O Deserto dos Tártaros

O Deserto dos Tártaros Dino Buzzati




Resenhas - O Deserto dos Tártaros


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Gerson 14/03/2023

O tempo entretanto corria.
A partir da vida de Giovanni Drogo, somos levados a refletir sobre solidão, envelhecimento e juventude desperdiçada.

Concordo com Ugo Giorgetti quando aponta no prefácio que o livro não é sobre a vida militar e sim sobre a vida de todos nós. É sobre as escolhas erradas, a procrastinação de decisões importantes, a vida que se esvai por causa da mediocridade e da monotonia. É sobre aceitar menos do que merecemos, afinal de contas até o inferno pode ser aceitável quando se está acomodado a ele.

Drogo não agiu, esperou. Mesmo 80 depois da publicação, a história aqui retratada é familiar a muito de nós.
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Ariane.Monteiro 07/03/2023

Texto poético e reflexivo. O passar do tempo, o acostumar-se, os hábitos, os sonhos que abandonamos, a vida que vai nos transformando. Tudo isso tem nesse livro. Recomendo!
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Emily422 05/03/2023

O que seria isso no tempo? O que seria Isso e o Tempo?
*eu só queria escrever uma breve resenha, cara

Pensei em divagar acerca do grande personagem dessa história, o qual é subjetivo e eu só fui descobrir a face total no final, e, não, não é a morte, todavia conversa frequentemente com ela. Mas aí, eu estaria me perdendo na imediatez de um futuro que só vem a chegar depois de tudo já ter sido brutalmente mastigado por capítulos semelhantes, tecidos pelo cotidiano. O final é esmagador como um forte extremamente amarelo se destacando do céu azul tunísia, mas só o é, com o maior dos sorrisos a decorá-lo, pois o meio do caminho e os passos militares de uma multidão de jovens foram captados pelas areias do torpor, as garras da espera – o tédio que se não tem seu fim no suicídio, se retroalimenta pela esperança. Mas esperar pelo que? Talvez, indo para algum lugar essa resposta seja provisionalmente respondida; então lá está, um forte razoável para preencher minha cabeça, deixando seus mistérios, suas estações e o encapelar delas, que se tornam remotas e enjoáveis em círculos, perscrutarem uma mudança, formularem inimigos invisíveis que se adequam a tudo que desejo, permitindo um norteamento, ou, ainda melhor, que do próprio norte venha a luta derradeira. Lançar-se à imobilidade ainda é um lançamento? Eu entendo que é, mas dói bem mais – esbarra-se e senta-se abruptamente em uma cadeira de buloke australiano.

Um bolso cheio luz, uma promessa de guerra, um corpo em processo de rigor mortis, a fantasmagoria dos sons, das paisagens e dos móveis, a escrita do Buzzati é de quebrar o coração por uma simplicidade extremamente bela. No começo eu tomei um susto, estaria eu lendo uma Montanha Mágica 2? Longe de querer acusar uma natureza tautológica, na verdade, eu diria que sim e que não. Enquanto o jovem Castorp se enclausura em um semideserto de neve, o jovem Drogo se esfarela em um deserto de fantasmas arenosos, um a uma altitude vertiginosa do topo do mundo, o outro em uma planície preenchida pela nulidade; e o mesmo conselho: fuja, corra daqui, enquanto ainda dá tempo, meu jovem! O Sr. Settembrini, se o pobre Hans já lhe rendia imprecações em italiano, engasgaria em um acesso de tuberculose com tantos xingamentos indignados acerca da loucura indolente de Giovanni Drogo. O caminho em O deserto dos tártaros parece ainda mais brutal, a busca ainda menos justificável, o protagonista ainda mais Estrangeiro.

O personagem joga dados e, assumindo isso, nele há uma cumplicidade, mesmo do começo de sua jornada, perpassando pelo meio e desembocando na visão da porção de estrelas a ele designada, há ora disfarçado pela persistência inconsciente, ora pela consciência de nada lhe pertencer, nada haver a perder, e nenhum lugar a qual retornar, uma desconsideração de possíveis arrependimentos amargos que o futuro desconhecido lhe guarda. "Como uma mariposa em direção a luz", é minha aposta: Drogo sabia. O sabia como Raskólnikov sabia. "Uma força desconhecida trabalhava contra a sua volta à cidade, talvez emanasse de sua própria alma, sem que ele se apercebesse disso". Fica assim aquela certeza hesitante; tudo já estava estabelecido desde o princípio em um vórtice de medo, habituação e tanto tédio 'que você ganha coragem'.
Em certos momentos o demônio do aforismo 341 da gaia ciência surge, estapeia aquele que tem a patente de "mero espectador não contaminado" e pergunta algo próximo de "viveria tudo isso em eterna repetição? Me amaldiçoaria por isso dizer ou me glorificaria por tal dádiva?". Absurda essa perspectiva de continuar sempre nessa mesmice, mas não percebe que assim já o é e talvez vá continuar? Embriaga-se de uma nostalgia por heroicos conteúdos oníricos e evita-se dar de cara com o muro da destituição real.

