O mestre e Margarida

O mestre e Margarida Mikhail Bulgakov




Resenhas - O Mestre e Margarida


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Rosangela Max 27/11/2022

A faceta cômica da literatura russa.
A historia é sobre uma aventura maluca que que se inicia com Ivan Nikoláievitch e passa para outros tantos personagens.
Maluca também é a maneira que o autor escolheu contar esta história em forma de sátira, misturando vários elementos como espiritualidade, misticismo, arte.
O resultado disso tudo é confuso, mas divertido. Em alguns momentos, me lembrou ?Alice no país das maravilhas?.
O Mestre e a Margarida demoraram para aparecer e gostei que, embora eles são citados no título do livro, o protagonismo da história é bem distribuído entre os outros personagens.
Não é o tipo de história que me agrada, mas foi interessante ler.
Recomendo a leitura.
Juliana 29/11/2022minha estante
É um dos meus favoritos


Marlene Koch 22/01/2023minha estante
Este livro me chamou a atenção porque foi citado na página 407 no livro CRIANÇAS DE GROZNI de Asne Seierstad. Onde Asne menciona "...... me ajeitei da beliche (do trem) para ler. Trouxera uma edição surrada de O Mestre e Margarita. O professor mais velho levantou-se para sair. _ Fantástico. É fantástico - disse - Li-o cinco vezes. É o livro mais bonito que conheço. Imagine, o professor e eu tínhamos o mesmo livro favorito. "




Julyana. 23/10/2011

Que livro!

É tanta coisa em um livro só: comédia de costumes, crítica social, fantasia, história de amor, mas penso que fala sobretudo de liberdade.

Gosto da ideia que permeia boa parte do livro de que a covardia é o pior dos defeitos. Gosto também da ideia de que as pessoas são responsáveis pelo mal, não o diabo. É bem verdade que ele dá os meios, mas as pessoas só usam se quiserem.

A única nota triste é o autor não ter podido ver sua obra publicada. Mas como 'os manuscritos não ardem' hoje ela tem a importância merecida.
[^Angie^] 06/05/2015minha estante
Sempre ouço falar muito bem desse livro!

Gostei dos seus comentários. :)


Maria 27/10/2021minha estante
Resenha perfeita!




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

O mestre e Margarida, Mikhail Bulgákov - Nota 10/10
Já inicio essa resenha com a certeza de que “O mestre e Margarida” entrou para a lista dos preferidos! E o engraçado é que eu tinha um certo receio de ler esse livro, pois já tinha ouvido falar que se tratava de uma "leitura difícil"! Mas essa experiência serve para confirmar o que venho tentando mostrar aqui para vocês: vamos perder o medo de ler grandes clássicos…

Bom, chega de introdução e vamos ao que interessa. A obra de Bulgákov narra a visita do diabo - sim, em pessoa - à Moscou soviética da década de 30. E o diabo, conhecido como professor Woland, não vem sozinho, mas acompanhado de um séquito pouco convencional: um gato preto com traços humanos (um dos melhores personagens), um demônio brincalhão, uma feiticeira nua e um assistente caricato.

A partir dessa visita, vários acontecimentos estranhos começam a se espalhar por Moscou. Prof. Woland se diverte com os cidadãos, mostrando - em nítida crítica ao regime de Stálin - como ideais tidos como verdades e amplamente disseminados são, em grande maioria, pura invenção e facilmente desconstruídos. Mas não espere encontrar uma crítica profunda ao regime comunista ou uma análise da época. Na verdade, o autor consegue apresentar essas críticas nas entrelinhas de um obra de literatura fantástica, carregada de humor e ironia.

Além dessa visita à Moscou, a narrativa vai alternando com a Jerusalém dos anos 30 D.C., época da crucificação de Jesus. Embora não pareça fazer sentido uma narrativa que misture duas épocas tão diferentes, Bulgákov consegue fazer desse paralelo mais uma das grandes sacadas de seu livro.

Escrito em cerca de 11 anos, “O mestre e Margarida” é, na minha opinião, uma obra completa! Traz uma história extremamente cativante, com personagens fortes, crítica social e escrita digna de elogios. É um livro de certa forma “estranho”, sim, então leia com calma e aproveite a genialidade do autor. A título de curiosidade, a obra foi alvo de muita censura e só foi integralmente publicada após 20 anos da morte de Bulgákov.

