Eicross 24/03/2016
Libertudo e Estrenada
Eu peguei esse da biblioteca da escola tão logo quanto foi possível por ser do Manuel e ter uma capa ainda mais linda que a do livro anterior que eu havia pego. Agora há uma novidade na biblioteca da escola: só podemos retirar 4 livros por vez, por isso não quis trazer outros do Manuel para este final de semana.
No início do livro há uma crítica muito boa e positiva escrita por Godofredo de Oliveira neto, que achei proveitoso pesquisar e descobri que é um escritor nascido em 1951 e que já ganhou o segundo lugar no prêmio Jabuti, o prêmio literário mais importante do Brasil. Todavia, não era preciso pesquisar para saber que se trata de um homem muitíssimo culto e entendido. Fala sobre a zombaria, ironia, maneira trágica de lidar com o mundo e outras características do autor. "Mais do que sonho, é luta" - escreveu.
Neste de tempo, de 22 a 36, Bandeira publica Poesias, que é a junção de A Cinza das Horas e um novo livro, "O Ritmo Dissoluto", colabora com Klaxon, revista difusora do modernismo, lida com a morte de seu irmão e escreve "Sim, já perdi pai, mãe, irmãos / Perdi a saúde também" no poema "Não sei dançar"; conhece Carlos Drummond de Andrade, viaja a várias cidades que o inspiram a escrever poemas como "Mangue", "Belém do Pará", "Evocação do Recife" e "Oração no saco de Mangaratiba", começa uma publicação semanal no jornal Diário Nacional. Faz piada com a sua doença no poema Pneumotórax, um dos meus favoritos, mostrado abaixo.
Pneumotórax
"Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três
- Respire.
..........................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."
Libertinagem conta também com lembranças simpáticas do porquinho-da-índia que queria sempre estar debaixo do fogão em "Porquinho-da-índia", insere o negro nos versos com "Irene no céu" e faz a desmistificação da mulher, zombando dos amores, em "Namorados"(abaixo) e "Mulheres", por exemplo, conta com dois poemas em língua estrangeira (francês) e apoia abertamente os versos livres em "Poética"
Namorados
"(...)
Antônia, você parece uma lagarta listada.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca."
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