Adriboa 09/01/2018
Transcendence - Shay Adoravelmente Savage
Once upon a time... Há longínquos milênios atrás vive ops sobrevive o nosso Hominho di Papel. Ele é um homem das cavernas que habita uma terra inóspita, selvagem e muito perigosa. Sua vida é árida e solitária, uma vez que sua aldeia foi dizimada e agora é somente ele, Deus e os animais pré-históricos.
Com seus parcos conhecimentos e quase nenhum recurso ele tenta sobreviver, mas confesso que está difícil. A falta de ferramentas, o fato de não tem companhia, o clima severo e as exíguas condições do local, o deixam deprimido e ele perde a vontade de viver, afinal... Pra que sobreviver sem ter com quem compartilhar as mazelas e que lhe dê forças para suportar essa vida tão sofrida e solitária?
Já sem forças por estar tantos dias sem comer, com o estômago nas costas e com o intestino devorando seu fígado. Ele faz uma última tentativa e verifica se pegou alguma presa em sua armadilha e, pra sua surpresa, capturou uma fêmea... Humana!
Ela é estranha e muito diferente de tudo e qualquer coisa que ele já tenha visto. Suas roupas são uma incógnita com formas e matériais que ele nunca viu, mas o que realmente o incomoda é que ela é mais barulhenta que um papagaio, o que o deixa com dor de cabeça, mas apesar dos pesares ele sente um sopro de esperança rondar o sio cuore ao perceber que agora tem companhia. Com certeza ela deve ser o seu tão sonhado Casal Sagrado do Caraaaglio. Graças a Deus! Agora ele não vai mais ficar sozinho!
Apesar de inteligente, ele é tão primitivo que ainda não desenvolveu habilidades da fala. A duras penas consegue compreender algumas poucas palavrinhas. Através de grunhidos, rosnados e mímica ele tenta fazê-la entender que vai escurecer e é muito perigoso permanecer nesse local, ainda mais ela fazendo tanto barulho, o que vai acabar atraindo sabe-se lá Deus quantos animais famintos.
Apontando para si, ela se apresenta...
— Pa...Pa...Gaia! Papagaia!
Depois de muito penar, ele finalmente compreende que esse é o seu nome e tenta repetir...
—Pa...Pa...Ga...Ga...Gaia! Gaia? GAIA!
Apontando para si ele balbucia...
— Tcha... Tcha... Tchaca! TCHACA!
Ela foi parar numa época em que a roda ainda nem tinha sido descoberta, ele não conhece nem o mais rudimentar dos apetrechos, quiçá as ferramentas básicas de sobrevivência. Ela literalmente se vira nos 30 demonstrando uma inteligência de Einstein, espírito de McGiver e ideias de Beakman ao resolver os problemas básicos do dia-a-dia. Gaia consegue driblar as dificuldades e, a duras penas, percebe que foi parar nos confins do Elo Perdido!
Devido a inaptidão de Tchaca de se comunicar, um diálogo monossílabo vai ser recorrente durante toda a estorinha. Ela faz altos monólogos que ele não entende patavina, a única coisa que ele consegue é a tal da dor de cabeça, mas ponderando os prós e os contras, chega à conclusão que esse é um preço muito pequeno a pagar pra ter a sua companhia.
By the way... Nem eu nem você iremos saber exatamente o que ela fala, pensa ou sente. Apenas iremos deduzir e fazer conjecturas, uma vez que o livrinho é todo narrado sob a perspectiva de Tchaca. Você irá ouvir sua emoção mais profunda, o grito de desespero dos seus pensamentos, sentirá o medo quer ele sente só de imaginar que pode perder a sua companheira. Se comoverá com sua angustia pra provar que ele é capaz de ser um bom provedor e que, não só pode cuidar dela como também de todos os seus futuros filhos.
Seu desejo recorrente é de lhe "fazer" um filho, pois a seu ver essa é a única maneira deles terem um futuro nesse lugar pré-histórico e tão phodido com condições tão sub-humana. Tchaca mal sabe fazer o "O" do fundo do copo do dois-pra-cá dois-pra-lá da dança do criolo doido, mas com uma professora tão dedicada e um aluno tão aplicado, eles fazem a lição de casa do soca martela marreta com criatividade e maestria.
Muitas vezes fiquei com "toque" com a falta de higiene e com uma vontade insana de lhe enviar um Sedex 10 com um kit de higiene contendo álcool, água sanitária, lencinhos umedecidos, shampoo, sabonete, escova de dentes...
Tentei me colocar no lugar de Gaia, mas não sou uma pessoa tão forte e obstinada pra sobreviver num ambiente com tantas mazelas. Acredito que definharia e morreria de fome, pois não tenho estômago ou paladar pra essa comida ”dinossaurico”. Acho que também vou incluir na encomenda alho, azeite, pimenta, condimentos quiçá um ketchup pra tornar mais tragável a gororoba que eles comiam. Ops... Acho que vou ter que fretar um avião pra entregar toda essa mercadoria!
