Rafaela (@exlibris_sc) 30/12/2019#lendothewitcher[PODE CONTER SPOILER]
O quarto volume da saga apresenta de forma concreta e melhor estruturada a escrita em romance. Quando, em seu antecessor, a sombra da guerra se embrenhava entre os capítulos, aqui o conflito bélico se mostra a cada viela, cada povoado e a traição, suspeita, paranoia e crueza dos povos (especialmente dos humanos para com os inumanos) se mostra de forma explícita e intensa. Nessas páginas manchadas pelo sangue, o autor nos apresenta alguns momentos leves, divertidos, sensuais e místicos; algo que vem se fixando é a sua maestria com mitos e folclore que mostram e tecem algumas teorias envolvendo a jovem Cirilla. Aqui o leitor encontrará um Continente em guerra com Nilfgaard e alguns comparativos históricos podem ser feitos com o mundo de cá. Para mim, a crueza e poderio dos nilfaardianos poderia muito bem ser comparada com os vikings e alemães nazistas; talvez você ache semelhante com outros grandes impérios que tenham feito guerras para expandir seus territórios. Foi interessante conhecer algumas facetas dos feiticeiros, já que eles são apresentados com maior destaque em vários capítulos, com seus truques, ideais, vilanias e seus egos inflamados que ajudaram (ou prejudicaram) eles e outros. Em “Tempo do Desprezo” sentimos o desespero, o fim, o menosprezo de alguns, a constante pergunta que muitas vezes nos fazemos em momentos impossíveis de decidir entre o certo e a sobrevivência. Sapkowski nos apresenta diversos novos personagens com seus variados graus de importância dos quais, sem dúvida, torcemos, odiamos, choramos, sentimos pena, raiva e amamos.
Ao longo das páginas vemos o destino tecendo com mais afinco sua teia e conectando Geralt, Yennefer e Ciri nos lugares mais inóspitos e sentimos o amor que envolve os três, por mais turbulenta que possam ser suas demonstrações ou não de afeto. Consigo pensar em quatro ou cinco momentos desesperadores ou intensos que mais marcaram a leitura para mim [não vou ser clara para não estregar a surpresa de quem ainda não leu] envolvendo Ciri e a Caçada Selvagem, Vilgefortz e Geralt (nos dois momentos em Thanedd), Cahir e Ciri, Geralt e Yennefer, Ciri no deserto e, por fim, Geralt e Jaskier em Brokilon. Sem dúvida esse foi o livro da saga que mais me deixou aflita e que mais explicitou o quão notável é a escrita do polonês e, se você ainda não leu nenhum livro da série, não perca tempo e leia, releia, disseque e aproveite todo o material fantástico que é muito mais que uma história de monstros, mas sim uma jornada de descobrimento, de pertencimento, um claro apelo ao destino e o que isso implica quando chega o tempo da sombra, do sangue e do desprezo.
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