Em "meia-contraposição", me lembrei de um filme muito bom que assisti no começo desse ano, 'La stanza del figlio' (2001), em que um dos personagens principais, em uma cena brilhante, reflete e se revolta contra a necessidade de agir o tempo inteiro sobre as eventualidades, já que com isso tenciona-se em uma ação constante e pouco contemplativa que se distancia do mundo e da vida. Embora o deserto dos tártaros ponha em questão a todo momento a "passividade", me parece que o faz levando-a às últimas consequências, igualando-a assim à atividade irrefletida, que se destaca do mundo sendo apenas uma existência vazia de sentidos profundos. Logo, não obstante isso, frente a engrenagem imaculada do tempo, há aquela afirmação, por parte da obra, de pausa para contemplar os grãos de areias ou folhas de papel vazias ainda a serem preenchidas – no capítulo VI figura-se uma pintura expressionista que, passando por diversas paisagens e desbotando a vida a cada passo, chega em uma praia de mar cor de chumbo e céu cinzento onde o tempo perdido esperando por um futuro que não pode mais ser recuperado. A causa não foi puramente a passividade, ou pelo menos não a passividade necessária que o personagem do filme põe em evidência, mas sim a falta de tato, a náusea que priva a sensibilidade doentia, a aceleração da espera, que aí sim, sendo uma atividade que é passiva por não conseguir degustar e digerir nada, apenas engole.

Embora Drogo seja o personagem focalizado, acredito que sua face é uma multidão semelhante aos que correm na planície no fim da montanha mágica; em vários momentos da história ele "desaparece", dá lugar a um colega, tem sua face repetida em outro, é substituto por uma curta história ou tem a sua própria facilmente substituída por um clone – embora nisso não signifique que cada um não guarde sua subjetividade, é apenas o fatalismo temporal e sisífico que os iguala tão veementemente. Coube a formação e formalização de um rico e obscuro imaginário: múltiplos uniformes, ou melhor, dezenas, centenas, milhares... milhões... ou uma quantidade de soldados tão vasta quanto o mundo, pendurados, pendendo flácidos em um enforcamento que passou despercebido enquanto iam vivendo.

Com uma ilógica presença que preenche o deserto inteiro, o silêncio profundo, com o não dito acomodando-se na ponta da língua, "nada, nada", responde um tenente com a garganta explodindo de palavras. "Percebemos que estamos completamente sós", não adianta panaceia. Barreira linguística? Não completamente, umas conversas e menos apatia já ajudariam. Um edifício inteiro povoado e é inegociável, a ida é de si para si mesmo. Vem a minha mente a imagem quase cinematográfica de uma ampulheta deitada, na horizontal, com as areias a fluírem criando e inundando um deserto, onde um modesto rapaz sua frio arrastando uma pedra, indo em direção a um norte sempre longevo e nesse segmento precisamos imaginá-lo sorrindo. Chega-se no fim à uma remanescente autenticidade, ao que Clarice Lispector talvez quis dizer com o paraíso não estando depois da morte, mas sim ele sendo ela própria – a alegria mais desregrada que não tem como nos fazer tropeçar já que é advinda do abismo e nele já estamos caindo.

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Charlinho07 02/03/2023

O tempo passa
O Deserto dos Tártaros nos faz pensar sobre todas as situações em que resolvemos deixar pra depois. Seja por medo de fracassar, seja pela busca pela perfeição, seja pela dificuldade de se escolher o que fazer primeiro, todos nós, em algum momento, estamos deixando algo pra depois.

Quando jovem, quase não temos visão sobre o nosso próprio futuro. Muitas vezes deixamos de plantar aquilo que queremos colher nos anos em que nossa força física e disposição já não serão mais as mesmas. Na verdade, quando jovens, nem cogitamos a ideia de que perderemos o vigor. Somos imortais. Até que o tempo vai passando e, um dia, nos damos conta de que o tempo passou e fica aquela grande pergunta: o quê que eu fiz da minha vida?

Muitas das nossas conquistas, pelo menos de boa parte das pessoas, são conquistas do modo de vida que a sociedade espera de nós. E aquilo que eu queria de fato fazer, eu fiz?

Passamos nossa vida a espera do exército do Norte, ansiando que ele chegue logo e esquecemos de viver.
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Francisco.Tambani 25/02/2023

?(?) o que era bom ficou para trás, muito para trás, e ele passou adiante, sem dar por isso. Ah, é demasiado tarde para voltar; atrás dele aumento o fragor da multidão que o segue, impelida pela mesma ilusão, mas ainda invisível na branca estrada deserta.?

Fonte: https://citacoes.in/citacoes/1461161-dino-buzzati-o-que-era-bom-ficou-para-tras-muito-para-tras/
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Felipe Berlofa 21/02/2023

O que fazemos com o tempo que nos resta ?
"É o tempo em que nas velhas tábuas ressuscita uma obstinada saudade da vida [...]"

