MiCandeloro 18/09/2015
Divertidíssimo e apaixonante!
ATENÇÃO! Este livro contém cenas de sexo e linguajar adulto!
Caroline é uma jovem designer de interiores, bem sucedida, independente e segura de si, mas um pouco solitária no que diz respeito a relacionamentos amorosos.
Desde que se envolveu com o maldito Cory Weinstein, que lhe roubou seus orgasmos e a fez odiar pizza, a garota decidiu fechar para balanço, e se encontrava na seca há meses. Mas Caroline tentava não pensar muito no assunto. Estava satisfeita, curtindo as saídas com as amigas solteiras, viajando todo ano em sua própria companhia, e desfrutando de noites empoleirada no sofá, com seu gato Clive ao lado, assistindo a programas de culinária.
Porém, na primeira noite em seu novo lar, um lindo apartamento que alugou de sua chefe, situado em São Francisco, teve uma grande surpresa. Foi acordada pelos berros do vizinho ao lado que, com certeza, estava tendo uma transa épica. Não bastavam os gemidos que ecoavam pelas paredes, tudo tremia a tal ponto, que o quadro que ela tinha colocado na prateleira sobre a cama despencou em sua cabeça.
Para piorar, tal espetáculo libidinoso tornou a se repetir noite após noite, cada vez com uma mulher diferente. Caroline estava possessa, insone e louca para estrangular Simon, o vizinho dono de um harém. Certa vez, ao chegar ao seu limite, Caroline decidiu peitá-lo, esmurrando a sua porta, bem no meio de um dos atos sexuais do dito cujo, ganhando o apelido de Empata-foda.
O que Caroline não podia imaginar é que, além de Simon ser um pedaço de mau caminho, era amicíssimo do marido de Jillian, a dona da empresa na qual trabalhava. Para não arrumar problemas, ela sabia que algum tipo de trégua teria que ser feita, afinal, nada pior do que entrar em guerra com o morador adjacente. Mas será que Caroline conseguiria driblar essa situação sem subir pelas paredes?
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam.
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Subindo pelas paredes é o típico livro que não me seduziu pela capa, não me chamou atenção pela sinopse e nem me deixou curiosa, mesmo quando Leo o leu e disse que amou. Precisou que a Laís, uma querida amiga com quem faço várias leituras em conjunto, viesse compartilhar comigo diversos trechos da obra e momentos nos quais se matou rindo ou caiu de amores pelos personagens para que eu, finalmente, me rendesse e desse uma chance à história. Portanto, já adianto que esta foi para mim, a melhor surpresa do ano, que depois me deixou arrependida por não ter conferido antes.
A escrita de Alice Clayton é simplesmente demais. A autora conseguiu reunir os melhores elementos do chick-lit, temperando-o com um toque sexy do romance erótico, sem ser vulgar ou explícita demais. Além disso, abusou de diferentes narrativas, ora em primeira pessoa, ora em terceira pessoa, dependendo da amplitude da cena que ela queria nos mostrar, e também fez uso de diálogos inteligentes, bem-humorados, sarcásticos, cheios de duplo sentido e provocativos, e inseriu em seu texto trocas de torpedo, telefonemas e visões particulares de cada personagem, enriquecendo tremendamente a trama.
Posso dizer que eu praticamente ri e suspirei do início ao fim da obra, sem contar que me encantei pelos protagonistas. Subindo pelas paredes tinha tudo para ser um romance clichê, mas Clayton nos cativou com uma mocinha cheia de personalidade, tremendamente verdadeira, mas, ao mesmo tempo humana, frágil e romântica, enquanto Simon foi além do papel de boy magia que nos deixa ofegantes e desejosas, mostrando que também pode ser um homem delicado, companheiro e dedicado, nos fazendo querer conhecê-lo um pouco mais.
No enredo, os vizinhos tinham um grande desafio pela frente: não sucumbir ao desejo sexual que se criou e se tornou palpável, por meio da convivência, enquanto tentavam decifrar a confusão de emoções que passaram a sentir um pelo outro. O mais interessante de tudo é que, ao contrário do que eu podia imaginar, Simon e Caroline não se entregaram a uma fogosa paixão logo de cara, como estamos acostumados a ver por aí, pois o livro não se trata apenas de sexo.
Página após página, observamos duas pessoas que, aparentemente são muito diferentes, irem baixando a guarda, se conhecendo e desenvolvendo um nível de intimidade tão profunda e bonita, que costuma preceder o verdadeiro amor e as relações realmente duradouras. Isto foi o que, certamente, mais me emocionou no texto: acompanhar o florescer desse sentimento.
Enquanto lia o livro e tudo parecia estar dando certo, fiquei com receio de ocorrer alguma reviravolta no plot "a la novela mexicana" e tudo ir pelos ares, mas, felizmente, a autora não é dada a dramas, muito menos a acontecimentos forçados a fim de deixar a história mais "emocionante". Ela não precisa disso, já que a narrativa se sustenta sozinha. O final foi simplesmente perfeito e me deixou subindo pelas paredes, literalmente, ansiando por mais deste casal que passou a ser um dos meus preferidos no mundo literário.
Wallbanger faz parte de uma série, chamada Cocktail, que já possui quatro livros e um conto lançado lá fora. Tenho muito receio de que os outros volumes não sejam trazidos ao Brasil já que este foi publicado há mais de um ano. Editora Benvirá, por favor, colabore!
Subindo pelas paredes nos mostra que, muitas vezes, criamos impressões equivocadas de pessoas que mal conhecemos por puro preconceito, e nos lembra que o amor pode estar mais perto do que imaginamos, quem sabe, na parede ao lado?
site: http://www.recantodami.com/