Dica: recomendo ler nessa edição nova da Editora 34, pois a tradução parece estar bem mais acessível!

site: https://www.instagram.com/book.ster
Marcelo.Alencar 15/11/2023minha estante
Rapaz: amei a obra. Me parece um desenrolar teatral. Mas as entrelinhas da crítica que o autor impôs em grandes dogmas da nossa contemporaneidade é simplesmente espetacular.




MMo 04/06/2022

O Mestre e Margarida.
O Mestre e Margarida, romance escrito por Mikhail Bulgákov, entre 1928 e 1940, passou por diversas elaborações e reelaborações antes de sua publicação, sendo uma obra que permeia o período stalista, o autor tinha plena consciência de que jamais seria publicada em sua época por conta das críticas ao regime soviético.
.
O livro possui duas linhas narrativas temporais. De um lado, temos a chegada do diabo a Moscou em 1930, convidado ao teatro variedades para uma sessão de magia negra juntamente com seu séquito. De outro, a crucificação de Jesus Cristo na antiga Jerusalém. Uma sátira que nos prende do início ao fim e sem dúvida, uma leitura que marca a vida de quem a lê.

?? ???????
DANILÃO1505 12/06/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!


MMo 12/06/2022minha estante
Obrigada, Danilão. ?




Jardim de histórias 17/11/2022

Pleased to meet you Hope you guess my name
Ao se apresentar, o diabo diz: sou parte da energia que sempre o mal pretende e o bem cria.

O que para muitos, se trata da reelaboração da obra de Goethe (Fausto), para outros é uma fantástica história crítica, escrita entre 1928 a 1940. Porém, lançada somente em 1973. Uma sátira considerada pela crítica como anti-soviética, analisando pelo ponto de vista pós Revolução Russa. Portanto, a obra será em grande parte inserida no contexto político, social e cultural da época, fazendo com que a condução narrativa ganhe muita força.
Encontramos diálogos muito bem estruturados, críticas sociais, bizarrices, pactos fáusticos, um diabo icônico e sua comitiva que conta com um gato com dimensões enormes que caminha sob as patas traseiras, bebe  whisky e se chama Behemoth.
"Venha comigo leitor! Quem lhe disse que não há no mundo amor verdadeiro, fiel e eterno? Que cortem a infame língua desse mentiroso! Venha comigo meu leitor, apenas comigo, e lhe mostrarei tal amor!" (Trecho do livro)
Assim, Bulgakov introduz uma das personagem mais importante da literatura Russa, sim, se trata dela, Margarida Nikoláievna. Assim como o Mestre da história é considerado o alter-ego de Bulgakov, principalmente pelo seu desgosto com a censura, o que também acontece na história, a Margarida, foi totalmente inspirada em sua esposa Elena S. Bulgakova, uma personagem primorosa que tem um protagonismo indeclinável nessa história.
O curioso, que assim como muitas obras que mencionam o diabo e suas peripécias, elas também nos dão a oportunidade de refletir sobre o nosso pensamento livre coletivo e o pensamento individual, não seríamos nós, os portadores do bem e do mal? E a idéia do diabo, apenas um facilitador com a prerrogativa de subdividir nossos estados comportamentais, por exemplo, sendo eu o responsável por minhas virtudes e o diabo detentor dos desacertos?
A narrativa é tão criativa que o próprio diabo, ele mesmo ao ler essa obra, imaginou: "Bulgakov por que eu não pensei nisso"...

Boa leitura! Apreciem essa leitura Incrível a sem moderação! A tradução está excelente!
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Otávio - @vendavaldelivros 31/10/2021

“De cara, ficou evidente um disparate: como assim, fui com o finado? Finados não andam! Realmente, era bem possível que o tomassem por louco!”

Criar expectativas é algo comum ao ser humano. Criamos expectativas sobre pessoas, negócios, eventos e toda sorte de situações. Algumas vezes, essas expectativas são realizadas, mas muitas vezes não chegam nem perto disso. Essa não concretização de expectativas não significa sempre que o resultado final foi ruim. Pelo contrário, expectativas não alcançadas podem ser positivas. Eu tinha muitas expectativas sobre O Mestre e Margarida, mas encontrei algo completamente diferente. E foi ótimo.


