bom que gostou, ele é lindo msm com esse cabelo platinado kkk




Ana Terra 14/01/2021

Eu gostei, mas eu entendi?
Gostei? Sim! Entendi? Eu não sei hahahah muito bem escrito e interessante, mas eu acho que não captei a mensagem que a escritora gostaria de passar. Vou ler mais sobre ele :)

site: https://www.instagram.com/p/CKHDD5dK3C3/?utm_source=ig_web_copy_link
Bia Ponti 14/01/2021minha estante
eu todinha quando li esse livro


Ana Terra 15/01/2021minha estante
HUAUHAHUA menina, eu tive que pesquisar e falar com uma amiga que tbm leu! Agora tá mais claro pra mim, eu gostei dele, mas na hora que terminei não entendi nada :D


Tarsila.Helena 19/01/2021minha estante
Não entende nada mesmo


Ana Terra 20/01/2021minha estante
Vai dormir, Rani hahahHa




Rafael 18/02/2019

A moça que queria ser planta
Não me recordo de ter lido algo tão instigante quanto este livro. A vegetariana conta a história de uma mulher comum pela perspectiva de outras 3 pessoas muito próximas a ela. Na primeira parte é como tudo começou, pela perspectiva do marido, quando a protagonista acordou depoisde um pesadelo decidida a ser vegana e como isso trouxe conflitos com as pessoas ao seu redor. (Tem partes bastantes impactantes). Na segunda parte o prisma pertence ao cunhado que tem um interesse sexual por ela e usa de sua fragilidade psicológica. E na última pela irmã que acompanhou toda a trajetória e se questiona se não poderia ter feito algo para ter impedido.
É uma obra sobre machismo, sobre padrões, sobre ser obrigado a ser o que os outros querem que você seja. O quanto somos abusados e não percebemos como abuso. O quanto pessoas frágeis e bondosas são exploradas. O quanto o que chamamos de loucura é um fruto de ser diferente.
É magistral. É muito instigante. As perspectivas sempre de fora nos fazem questionar qual é a veracidade do que realmente está acontecendo. E os três pontos de vista se conflitam e revelam camadas diferentes do que está acontecendo.
A obra ganhou um estigma de ser uma nova Metamorfose do Kafka, por causa do protagonista do Kafka que acorda barata e aqui da protagonista que tem um pesadelo e decide virar planta literalmente. Mas só lembra em alguns pontos. No geral passa longe.
Estou sedento por mais obras da autora. Espero que logo alguma editora as publique no Brasil.
OBS: se você for daquelas pessoas acostumadas com blockbusters que não conseguem ler algo sem criticar a cada minuto e precisa de protagonistas empáticos e que lhe causem boas sensações, histórias com início, meio e fim com fechamento redondo (tudo explicadinho) passe bem longe deste livro. Pessoas que tem dificuldades com cenas de sexo explícito também economizem o seu tempo. É literatura de ponta. Posso até afirmar que isto sim é uma obra contemporânea.
Bruno236 19/02/2019minha estante
Quero muito ler esse! Depois vou atrás dele. Parece muito, muito bom.


Rafael 19/02/2019minha estante
É maravilhoso. Leia que vale muito à pena. Por enquanto é o melhor livro que li este ano.


Aline Teodosio @leituras.da.aline 20/02/2019minha estante
Interessante!!


Babi 02/03/2019minha estante
"O quanto o que chamamos de loucura é um fruto de ser diferente. "- é muito isso mesmo e uma coisa que sempre pensei. Tinha um tio que era esquizofrênico e sempre me perguntei "será mesmo que o que ele vê e escuta não é real?"




Divina 15/01/2022

A frequência com que penso nesse livro não pode ser saudável. Meu livro preferido. Transtorno alimentar, obsessões, insanidade, desejos sexuais proibidos, fetiches, família perturbada... Todos os ingredientes pra dar tudo errado e para um ótimo livro.
Heloisa.Sommacal 20/01/2022minha estante
O livro é ótimo, mas se identificar muito com ele pode ser um sinal de alerta. Se cuide ?


Divina 20/01/2022minha estante
Mulher, quem disse que eu me identifico? Do nada... Wtjwtjtwjwyjjtaafhjsg


Heloisa.Sommacal 20/01/2022minha estante
Não disse mesmo, foi mal ???




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Maria.Angelica 08/01/2022minha estante
Oii! Você leu pdf ou tem o livro físico ? Baixei um pdf e só tem 143 pag, não sei se a letra é menor ou se realmente acabou. Pode me ajudar a confirmar o final ?


Saturno 08/01/2022minha estante
Eu li em epub, posso te ajudar sim, qual é sua dúvida?


