Tammy 28/04/2017
Indesejadas (Livreando)
Em um dia aparentemente comum, Sara Sebastiansson e sua filha Lilian viajam em um trem pela Suécia, até que uma sucessão de fatos programados mudam o destino das duas e dão início a uma história vivaz e bem amarrada.
"Num momento parece que está tudo bem, que sabemos onde estamos pisando, mas no outro o gelo cede e afundamos na mais insondável escuridão." p.193
Um telefonema, um contratempo, um trem perdido. Esses fatos foram o suficiente para que o desaparecimento de Lilian acontecesse. Um caso tratado aparentemente como uma disputa familiar dão início a assassinatos que irão deixar a polícia local bem mexida.
"Alex gostava de trabalhar com pessoas que, como ele, tinham um senso particular de vocação no trabalho. Gostava de trabalhar com quem tinha a mesma intuição que ele e um discernimento bem desenvolvido para o que era fato e o que era absurdo." p.19
Alex Recht é o responsável pelo caso junto com a sua equipe, Peder Rydh e Fredrika Bergman. Alex é um veterano na policia e sempre teve sucesso nos seus casos, mas esse estava lhe tirando dos eixos pela sua complexidade. Peder era um ótimo policial, apesar de gostar dos holofotes, sua única objeção era o fato de trabalhar junto com Fredrika, uma civil analista de sistemas, que não compreendia o furor e a paixão de seu trabalho. Pensamento esse que Alex também compartilhava.
"Peder quase sentiu-se zonzo ao pensar nos acontecimentos da última semana. Ele jamais imaginaria que o caso de Lilian Sebastiansson se transformaria no monstro que eles tinham nas mãos." p.304
Com a equipe formada, começaram a mapear o caso até que indicaram um suspeito. Gabriel. Um ex marido violento e pai de Lilian. As investigações estavam começando a fluir até que outra criança é encontrada morta e com características parecidas de como o corpo Lilian foi encontrado. A partir daí, as investigações mudam completamente de rumo e deixam a equipe com diversos fatos isolados, mas sem a construção de um caso em si.
Indesejadas traz toda a trama amarrada ao título. Não só pelas crianças que desaperacem por esse motivo, mas também pelo motivo que o serial se convenceu para fazer a sua justiça, deturpando situações do passado. É interessante ver como um caso como este vai criando caminhos bem limitados e detalhados durante a história. Esse é um livro que instiga e desafia o leitor a todo o instante para saber se a sua própria teoria serviria para o desfecho do caso. Confundido por diversas vezes e nos fazendo mudar o olhar em vários momentos conforme as informações são colocadas à mesa
Kristina Ohlsson soube como conduzir de maneira bem próxima o dia a dia da policia em casos do tipo. Todas as investigações e pistas que são distribuídas ao longo da narrativa são entregues ao mesmo tempo tanto ao leitor, quanto aos personagens que compõe essa história. Aqui, não existe a possibilidade do personagem guardar o segredo para si e deixá-lo exposto somente no ápice da história. Vamos descobrindo, nos achando e nos perdendo entre as pistas junto com os personagens nessa narrativa, e o fato da autora ser experiente na área, só ajudou para que a narrativa fluísse de maneira quase real.
Uma coisa interessante é que assim como vamos conhecendo os passos do assassino e sua maneira de agir, conhecemos também os personagens em suas vidas paralelas, com seus problemas, medos e arrependimentos. Ohlsson fez questão de humanizá-los o máximo possível, tanto através de suas vidas particulares como na forma que eles atuam na policia, com acertos erros compreensíveis aos nossos olhos. Há uma disputa de espaço e preconceito bem interessante dentro do departamento, onde o alvo é Fredrika por ser uma mulher que não se expressa como o espaço acha o ideal, uma deixa que a autora explora bem.
O livro traz um bom enredo que ao final, convence o leitor. É um livro bem dinâmico e o fato de a cada momento uma nova prova ser exposta, faz com que a leitura seja ritmada e bem especulativa. Para quem aprecia algo como Criminal Minds, CSI e livros policiais cheios de mistérios, com certeza essa leitura é válida. O romance não tem o foco principal, na verdade ele é retratado em cenas paralelas que completam o enredo.
A capa é completamente de acordo com a história, as cores também lembram o clima. Senti falta das orelhas e achei o espaçamento curto, mas as folhas amareladas facilitam a leitura. O livro é dividido em três partes e acompanhamos a história em quase uma semana corrida.
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