Escrito até 1940, ano da morte de Bulgákov e seu último trabalho, “O mestre e margarida” narra a visita do diabo e seu séquito à Moscou dos anos 30, mas não só isso. Na verdade, o livro de Bulgákov tem cenários e estilos tão diversos, passa mensagens claras e outras ocultas, que me parece simples demais restringir o livro à uma sátira e uma versão do pacto fáustico.

Sim, o livro é engraçado e tem passagens cômicas que fazem o leitor se divertir. Mas além da sátira ao ambiente intelectual da então União Soviética, “O mestre e margarida” tem passagens com profundidade descritiva e uma capacidade de imersão excepcional. Mesmo na descrição do baile de satã, com muita informação para ser processado, é possível visualizar tudo que o autor propõe, num talento único de fazer o leitor enxergar o fantástico como realidade.

O “livro dentro do livro” que narra passagens da vida de Pilatos e de Jesus (que aqui leva um nome utilizado pela Igreja Ortodoxa) é incrivelmente lindo. Nesses capítulos, Bulgákov narra o encontro de um Jesus histórico, que só foi divinizado após sua morte e por conta de seus discípulos, e um Pilatos quase palpável, tamanha riqueza de desenvolvimento de personagem.


Eu tinha expectativas de encontrar um livro totalmente diferente do que encontrei aqui, mas ainda assim, tive uma experiência marcante. “O Mestre e Margarida” funciona como uma porta aberta para uma Moscou dos anos 30, mas também para o fantástico. E, em ambos os casos, o resultado é melhor que a expectativa.
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Rafa 15/06/2020

Sympathy For The Devil (Jagger & Richards)
O Mestre e Margarida é uma leitura complexa e densa, onde autor apresenta uma sátira àquele período histórico. O livro ainda aborda diversos elementos como: críticas sociais, religião, costumes, amor e liberdade. Por fim, vale a pena lançar mão de marcações e anotações para mergulhar no seu conteúdo inteligente e repleta de humor.
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Ebenézer 09/05/2021

Valeu a releitura.
Sou sim do tipo que relê livros...
Não me incomoda refazer o percurso com o autor.
Na verdade, retorno aqui para fazer uma autocrítica: quem sou eu para julgar precipitadamente, numa leitura ansiosa de poucos dias, uma obra que consumiu mais de uma década de longa maturação do autor, e cuja publicação demorou outro tanto para se realizar?
Assim foi comigo: aligeirado, detestei a minha primeira leitura dO Mestre e Margarida. Há pouco tempo concluí sua leitura e anotei naquele momento a minha frustração do que considerei pouco produtiva, porque o livro não despertara, ou melhor, não satisfizera minha expectativa, sobretudo, por estar diante de uma literatura russa da qual imaginava extrair grande prazer, o que não ocorreu naquela malfadada empreitada literária. Foi frustrante, lá então.
Todavia, sensato, ciente das minhas limitações, me prometi fazer a releitura dO Mestre e Margarida, devagar e sem divagar.
E assim cumpri minha promessa lendo outra vez O Mestre e Margarida de Mikhail Bulgákov e, qual não foi minha grande surpresa, como costumo dizer: me encontrei e me reconciliei com obra e autor.
Me entreguei, portanto, sem hesitações neste reencontro, aos devaneios e surrealidades jamais imagináveis ou explicáveis de Bulgákov protagonizadas por Satanás e seu séquito em Moscou. Assim como indecifráveis e inconcebíveis são as vivências em um Estado Totalitário (posso só imaginar!) em cujo território não somente se pretendeu, mas se implantou um conjunto de políticas restritivas e privativas das liberdades individuais em amplo sentido, sem mesmo esquecer da liberdade religiosa.
A existência de um Estado Totalitário não apenas cerceia as liberdades individuais, mas é sobretudo o atroz gesto covarde como o pior entre todas as fraquezas humanas.
"É escusado dizer" que a Literatura não queima fácil na lareira, muito ao contrário, ela detém a chave que modula os cativeiros impostos aos homens e concede à humanidade o direito à liberdade plena e permanente, como bem expressou a personagem Woland em resposta ao mestre que os "manuscritos não ardem."
Digo tudo isso, para assim me desfazer da minha percepção inicial, e injustificável, com relação ao livro O Mestre e Margarida para desta vez enaltecer o autor russo Mikhail Bulkákov por sua obra, além do senso de humor e fina sensualidade, apesar da opressão stalinista.
Foi, portanto, desta vez, muito gratificante conviver com as peripécias, fantasias, truques, hipnoses, prestidigitações ou "o raio que o parta" de Woland, Azazello, Korôviev, Behemoth, O Mestre, Margarida, entre outros, sem esquecer Pôncio Pilatos, Judas, Mateus Levi, e outros igualmente importantes que criaram uma aura diferenciada para uma releitura do Cristo (Ha-Notzri) em seus derradeiros momentos cruciais que deixaram marcas indeléveis.
Desfeita, pois, minha antipatia inicial injusta com O Mestre e Margarida, da qual me penitencio, vivamente o recomendo.
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13marcioricardo 10/06/2023

