Marcus Oliver 31/05/2022
Finalmente a dark fantasy começa
Assim como o anterior, há uma história mais longa e, desta vez, com mais reviravoltas dramáticas do que nunca; sendo a maioria delas mais cruéis.
Será essa nova visão das reviravoltas cruéis que finalmente se sente o gosto da dark fantasy, há traição, morte, assassinato e crueldades das mais diferentes ordens. O mundo a volta sofre com a guerra, o genocídio dos não-humanos, as pessoas comuns são assassinadas e violentadas - por bandidos, os soldados dos reis, pelos invasores e os bandos rebeldes dos Scoia'tael -, os protagonistas mais apanham do que vencem, causando certo amargor na leitura; entretanto isso é necessário para se criar o tempo do desprezo (título da obra).
Todo esse desprezo e violência são gestados no livro anterior (?O sangue dos elfos?) que agora culminam na retaliação dos não-humanos contra a violência e preconceito humano. É uma boa obra, mas peca às vezes no mesmo erro que comentei sobre o livro anterior deste: há muitos momentos que prolongam a trama, criando ?barrigas? narrativas. Ciri continua a mesma criança amedrontada - mesmo tendo treinado com os bruxos e com Yennefer, ou seja, tem ferramentas o suficiente para deixar de ser uma donzela indefesa clichê - apesar do seu crescimento, há ainda algo que não permite que ela seja a protagonista da saga, mas sim uma personagem secundária que precisa ser resgatada por Geralt, Yennefer ou qualquer um.
Mesmo com essas ressalvas, desenvolve-se mais as questões sobre o seu Sangue Antigo, seu potencial e valor para os nortenhos e nilfgaardianos.
Geralt e Yennefer deixam a desejar um pouco, sendo bem coadjuvantes em seus papéis, eram apenas levados pelas circunstâncias e o fato de ficarem ocultando informações para tudo e todos só levam eles a conflitos entre si e com outros na maioria das vezes desnecessários, mas paciência, imagina-se que há uma razão para isso.
Há uma coisa que me incomodou neste romance, pois no anterior havia pequenas marcações de subcapítulos (ou de troca de perspectiva narrativa) que auxiliavam a leitura entre os capítulos; a falta deles para um leitor que gosta de ler um capítulo por dia, ou outras marcações, fazem um leitor, como eu, ler o capítulo todo o que leva bastante tempo, uma vez que os capítulos tem em média umas cinquenta páginas; deixando a leitura cansativa. Espero que as marcações retornem em livros futuros.