A cidade e a cidade

A cidade e a cidade China Miéville




Resenhas - A Cidade e A Cidade


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Isa | @odigaisa 21/11/2015

A Cidade e A Cidade
Em A Cidade & A Cidade, o autor inglês China Mieville nos introduz em uma cidade que desafia filosófica e psicologicamente o conceito da física que afirma que um ser/matéria/qualquer coisa mesmo não pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo. Em um lugar próximo aos Bálcãs, localizado no nosso presente, mas de existência fictícia, Beszel e Ul Qoma ocupam as mesmas ruas, as mesmas esquinas e as mesmos bairros. Contudo, não se pode reconhecer que o seu vizinho é o seu vizinho se ele está em território ulquomano e você é de bèsz. Todas as pessoas sofrem uma educação cultural para desver e desouvir o seu arredor, para não cometerem o que o autor chama de brecha.

site: http://andancasedevaneios.com/2015/11/20/resenha-a-cidade-a-cidade-de-china-mieville-2/
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Davenir - Diário de Anarres 25/02/2016

Uma história para pensar nossas cidades
A cidade & a cidade é uma mistura de Romance Policial com Ficção Cientifica, num estilo que o autor, China Mieville, chamou de New Weird. O estranhamento deste mundo vai se dissipando ao longo da obra e o diálogo que ela faz com nosso mundo mostra que ele é tão ou mais weird que as cidades onde se passam a história.

A história: Acompanhamos o inspetor Tyador Borlú que investiga o assassinato de uma misteriosa mulher na cidade de Beszél. Contudo, Borlú tem motivos para acreditar que o crime foi cometido na cidade vizinha de Ul Qoma. Ai que vem o grande atrativo da história: As cidades de Ul Qoma e Beszél ocupam o mesmo local geográfico. Existem áreas totais, exclusivas de cada cidade, e as áreas cruzadas, onde ambos os cidadãos podem passar porém não podem interagir. Também existe uma polícia especial que vigia e pune todos que atravessam ilegalmente as fronteiras imateriais entre Beszél e Ul Qoma chamada Brecha, e este é um crime considerado pior que o assassinato.
O leitor pode esperar ter respondida muitas questões da vida cotidiana que emergem de um cenário tão estranho quanto esse. Bórlu vai percorrer todos os mistérios do assassinato e das cidades e essa jornada é tão importante quanto a resolução da trama.

Muros invisíveis: A obra tem potencial de abrir o debate social e político ao tratar do tema das cidades. Dialoga com os limites nacionais bizarros de nosso mundo real, tendo em Beszél e Ul Qoma um pouco de cada mas trazendo algo imaginativo o suficiente para não associarmos imediatamente com nenhuma delas. Alguns exemplos são: Os checkpoints e as áreas compartilhadas de Israel e Palestina; As diferenças culturais das duas Alemanhas, que após a queda do Muro de Berlin, ainda guardam ressentimentos entre wesses e osses, ou seja, ainda existe muros invisíveis; e a África do sul que ainda não dissolveu os bantustões. Também podemos falar das grandes cidades como Rio de Janeiro e a divisão entre favela e asfalto, não seria um muro invisível como se fossem duas cidades?
O livro é narrado pelo Inspetor Bórlu e tem a qualidade literária inventiva do autor, pois é escrito como se fosse traduzido do Bész, a língua fictícia do personagem. Assim algumas coisas são traduzidas "errado" e outros termos tem de ser explicados pois só fazem sentido na realidade das duas cidades.
Os personagens são interessantes, apesar do romance centrar-se mais na investigação e no cenário inusitado que cerca a obra. Borlú começa parecendo um típico funcionário público que deseja se livrar do caso abacaxi mas acaba ficando obcecado em resolver por ser o único capaz de fazê-lo, apesar da pressão cotidiana das cidades e o medo da Brecha apertando o cerco contra ele.
A obra faz, no trato com o cotidiano, um retrato de todas as cidades, o "desver" dos cidadão de Beszél e Ul Qoma não se torna complicado se andarmos no centro movimentado de qualquer grande cidade e olharmos com mais atenção. Um bom exercício de reflexão depois de ler A cidade & a cidade.

Sobre a edição lida para a resenha: A cidade & A cidade, de China Mieville é a única edição deste livro no Brasil e saiu pela Boitempo em 2014 (286 p.). Está muito bonita e a arte da capa espetacular. A única coisa que estraga é o tamanho grande do autor e o pequeno do título, dá a impressão de que CHINA MIEVILLE é o título, porém seguiram as capas das edições inglesas que são assim também, o que fica estranho pois no Brasil pelo autor ser pouco conhecido. Contudo não julguem pela capa.

site: http://www.wilburdcontos.blogspot.com.br/2016/02/resenha-cidade-cidade-china-mieville.html
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Márcio Leal 22/03/2016

Surpreendente!!!
PQP!!! Que livro fantástico!! Não conhecia o autor e agora quero ler tudo que ele já escreveu. Lindo demais!!
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FrankCastle 05/02/2017

Pulando amarelinha
Na parte superior, parte da capa do livro; na inferior foto real por Tuca Oliveira
Em A cidade & a cidade, China Miéville traz o gênero New Weird, misturando elementos de romance policial e distopia, tingindo essas “roupas velhas” com novos tons, resultando na subversão da ordem de importância entre pano de fundo e trama.