Entretido
Romance ambientado em Moscovo que conta com a ilustre presença do diabo e seus comparsas.

Achei divertido, mas também um pouco prolixo. Esperava mais, acho que tinha demasiadas expectativas. Acontece.

Penso que quando se coloca o diabo numa história se deve pensar em algo grandioso, ao menos mais do que essa história.

O mesmo pensaria se fosse com Deus. Ninguém vai descer do seu pedestal por ninharias.

Entretanto, esse livro tem alguns altos e esses picos acabam sendo bem peculiares e interessantes.
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Maria17758 07/03/2024

Inteligente, super divertido e engraçado, mordaz, subversivo?. E, em meio a tudo isso e muito mais, ainda consegue conter uma história de amor belíssima e meio autobiográfica, baseada em uma história de amor igualmente bela. Esse livro é sem igual, brilhante mesmo.
Só não dou 5 estrelas porque a segunda parte foi um pouquinho arrastada e, como eu não ando tendo muito tempo ou força de vontade pra ler, essa segunda parte acabou sendo um pouco penosa em alguns momentos.
Mas, como se não bastasse ter terminado o livro encantada, o posfácio da edição só me envolveu ainda mais. ?Fica-nos, porém, a imagem deste autor, em seu leito de morte, ditando? emendas a uma obra que ele sabia ser impossível publicar na época. Segundo a viúva, disse quando estava morrendo: ?talvez isso esteja certo. ? O que mais poderia eu escrever depois de Mestre???.
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Antonio.Araujo 27/05/2022

Lançado postumamente no fim da década de 60, primeiro na Alemanha Ocidental e depois na URSS, em 1973, O Mestre e a Margarida é uma das grandes obras do século XX – com um texto fortemente influenciada pelo Fausto de Goethe.
Dois autores em Moscou são surpreendidos por um tal Prof. Woland ou ninguém menos que Satã em pessoa (aliás, Woland é um nome alemão para Satanás. Presumivelmente, significa "decepção"). Acompanhado por um séquito exótico - uma Bruxa Nua, um Gato falante, um demônio brincalhão. Narrado pela ótica do Mestre, transitando entre o presente e os dias finais de Cristo - encontra seu ápice no "Grande Baile de Satã".
A partir desse encontro acontecimentos estranhos começam a suceder por Moscou, situações absurdas. Em um tom de sátira, Bulgákov estabelece sua crítica ao regime de Stálin. A própria presença de Satã contradiz o que, segundo o poder vigente, deveria ser instituído como verdade, a inexistência de qualquer religião.
Possui três eixos temáticos: Woland e suas aventuras acompanhado de seu séquito; o mestre, a Margarida, Berlioz e demais personagens (talvez um pouco abrupta e não tão harmônica a construção dessa parte em especifico); a história de Pilatos, que intercala as demais.
Não espere encontrar uma crítica profunda ao regime comunista, o autor elabora suas críticas nas entrelinhas sob a sombra do fantástico e mesmo farsesco.
A narrativa alterna entre a Moscou dos anos 30 e a Jerusalém dos anos 30 D.C. O que em um primeiro momento não parece fazer sentido, quando o adquire compreendemos o jogo que nos é proposto por seu autor.
A obra foi alvo de muita censura e só foi integralmente publicada após 20 anos da morte de Bulgákov.
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Erica 13/01/2021