O livro tem tudo pra dar errado. Uma combinação esdrúxula cujo casal tem uma diferença de milhares de séculos, não há conexão mental nem mesmo se falam e os hábitos sáo diametralmente opostos. Há um buraco negro cultural os separando. Vivem sem quaisquer condições sanitárias. Além do que... Tchaca é Neanderthal e Gaia Homo Sapiens! E eles só se comunicam através de caras e bocas além de grunhidos, mímica e gemidos.
Não há um único diálogo nessa estorinha, mas isso não te impede de tentar arduamente adivinhar os anseios, desejos, medos e aflições de Gaia. Um caldeirão improvável que poderia dar errado, mas milagrosamente essa mistura pouco ortodoxa se transforma no mais lindo livrinho e na mais tenra estória de amor!
Você ri, chora, lamenta e se condói com todas as mazelas e sofrimentos que eles passam e torce, fervorosamente, por um final feliz. Fica angustiado e com o coração partido quando ela tem que escolher entre o Amor, apesar das dificuldades inenarráveis do presente, ou a tecnologia e a comodidade do futuro!
Durante todo o livrinho fiquei encantada com a trama e com o carisma dos personagens. Isso justifica o medo que rondou o mio cuore de que ela perdesse a mão fazendo com que o final fosse tosco, o que acabaria de vez com a minha alegria.
Faltando poucas páginas para terminar, fico ansiosa ao ver que ainda não tinha as respostas a todas as minhas dúvidas, mas nos 48' do segundo tempo elas são respondidas a galope, mas magistralmente e com tanta maestria.
A autora não só amarrou todos as pontas soltas como ainda conseguiu fazer um gol de placa ao dar um final glorioso e surpreendente pra essa estorinha! Eu nunca teria pensado num final tão emocionante e inusitado quanto esse. Só sinto por ela não ter se estendido um pouco mais para que pudéssemos saborear com mais calma e por mais tempo essa adorável e memorável estorinha.
Terminei o livro aos prantos. O sentindo de desolação, abandono e ternura foi tanto que, não querendo ainda me despedir de Gaia e Tchaca, voltei para reler e saborear vagarosamente o último capítulo. Confesso que ainda tenho lágrimas nos olhos e um profundo sentimento de perda e desolação. Parece que perdi alguém muito querido.
Comecei a ler com o pé atrás, esperando um homem das cavernas ogro, bruto, animal, selvagem e sem carisma, cuja única coisa que poderia me proporcionar, além do cascão e do mau cheiro, seria piolho, lendia, chato, bicho de pé e carrapato, mas tive a mais doce surpresa ao cair de amores e me apaixonar perdidamente por Tchaca, cujo único desejo é fazer tudo o que estiver ao seu alcance para fazer sua companheira feliz, inclusive colocar as prioridades dela acima de suas próprias necessidades. Esse homem das cavernas é um gentleman de tal magnitude que ele consegue, de uma maneira brilhante, solucionar o nosso pior pesadelo feminino!
Chego à conclusão que a autora foi muito feliz ao contar a trama através dos olhos de Tchaca, sem nos deixar ver os sentimentos de Gaia, o que teria nos distraído. Sob essa perspectiva, fica claro o Amor incondicional e o carinho incomensurável desse adorável Neanderthal.
Como todos sabem o livro preferido da Adriana, o número um, o "The best of the best" e que fez transbordar o mio cuore é "Lição de Ternura" da Sandra idolatrada Salve Salve Canfield. A Boattini vai ter que pedir licença, pois não vai ter jeito, preciso dividir o pódio, talvez até mesmo destituí-la dessa colocação ao dar o primeiro lugar ao imemorável "Transcendence" da Shay um adorável Savage no mio cuore!
By the way estou em dúvida se consegui deixar bem claro que a Adriana ADOROU esse livrinho! Definitivamente ele se tornou o Hominho di Papel preferido da chorosa e inconsolável Boattini!
Todos estão na torcida pra o lançamento da mesma estória, porém sob a perspectiva de Gaia, com todos os seus medos e angústias, mostrando seus sentimentos e ponto de vista, além de solucionar e resolver algumas dúvidas que ficaram durante a trama, uma vez que ele não entendia por não ter conhecimento tecnológico ou experiência de vida.
A Adriana se despede saudosa desse adorável livrinho e a Boattini está com o coração partido e em frangalhos, já com saudades desse sensível, honorável, idolatrado, salve salve Hominho di Papel. Esse livrinho é simplesmente um espetáculo! Uma maravilha!
Literalmente esse é o tipo de amor que é pra sempre e mais um dia, até que a morte os separe (e junte) forever and ever. Esse love story mostrou que apesar das inúmeras diferenças de idade, de tempo, de era e de vida... Gaia e Tchaca são verdadeiras almas gêmeas ao infinito... e além!
Adriana Snif... Snif... Snif Boattiini
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