Nota: 5/5
Editora: Nova Fronteira (Ebook)

Como você aproveita o tempo que a vida lhe oferece?

É com essa ideia que "O Deserto dos Tártaros" de autor italiano Dino Buzzati e publicado na década de 1940 nos faz refletir.

A obra em si tem uma história simples, ela se situa em uma fortaleza localizada em uma região isolada e desértica, na qual soldados são incumbidos de defender a fronteira de um país de uma invasão iminente dos tártaros. O livro narra a rotina do jovem tenente Giovanni Drogo, que é destinado a servir na fortaleza, sua vida solitária e suas expectativas em relação ao combate que ele acredita estar por vir.

O livro tem uma atmosfera única e envolvente, que cria uma sensação de inquietude e incerteza. Buzzati utiliza uma linguagem simples e direta, mas que transmite um sentido de desolação e desesperança. O autor explora a relação entre tempo, expectativa e realidade, criando um ambiente angustiante, em certos momentos até tedioso, em certos momentos cotidianos.

Mas o que mais me impressionou é como "O Deserto dos Tártaros" é uma reflexão sobre o tempo e o significado da vida. O livro apresenta uma visão profunda e melancólica sobre as expectativas humanas, as quais muitas vezes não se concretizam e são condenadas a uma espera sem fim. A obra é uma meditação sobre a condição humana e o destino, sugerindo que a vida é uma jornada de espera que muitas vezes não tem um fim definido e a comodidade pode nos colocar em embates importantes para o rumo de nossa vida.

É uma leitura intensa e provocativa que desafia o leitor a refletir sobre a existência humana e sua relação com o tempo e as expectativas. A obra é um clássico da literatura italiana e uma das principais referências do existencialismo na literatura. O livro oferece uma visão desoladora, porém profundamente realista, sobre a natureza humana, o sentido da vida e o que fazemos com o nosso tempo.

Assim como já tinha adorado a leitura de A Montanha Mágica de Thomas Mann por tratar de um tema similar, "O Deserto dos Tártaros" é uma obra que me fez refletir muito e rever o que faço com o tempo que me resta.
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Cris 19/02/2023

19.02.2023
Conta a história de Giovanni Drogo, militar que acabou de ser designado a tenente e é enviado a um forte que fica em uma região árida, longe do povoado, onde nada acontece, mas os oficiais sempre estão à espera de uma invasão dos tártaros. Lembra a obra A montanha mágica, de Thomas Mann, onde o comodismo do personagem faz refletirmos sobre a passagem do tempo que quando vemos, já passou. Nesse livro, o personagem mal chega no forte e já quer ir embora, pois nada acontece e percebe que a expectativa que tinha sobre promoção, prestígio, não vai acontecer. Mas vai ficando, se acomodando e quando percebe, está lá há mais de 30 anos. Ao olhar para trás, vê que já não há mais tempo de voltar para a cidade, pois na casa em que vivia, não há mais ninguém. Não conhece mais as pessoas e não criou vínculo com ninguém. Muito reflexivo e triste.
Janaina Edwiges 20/02/2023minha estante
Ótima resenha! Quero muito conhecer esta história, parece trazer reflexões importantes para a vida.




Elton.Oliveira 13/02/2023

A brevidade da vida
Livro com bastante significados, porém achei um pouco cansativo !

É um clássico do autor italiano Dino Buzzati, nos faz pensar se realmente estamos progredindo ou procrastinando tudo , apenas deixando o tempo passar com uma desculpa de que amanhã vai ser diferente , q um dia acontecerá aquela situação q fará tudo ser melhor, diferente !

O personagem foi jogado nessas situações e não teve força nem ímpeto para mudar sua vida .... Final triste e dramático como foi desenhado desde o início !

Achei muito legal a abordagem e as várias situações q o livros nos mostra .... Bastante reflexivo !
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Gigi 30/01/2023

O tempo
"Todas essas coisas já haviam se tornado suas , e abandoná-las seria doloroso.
O bom da vida parecia estar à sua espera. Que necessidade havia de apressar-se?"
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Tayara.Vergueiro 28/01/2023

O começo é legal. O meio é bem entediante mas entendo que é pq a vida dos personagens tava assim, mas foi difícil continuar. Final dramático é muito triste
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Alisson 26/01/2023

Extremamente chato
Cansativo, sem graça, massante e frustrante pela falta de interação para nos fazer viajar na leitura e pensamentos.
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Wassu 20/01/2023

Vivemos o presente e não a ilusão de um momento oportuno
Um livro que foi lento em ler, por seu teor e a reflexão. Quando eu li o desconforto me assolou, em diversos momentos nos deparamos no momento que vamos viver, aproveitar nossa vida, ou a época que a vida começa, como a luta que durante toda a vida se preparamos, entretanto, essa guerra pode nunca acontecer, na verdade essa guerra ou momento idealizado nunca virá, pois é fruto de pura fantasia. O presente é o momento, é o movimento, nele ressignificamos e tomamos novos rumos, no viver hoje podemos viver, pois o momento é agora e não num futuro idealizado ou temeroso.
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