"As sombras resultam dos objetos e das pessoas."
É um livro denso e ao mesmo tempo carregado de humor satírico, o que ameniza o enredo. É também repleto de referências e acredito que aproveitaria melhor a obra se antes tivesse lido "Fausto", de Goethe.
São três focos diferentes: a visita do diabo a Moscou nos anos 1930, os conflitos de Pôncio Pilatos durante e após a crucificação de Yeshua (Jesus no livro) e o amor vivido pelo Mestre e Margarida.
A maior parte do romance se concentra na visita de Woland (o diabo) e seu séquito a Moscou, e os preparativos de um baile que ele pretende dar para convidados selecionados. Margarida e a trupe de Woland se cruzam porque ela é escolhida para recepcionar os convidados desse baile, o que faz por amor ao Mestre, desaparecido e impedido de publicar seu romance (a estória de Pôncio Pilatos). Curiosamente, a relação do Mestre com Margarida muito se assemelha à relação de Bulgákov e sua terceira esposa na vida real.
O grande insight que extraí do livro foi a presença do mal como algo intrínseco aos indivíduos, o que não se modifica através do tempo. O diabo aparece apenas para trazer à tona as maldades inerentes.
Quanto aos personagens, destaco Margarida como uma das figuras femininas mais emblemáticas da literatura. Ela representa a força do amor, acima do bem e do mal.
Um romance para muitas risadas e ao mesmo tempo muitas reflexões sobre o bem e o mal, a verdade e a mentira e todas as críticas ao regime stalinista da época.
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Isabel 20/01/2023

Espetacular!
Livro maravilhoso e muito divertido.
Uma leitura gostosa e bem rápida.
Satanás decide visitar Moscou com sua corja, imaginem o que vai acontecer. Rsrsrs.
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Max 16/05/2023

O diabo...
Desde o dia em que "Crime e Castigo" de Dostoievski e "Guerra e Paz" de Tolstoi chegaram às minhas mãos, a literatura russa sempre esteve entre as minhas favoritas. Agora com Mikhail Bulgákov se abre um novo horizonte, cheio de inventidade, romance, crítica social e principalmente bom humor.
Em meio às peripécias do diabo e seu séquito em Moscou, há também uma estória paralela de Poncio Pilatos muito interessante.
Recomendo!
aartemesalva-nat 16/05/2023minha estante
Esse está na minha lista. A literatura russa é incrível mesmo. ?


Regis 16/05/2023minha estante
Adorei a resenha, Max. ?
Mais um autor russo para a lista. ?


Max 16/05/2023minha estante
Obrigado, Regis, querida!?


Débora 17/05/2023minha estante
Já tinha vontade de ler esse livro. Agora fiquei querendo mais ainda! Ótima resenha, como sempre, Max!?


Max 17/05/2023minha estante
Obrigado, querida Débora! ?




Túlio Demian 06/08/2014

Aos poucos ELE se apresenta e as Pedras Rolam (Rolling Stones)*. - Uma breve leitura do romance "O mestre e Margarida" de Mikhail Bulgákov
Acabo de ter uma aula com o professor Wolland e tenho algumas coisas a dizer. ...


Quando peguei em mãos a obra O Mestre e Margarida de Mikhail Bulgákov (1891-1940) estava preparado para ler uma crítica ferrenha ao comunismo russo conforme haviam me indicado. Por conta de minhas ideologias de esquerda a leitura dessa obra seria um grande desafio, pois, ainda que eu me considere uma pessoa aberta às críticas, é certo que elas precisam vir acompanhadas de bons argumentos, do contrário, eu abandonaria o livro nas primeiras páginas. Mas, ainda no primeiro capítulo, quando o professor é apresentado ao crítico e ao poeta, fiquei certo de uma coisa: Não se tratava de um romance que criticaria o regime soviético, mas sim uma crítica à corrupção humana, independente de sua opção política.

