Luciana 26/07/2014Nenhum homem é uma ilha; Cada livro é um mundoAos 39 anos,
A.J. Fikry é o rabugento proprietário da pequena livraria Island Books, situada em Alice Island.
ISLAND BOOKS
A única fonte de boa literatura em Alice Island desde 1999
Nenhum homem é uma ilha; Cada livro é um mundo
pág. 14
É ele quem decide quais são os títulos que entrarão em sua loja e seu senso crítico extremamente complexo dificulta a vida dos representantes de editoras que visitam o local para apresentar seus lançamentos. Uma destas representantes é
Amelia. Uma mulher de 31 anos, que veste-se de forma peculiar e trabalha na Pterodactyl Press. Amelia progressivamente ganha importância na vida do livreiro.
Há dois anos, A.J. perdeu a esposa, Nic, vítima de um câncer. Desde então ele vive sozinho no apartamento acima da livraria e não vê mais sentido em muitas das coisas que costumava fazer. Seu mau humor é acentuado e ele não faz questão de parecer uma pessoa agradável.
Eu não sou um alcoólatra, mas gosto de beber até desmaiar uma vez por semana, no mínimo. Fumo de vez em quando e sobrevivo com uma dieta composta por comida pronta congelada. Quase nunca passo fio dental. Costumava correr longas distâncias, mas agora não faço exercício nenhum. Moro sozinho e não tenho nenhum relacionamento importante. Desde que minha esposa morreu, também odeio meu trabalho. pág. 31
É justamente o jeito honesto de A.J. que agrada o leitor a ponto de ficarmos torcendo para que ele, de alguma forma, reencontre satisfação na vida.
Quando
Maya, uma criança de dois anos, é deixada na livraria acompanhada de um bilhete – onde a mãe pede que A.J. cuide da criança pois ela não tem condições de criá-la –, passamos a conhecer um outro lado do homem considerado pelos moradores de Alice Island como uma pessoa fria e esnobe. A.J. surpreende a todos quando passa a dedicar seu tempo, atenção e amor não só a Maya como também aos outros âmbitos esquecidos de sua vida.
Sua personalidade, antes intragável, torna-se mais amena e o homem, que antes não fazia questão de ser amável, aos poucos torna-se sociável, empático e até mesmo cordial.
As pessoas contam mentiras chatas sobre política, Deus e amor. Você descobre tudo que precisa saber sobre uma pessoa com a resposta desta pergunta: Qual é o seu livro preferido? pág. 69
A princípio pensamos que A.J. está salvando uma criança desamparada quando na verdade, com o passar das páginas, percebemos que ela é quem o salva de seu próprio abandono.
O fato de o protagonista ter um amplo conhecimento literário soa bastante simpático e familiar ao leitor. A cada início de capítulo, conhecemos a opinião de A.J. sobre títulos literários distintos.
É de se apreciar que a autora tenha construído uma história tão completa e com diversos elementos atrativos em tão poucas páginas (pouco mais de 180). A história desperta esperança, emoção e uma boa dose de risadas. Impossível não sentir ao menos afeição pelos personagens.
Por fim,
A Vida do Livreiro A.J. Fikry é uma história tangível, escrita de maneira singela e cativante, o que a torna única. Parada obrigatória na trajetória de um leitor.
Para esta e outras resenhas, acesse: http://sem-spoiler.blogspot.com.br/