Eduardo Mendes 30/12/2022
Uma boa história de detetive
O Sol Desvelado é o segundo livro da trilogia dos robôs de Isaac Asimov. Temos aqui uma continuação das aventuras do detetive Elijah Baley e seu parceiro, o robô Daneel Olivaw.
No primeiro livro, As Cavernas de Aço, Elijah resolveu um crime que aconteceu em seu próprio planeta, a Terra. Agora, o detetive é enviado ao planeta Solaria e precisa desvendar um caso complicado e aparentemente insolúvel.
Esta é mais uma bela história de detetive, que parece um universo de Agatha Christie transportado pro espaço sideral, com reviravoltas e mistérios a serem resolvidos. Asimov mais uma vez usa a ficção científica pra imaginar um mundo completamente diferente do nosso e tocar em temas como diferenças culturais e distanciamento.
E mesmo que o mistério da trama seja instigante, o que mais me chamou atenção foram as peculiaridades de Solaria. Existe pouquíssimo contato humano, as pessoas se “encontram” por telas e intercomunicadores. A solidão e o isolamento são uma prática perfeitamente normal, e mesmo assim todo mundo vive em perfeita harmonia.
Em oposição à Terra, onde as máquinas e robôs não são bem vistos, Solaria tem uma população de robôs cerca de 1000 vezes maior que a população humana. Diferente do cenário apresentado em “As Cavernas de Aço”, onde a Terra é um lugar decadente e as pessoas vivem em cidades que mais se parecem com cavernas, sem contato com a luz do sol, Solaria tem imensos campos abertos, muita luz e espaço de sobra.
Com diversas convenções sociais diferentes da nossa, Elijah precisa aprender a se comportar neste mundo estranho, e este é o aspecto mais interessante do livro, afinal, não precisamos sair do planeta para encontrarmos culturas e costumes completamente opostos ao nossos, e nem sempre estamos dispostos a entender o outro. Às vezes são essas diferenças e conflitos que culminam em guerras.
Asimov te conquista com uma história de detetive, mas mostra que nossos comportamentos são frutos do meio em que estamos inseridos. É genial!
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