Dani Ferraz 30/04/2020
"As palavras dela eram larvas que se enfurnavam em nossa cabeça preocupada, fazendo apodrecer todas as ideias de liberdade"
Lua de larvas chegou até mim por indicação de uma aluna na escola na qual trabalho. Sabia que se tratava de uma distopia e com elementos fieis e necessários para a escrita deste tipo de tema, a autora introduz o público adolescente/jovem ao mundo opressor da Terra Mãe, comandada por um regime cruel, opressor e totalitário ao apresentar esta visão pelos olhos multicoloridos de um adolescente disléxico de 15 anos chamado Standish Treadwell.
Standish perdeu seus pais misteriosamente e vive apenas com seu avô na Zona Sete, local dos impuros. Seus dias ganham vida com a chegada de uma nova família na vizinhança e é onde entra Hector, seu futuro melhor amigo, protetor e companheiro de sala de aula. A escola, assim como a vizinhança que era estimulada a dedurar práticas que não condissessem com o pensamento dominante, não era um local seguro para nenhum garoto ou garota, os professores eram tiranos, violentos e a prática de bullying com Standish é algo marcante na obra.
É com um grito contido na garganta, que o garoto recebe de seu avô a notícia de que Hector e toda sua família tinham sido levados pelos “Moscas verdes” – membros do governo - para o outro lado do muro, lugar onde estava sendo arquitetado um plano manipulador de enviar um homem à lua, com o objetivo de encantar o povo e mostrar todo o poderio da Terra Mãe.
Somos levados a vivenciar todas as experiências - a maioria negativas - ao lado do esperançoso Standish que busca respostas pelo desaparecimento de seu amigo, questionando a miséria à sua volta, enfrentando preconceitos por sua dislexia, e se preparando para desmascarar a Terra Mãe com um plano desafiador.
O conteúdo da obra é bastante denso e embora não tenha me sentido cativada por completo, recomendaria sua leitura, por ser surpreendente a forma com que a autora tece a história no medo vivido pelas pessoas em suas relações neste sistema, dentro da escola que deveria ser o local do livre pensamento e acesso à cultura, na liberdade cerceada, na forma poética com que aborda o tema da sexualidade e até mesmo nas analogias feitas pela autora que deixa uma linha tênue para nós leitores entre o que é ficção e o que é realidade.