Glaucia 10/03/2020O Trem dos ÓrfãosMolly é uma adolescente de 17 anos que esta cansada de ser jogada de um lar temporário para outro e após ser pega cometendo um delito, ela é condicionada a pagar 50 horas de serviço comunitário, e assim ela conhece Vivian, uma senhora de 91 anos que atualmente reside sozinha, levando consigo apenas memórias de perdas e um passado sofrido.
Atraves de Jack, seu namorado, Molly é designada a ajudar Vivian na limpeza do sótão, e em meio a essa faxina, Vivian começa a recordar e compartilhar sua trajetória de vida. E o que parecia que seria um tédio só, acaba sendo um aprendizado.Descobrimos que Vivian não é seu nome de batismo, ela era Niamh, uma garota ruiva e irlandesa que veio de navio com pais e irmãos para Nova York no período da Grande Depressão, em 1929, mas infelizmente um acidente acaba com a vida da família de Niamh e ela é colocada no trem os órfãos que buscava realocar crianças com famílias que pudessem abriga-las, mas isso não necessariamente significava adotar como filho, muitas pessoas buscavam crianças que pudessem trabalhar nas fazendas ou fazer serviços domésticos.
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"Você aprende que a maioria dos adultos mente. Que a maioria das pessoas só se importa consigo mesmas. Que você ó interessante enquanto for de utilidade para alguém".
Em pouco tempo as duas começam a desenvolver uma conexão e é bonito ver como duas pessoas diferentes podem ter tanto em comum, vê-las se abrindo e se ajudando é inspirador, e apesar de seus vários clichês, ainda pude me surpreender com algumas coisas e mesmo quando já imaginava o que aconteceria, ainda foi uma experiência encantadora, dolorosa e instigante.. "Aprendi há muito tempo que a perda não é apenas provável, mas é inevitável. Sei o que significa perder tudo, sei o que é abrir mão de uma vida e encontrar outra. E agora sinto, com uma estranha e profunda certeza, que deve é o meu destino na vida aprender essa lição várias vezes".
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A narrativa é intercalada nos dois pontos de vistas, o que trás riqueza nos acontecimentos do passado, que particularmente foi o que mais me prendeu, mas também foi ótimo conhecer um pouco sobre a origem da Molly, que é índia da tribo penobscot, Ambas as protagonistas são de etnias diferentes e estão fora de seu local de origem, então alem de ter que lidar com as perdas, também precisam de força para lidar com o preconceito, e sendo mulheres, principalmente no caso da Vivian, não são vistas com muita utilidade e precisam aceitar o que falam e oferecem. É um absurdo ler certas partes, mas é incrível acompanhar o crescimento da Vivian e suas conquistas, e como Molly passa a se soltar e compreender que por pior que as coisas estejam, ela precisa tomar a rédea da sua vida, fazer suas escolhas e que as consequências são apenas dela
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Minha unica ressalva é para o romance, ele foi meio jogado e tinha potencial para ser melhor explorado, do restante o livro é ótimo
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No final do livro tem uma nota falando sobre o trem dos órfãos, ele existiu e levou mais de 100 mil crianças, a autora conseguiu falar com algumas das crianças que passaram por esse trem e que hoje estão com mais de 90 anos, achei bem interessante conhecer um pouquinho dessa história.
Recomendo muito essa história, vale a pena embarcar nessa jornada, principalmente se você ficção baseada em fatos.
ps: Também amei as referências a Anne de Green Gables ♥
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