Júlia Mendes 13/09/2015A importância de ser leveLua Minguante:
As ilustrações são um verdadeiro charme, como a da página 22, que acompanha um poeminha sobre a Saudade, tema que destarte já me cativa. As páginas 16/17 trazem todo o charme do Vô Jaime, falando sobre o amor e a passagem do tempo. Nessa leitura percebi o quanto o momento que estamos vivendo coloca uma determinada lente sobre nossas leituras, o modo como o leitor constrói sua leitura e assim faz o livro.
Lua Nova:
Me identifiquei mais com as frases e os poemas construídos nessa parte, achei que algumas delas tocaram em pontos que busco levar em minha vida para de fato diminuir a gravidade das coisas. Na página 71 Clarice faz um jogo bem interessante com campos semânticos evocados pela palavra "conta", diferentes de alguns outros poemas, nos quais por uma certa falta de refinamento as construções e os encadeamentos tornam-se um pouco excessivos. A página 83, por algum motivo entre a vida e a leitura, fez meu coração vibrar. Encantada com a leveza do livro até agora.
Lua Crescente:
Parece que a simpatia com o livro cresce, assim como cresce a Lua Crescente, a terceira fase do livro. Já o poema que apresenta a fase aborda algo que considero muito presente quando se trata de crescer: a indefinição, a dúvida, o receio do que se deixa para trás nas escolhas ("Porque metade acendia e a outra não se via" - p. 94). Nos dois poemas que se seguem, vê-se ainda a relação entre a vida, giratória e indecisa, e nós que a vivemos, sujeitos aos giros, mas capazes de transformá-los em carrossel. Relendo os poeminhas que marquei por terem me chamado mais atenção, percebo a constância do tema da vida, do mundo, das escolhas e atitudes, ligadas por um fio que se faz entrever a cada verso. Uma fase muito bem elaborada e mais refinada esteticamente, a meu ver, além de ser capaz de arrebatar quem lê com mais potência, potência essa decorrente da delicadeza e da leveza com que trata temas intrínsecos ao lado mais humano de cada um.
Lua Cheia:
A última fase, da Lua Cheia, revela a base, o ponto de partida, o sustento de todo o livro. Nessa fase, Clarice fala sobre a leveza, a liberdade, os pontos de vista, o flutuar, o libertar-se, o conhecer e reconhecer a beleza de simplicidades da vida. A impressão ao ler, desde a frase que encerra a apresentação da última fase: "Lampejando a escuridão mesmo sendo apenas pó.", é que a autora chega de fato ao Pó de Lua que diminui a gravidade da vida. Esse Pó de Lua é a atitude diante da vida, de nós e dos outros que podemos deixar permear cada nossa ação e pensamento para que a breve e pequena existência de cada um de nós, um breve respiro do universo, possa ser mais iluminada. Podemos ser a lua cheia de nós mesmos, daqueles que nos estão próximos e de várias vidas, mesmo que sejamos infinitamente pequenos. Que a nossa pequeneza não se torne jamais insignificância, é o desejo que essa leitura fez brotar em mim.