Edição 2009
O livro pode ser classificado como realismo fantástico em partes. Quero dizer, ao tempo em que vislumbramos uma descrição profunda do narrador e uma tentativa de ambientalisar a narrativa na sociedade moscovita do início do século XX, ele nos carrega, de maneira delirante, ao universo paralelo da fantasia e do surrealismo, sempre dotado de uma criticidade ácida aliviada por uma animação simbólica que remonta cenários da Disney e dos irmãos Grimm.
NOTA: Se o leitor dessa singela nota quiser conhecer o enredo do romance, sugiro que o leia. Afinal, ninguém é mais apropriado para lhe contar isso que o próprio Bulgákov. O que pretendo expor nessas linhas é uma interpretação do que me foi apresentado pelo autor.
Já nos primeiros capítulos é possível notar a impotência das ideologias humanas, manipuladas de acordo com o interesse dos políticos, diante da sagacidade do Demônio. Sobretudo porque ele não dispõe de armas celestiais ou argumentos infalíveis capazes de convencer a humanidade de suas verdades, mas sim porque ele usa a maior de todas as forças contra o homem, cuja potência, ao ser demonstrada, é reconhecida, a princípio, como inacreditável, insuperável, maravilhoso e, portanto, invencível: A farsa.

Mikhail Bulgákov
As peripécias do Demônio acabam por revela-lo a todos aqueles que cruzam seu caminho e que atônitos passaram o resto de suas vidas traumatizados pela perturbadora sensação de que ele jamais os deixará. Satanás é um espelho. Na obra ele surge como um mago, incita os homens e realiza desejos. No entanto, tais realizações são tão frágeis quanto o caráter dos felizardos. Wolland, o professor demoníaco, e seu séquito escolhem suas vítimas na maquiada sociedade socialista, cuja adesão ao regime se dá muito mais pelo medo que pelo compromisso com a causa, e os instiga a derrubarem suas máscaras e revelarem a pérfida alma egoísta que habita cada um. Ninguém, absolutamente ninguém, resiste aos dólares, às roupas parisienses, a luxúria e a oportunidade de satisfazerem seus impulsos de consumo. Mesmo que isso signifique uma declaração de ódio à causa comunista. E assim, os camaradas vão caindo. Não diante do irreal ou do fantástico Ser que surge numa tarde quente de Moscou, mas sim, diante do Demônio que sempre estivera instaurado dentro de si.
Os heróis da trama são justamente O Mestre e sua amada Margarida que, aliam-se ao Demônio não por suas almas fétidas e sandias, mas, ao contrário, pela pureza e verdade de seus sentimentos. O primeiro, por romancear a vida de Pôncio Pilatos, recebe como punição a indiferença da sociedade intelectual e críticas que o eliminam do cenário cultural bolchevique. Na impossibilidade de prever outros caminhos, que na verdade não haviam, ele enlouquece e queima sua obra, desagradando profundamente sua amada, Margarida, que por sua vez é casada e vive uma vida de prestígio ao lado de um rico russo numa sociedade de iguais. Diante do seu quadro de aparente loucura, o Mestre é encaminhado ao hospício pois, além da impossibilidade de viver sem sua amada, acaba por afirmar que conhecera o Diabo. Margarida, na busca incessante para reencontrar seu Mestre querido, sucumbi a tentação de Satanás e, por amor, aceita abrir mão de toda e qualquer aparência social em busca do seu objetivo. Duas almas puras que a corrupção humana, violentamente, separara em nome de interesses mesquinhos, na defesa de uma causa de adesão falsa. Para o Mestre e Margarida Satanás não se mostra austero, não assusta e muito menos representa o Mal. Isso porque a realidade de suas vidas, antes do mágico encontro com Wolland, era bem mais assustadora.