Maria.Angelica 08/01/2022minha estante
?lança a elas um olhar sombrio e obstinado.? Essa é a última frase do livro ?




Dri 10/04/2022

O livro que não é só sobre deixar de comer carne
Esse livro deixa um travamento na garganta da primeira página à última.
O pontapé para a Yeonghye deixar de comer carne foram alguns pesadelos, mas isso é só o começo da espiral do colapso que passa a fazer parte da vida dela.
Essa decisão simples começa a transformar a vida da protagonista e das pessoas ao redor, mas conforme a história se desenrola você passa a entender que não é só sobre isso, é sobre tradição, cultura, as expectativas do ser humano, sobre o peso da humanidade em cima de todos e principalmente em cima da mulher. A escrita da autora embora simples é muito crua, traz agonia e embrulha o estômago. É uma leitura para refletir.
Elfa 11/04/2022minha estante
Já quero ???


Elfa 11/01/2023minha estante
Mulher esse livro e muito bom comecei a ler prq vi muita gente falando e tal
E adorei ele e bem pensativo


Dri 12/01/2023minha estante
Ele é, causa muitas reflexões.




Felipe 11/03/2021

A Vegetariana
Até o momento, das leituras que fiz em 2021, foi o romance que mais me surpreendeu. Confesso que no início não estava entendendo muita coisa e estava achando tudo muito louco. Mas com a leitura fluindo, logo percebemos até onde a autora quis chegar ou teve a intenção de chegar.

A história é narrada por três personagens, o marido, o cunhado e a irmã da personagem principal que se chama Yeonghye. Depois de um sonho, Yeonghye decide se tornar vegetariana e essa decisão gera mudanças drásticas não só em sua vida, como na de sua família.

Ao ler esse livro, devemos ir com a mente aberta para adentrar na cultura coreana e também tentar entender todas as mudanças que a protagonista deseja para sua vida e o porquê dessas mudanças. É um livro muito bom e me tirou totalmente da minha zona de conforto. Estou sem palavras para descrever esse livro porque ele foi tão doido, interessante, perturbador e intrigante, que tudo que eu disser aqui, pode não fazer jus ao que o livro representa.
edu basílio 11/03/2021minha estante
... algo me escapou da leitura, sabe, porque eu terminei assim ==> :-|


edu basílio 11/03/2021minha estante
... algo me escapou nessa leitura, sabe, porque eu terminei assim ==> :-|


Felipe 13/03/2021minha estante
Edu. É um livro bem doido né. Eu fiquei vendo alguns vídeos e lendo algumas resenhas. Algumas coisas até batia com o que eu tinha pensado do livro, mas outras achei muita viagem. Mas literatura é isso né. Cada um sente algo quando lê. Depende do momento de leitura e tal, de algum conhecimento prévio sobre a cultura coreana. Para mim, pelo menos, não é um livro excelente, mas é um livro que coloca a gente para pensar alguns tópicos, mas de forma muito doida! Fantasiosa as vezes né. Hehe




-Koraline 28/03/2022

A Vegetariana foi um dos livros mais difíceis de avaliar que já li, por que diferentes partes do livro me trouxeram diferentes conclusões. A primeira parte, intitulada A Vegetariana, é defitivamente um dos textos mais complexos e diferentes, e com toda certeza é a melhor parte do livro. A história da protagonista é narrada a partir do ponto de vista do marido, e não só passamos a entender os motivos dela deixar de comer carne, mas todo o patriarcalismo da cultura japonesa, e toda a autoridade familiar sofrida pela protagonista é absolutamente revoltante. A segunda parte trata do cunhado da protagonista, e são páginas absolutamente nojentas e revoltantes, que sinceramente, para mim não fizeram muito sentido, visto o tema no geral. A terceira parte, narrada pela irmã da protagonista, tem uma abordagem muito mais simples e direta, e também um pouco decepcionante, sendo um pouco chata em comparação com a primeira parte. Enfim, a parte 1 seria 5 estrelas, a parte 2 eu classificaria como 2 estrelas, e a terceira parte como bem ok. Não sei se recomendo esse livro, mas com certeza foi uma leitira interessante.
Nanda Carvalho 29/03/2022minha estante
Esse foi o livro mais complexo que li. Me deu agonia por tudo que ela passou. Ele mostra de uma forma crua como o patriarcado não só na cultura coreana como em todos os cantos do mundo acaba com a vida da mulher. Não é um livro pra todo mundo com certeza.


Malu 03/04/2022minha estante
sua resenha me deu vontade de ler o livro ??


hay anne 12/10/2023minha estante
concordo com tudo q vc citou! tbm achei a segunda parte super desnecessária e a terceira bem decepcionante. O início foi, com certeza, a melhor parte!




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