Bruna 01/09/2014Lindo e profundo Estrela, a nova uma aluna da escola de Leo, é super diferente de tudo que os alunos já viram. Além do nome atípico, ela se veste de forma estranha, tem um rato de estimação, está sempre ajudando todo mundo, canta parabéns para os aniversariantes no refeitório, e tem uma alegria fora do normal.
A chegada da jovem ao colégio causa um rebuliço danado. Em um primeiro momento, vem a estranheza. Então ficam encantados com seu jeito autêntico, começam a imitá-la e a convidam para ser líder de torcida. E por fim, quando algumas atitudes de Estrela vão contra os desejos do grupo, vem a rejeição, representada por um gelo e política de silêncio absurda.
O livro é narrado por Leo, que na primeira metade da história é apenas um observador, e vai contando o que acontece na escola e com Estrela. Então ele percebe que ela está interessada nele, e os dois se envolvem. Só aí temos Estrela, que é a protagonista e estrela maior de todo o livro, como uma personagem realmente atuante, com diálogos para os leitores. Até esse momento, nós apenas a víamos pelos olhos de Leo. Porém, a rejeição que Estrela sofre na escola acaba por atingir Leo, e esse se vê na difícil posição de escolher o que é mais importante: Estrela ou os outros.
“você dá mais valor ao afeto de quem? Ao dela ou ao dos demais? O Señor diz que tudo acontecerá a partir daí.”
págs. 111-12
Estrela é uma jovem encantadora e autêntica, e retrata bem a imagem do altruísmo. Então, não é de estranhar que tenha sido vítima de práticas de bullying tão pesada. Eu realmente me comovi com as situações vividas pela protagonista. Já Leo é um adolescente tímido, que tem boas intenções, porém ainda é muito imaturo. Algumas atitudes dele me irritaram muito, mas eu compreendo, pois ele é jovem e tem medo da reprovação social e de ser ignorado por seus colegas.
Algumas questões importantes são colocadas, como “Vale a pena abrir mão de que se é de verdade, para ser aceito pelos outros?”, “Quanto a opinião alheia é importante para sua vida?”, e “quanto a opinião e oposição social pode prejudicar suas decisões e sua vida?”.
Para mim, que tive algumas aulas com professores incríveis de sociologia, foi impossível ler esse livro sem fazer associação com a matéria, em especial as questões relacionadas a 'coerção social' e 'poder dos grupos', mas fiquem tranquilos que não vou entrar nesse debate acadêmico aqui, rs. Mas acho que foi por isso que achei a narração do livro incrível! A narração em primeira pessoa feita por Leo reflete dois tipos de opinião, a dele, enquanto indivíduo (e um indivíduo apaixonado pela Estrela, diga-se de passagem), e a opinião do grupo, pois muitas vezes, as coisas que ele dizia e pensava nada mais eram que um reflexo do que os demais também estavam pensando, e nesses momentos, ele geralmente utilizava construções utilizando o plural representando o “nós” e não “eu”. E o mesmo vale para suas atitudes.
Nós queríamos defini-la, etiquetá-la como fazíamos uns com os outros, mas não conseguíamos ir além de “esquisita”, “estranha” e “patética”. O jeito dela nos tirava dos eixos.
Pág. 19
Ela era uma luz flexível: brilhava em cada esquina do meu dia.
Ela me ensinou a me divertir. Ensinou-me a refletir. Ensinou-me a rir.
Pág. 114
A extraordinária garota chamada Estrela é um livro realmente especial, e passa uma mensagem bem profunda. Está muito bem escrito e a leitura flui sem percebermos. A diagramação da Gutemberg é simples, porém muito bem feita, com papel amarelado e fonte agradável. Sem falar na capa, que é super fofa.
Recomendo demais a leitura. Esse é um livro ideal para todas as idades.
Beijos
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