Pilatos e a primeira audiência de Yeshua
Paralelo ao enredo carregado de símbolos que revela as relações corrupta da sociedade, há a revisão histórica da vida de Pilatos e Mateus Levi. O apóstolo, acusado por Cristo de ser um falso marqueteiro de seus feitos, destaca-se pela sua fidelidade e resignação aos propósitos de Yeshua. Nessa releitura, Pilatos surge como alguém que fez o possível para que Jesus não fosse condenado, por entender que esse não oferecia nenhum mal aos interesses de Roma, e que a decisão de Caifás, um corrupto religioso da época, era irresponsável, já que condenaria a morte um homem sem crimes para satisfazer sua leitura arbitrária e equivocada de Davi. Yeshua, com sua simplicidade e retórica, perturbou Pilatos por muitos anos. O procurador, assim que Pôncio é chamado em grande parte do romance, não teria mais paz, mesmo depois de sua morte, que aliás nunca fora mencionada.
A Moscou, repleta por corruptos como Caifás, agora revivia o embate entre Pilatos e Levi. No passado, o procurador ofereceu a Matheus a liberdade e a realização de todos os seus desejos e recebeu do discípulo um categórico NÃO. Matheus estava decidido a redimir-se do mal feito ao seu Mestre com devoção incorruptível. Este ato aprofunda ainda mais Pôncio na melancólica e efêmera cova aberta de sua alma. No reencontro, Levi pede a Wolland que leve os heróis com ele, pedido atendido com prazer pelo Demônio, pois, depois de tanto tempo, a alma pura e sincera daqueles jovens, flutuava acima do ar contaminado moscovita, assim como pura era o semblante, o coração e a memória de Yeshua. Ou seja, aqueles amantes deram a Pilatos a possibilidade de sua redenção. Salvá-los foi a sua contribuição para os desígnios de Jesus que, como retribuição, deu ao Mestre e a Margarida o poder de libertá-lo.
A obra é carregada de símbolos cuja interpretação requer anos de análise, talvez por isso esse livro, mesmo depois de tanto tempo escrito, carregue em si a áurea dos grandes clássicos.
Dentre os inúmeros personagens de destaque do romance, gostaria, para finalizar, de falar brevemente de um que chamou muito minha atenção. Trata-se de Artchibald Artchibádovitch cuja admiração do narrador parece não ter fim. Personagem de grande importância para a engrenagem do sistema social, respeitado pelos intelectuais e políticos de Moscou, é proprietário de um restaurante na Sandovia, importante avenida moscovita, conhecido por reunir a nata da sociedade socialista. Esse personagem surge em dois momentos e apresenta práticas curiosas. Na primeira ele humilha um funcionário e o constrange na frente de todos, revelando sua autoridade e violência, sem abalar, contudo, a admiração dos outros e do narrador. No segundo momento, próximo ao desfecho do romance, ele flerta com Korôviev e Behemoth, membros da trupe do Demônio, e os auxilia na destruição do restaurante, sem deixar suspeitas sobre si, fugindo do local de destruição com um breve sorriso no rosto e ainda sendo admirado por todos. Esse Artchibald Artchibádovitch é uma figura emblemática. Pois mesmo diante de tantas agressões claras aos interesses do Partido Comunista, mesmo diante de auxílio aos estrangeiros que fulminaram a racionalidade dos camaradas, ele ainda é reconhecido como um grande homem, um admirável cidadão, um alguém acima de qualquer suspeita.
Satanás respeita Artchibald porque vê nele um ser que de tão escrachado em suas atitudes macabras acaba por cegar aos seus próximos, como se fosse um anjo caído, que ninguém jamais presenciou a queda. Quantos desses não conhecemos entre nós? E por que nunca são pegos? Depois de ler o livro comecei a achar que eles talvez tenham mesmo um pacto.
Concluo, com minha leitura, que a crítica de Bulgákov não é mesmo ao ideal comunista, ou ainda aos pensamentos de Marx, como alguns maldosos capitalistas presumem ao resenharem o livro. Trata-se de um modelo de sociedade corrupta que se revela viva e crescente nos espaços onde o Demônio, com seus fetiches e prazeres, corrompe milhares de almas diariamente e que infesta as crenças em ideologias transformadoras ao desvirtuar e marginalizar os poucos humanos que ainda acreditam em Deus. Para um ateu convicto como eu, a conclusão de uma leitura orientada por termos como Diabo e Deus não parece muito coerente, então lhe peço, leitor benévolo, que substitua esses verbetes, aqui registrados, por Capitalismo e Amor. Não tenho aqui a pretensão de dizer verdades ou mentiras, é só uma opinião de um jovem leitor que acabou de tomar um suco de damasco com espuma, e que entorpecido pela madrugada fria na serra, decidiu encerrar suas elucubrações e descansar. A distância ouço alguns soluços, silêncios da noite e a voz quente do professor Wolland:
- A aula acabou!

Itapecerica da Serra, 05 de Agosto de 2014


*A banda Rolling Stones se inspirou nessa obra para a composição de um de seus maiores clássicos Sympathy For The Devil.

site: http://contempoemidade.blogspot.com.br/2014/08/aos-poucos-ele-se-apresenta-e-as-pedras.html
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