A narração, em primeira pessoa, é feita por Tyador Borlú, detetive da cidade-Estado chamada Besźel. Ele deve investigar um assassinato de uma mulher e, à medida em que a trama avança, surge a hipótese do crime ter relação com a outra cidade-Estado, Ul Qoma.

Não são raras histórias de policiais resolvendo casos que estão fora de sua jurisdição. Eddie Murphy, com sua franquia Um Tira da Pesada, é a prova irrefragável disso. Na pele de Axel Foley policial de Detroit (Michigan), ele vai até Beverly Hills (California)investigar o assassinato de seu amigo.

As cidades americanas citadas estão geograficamente bem afastadas, uma quase na costa leste e outra na costa oeste (imagine o Cristo Redentor, Detroit estaria em Seu cotovelo esquerdo e Beverly Hills na palma de Sua mão direita); a obra de Miéville traz um fator complicador: as cidades não estão próximas, mas imbricadas, ocupando o mesmo espaço físico!

ESQUEÇA A TRAMA, VENHA VER AS CIDADES!

Coloque suas mãos, esquerda e direita, espalmadas no seu campo de visão. Agora cruze-as, como se fosse fazer aquele movimento de espreguiçar: temos aqui uma ideia da disposição territorial de Besźel e Ul Qoma, nesta analogia, mão esquerda e direita, respectivamente.

Continue observando suas mãos nessa posição (ai! deu câimbra!): note como, por exemplo, seu dedo médio direito sai de sua mão direita, mas suas duas últimas falanges estão totalmente em contato com as costas de sua mão esquerda. De forma semelhante, as ruas e terrenos de Besźel e Ul Qoma estão entrelaçados.

Diferente da favela de Paraisópolis (foto no início do post), que possui um muro separando-a de um condomínio de luxo, no universo de Miéville esta foto estaria dobrada verticalmente, deixando condomínio e favela totalmente misturados.

Achou esquisito (weird)? Calma, que ainda tem mais! Lembre-se que estamos falando de cidades-Estado (assim como o Vaticano e Mônaco, por exemplo), ou seja, cada uma representa uma nação, um país diferente . E, uma vez que os territórios são entrelaçados, existem fronteiras separando-as? Sim, mas não se tratam de fronteiras físicas, mas psicológicas e burocráticas.

Desde a infância os cidadãos de Besźel, que frenquentemente cruzam com pessoas da outra cidade, são treinados para ignorar os ulqomanos e vice-versa. Se, por acidente, o habitante de uma cidade olhar diretamente para o de outra deve, imediatamente, desver.

Algo difícil de compreendermos, arrisco dizer que seria semelhante ao que ocorre com algumas pessoas que passam por alguma situação-limite e acabam esquecendo ou distorcendo o que viram. Desver seria algo parecido, mas feito conscientemente e, com o hábito, torna-se automático.

NÃO FAÇA brecha, SENÃO A Brecha VAI TE PEGAR!

Na hipótese de uma pessoa ver algo ou alguém que não deveria (lembrando que a proibição vai além de pessoas, chegando a locais, coisas e animais pertencentes à outra cidade) e, deliberadamente, não desver. O quê acontece?

Quando vamos viajar para um país, em grande parte dos casos, precisamos de um visto. Se alguém entrar em outro país ilegalmente, sem visto, será detido pela Agência de Imigração e deportado para seu país de origem, além de receber outras sanções, como não poder retornar durante um período ou definitivamente.

Em A cidade & a cidade, quando ocorre tal transgressão (chamada de brecha), quem assume o caso não é a polícia de Besźel ou de Ul Qoma, mas sim um terceiro ente, chamado Brecha.

Repare que há uma certa redundância, para não haver confusão: brecha (com b minúsculo) é a transgressão e Brecha (com B maiúsculo) é a organização, que não está vinculada a nenhuma das cidades e que atua apenas nestes casos.

Ainda que, por exemplo, as cidades compartilhem ruas, cada qual deve usar sua faixa específica para, assim como os pedestres devem andar na porção de calçada pertencente à sua cidade.

Imagine dois grandes azulejos, um preto e outro branco. O primeiro representa Besźel, o segundo Ul Qoma. O cidadão besź deve sempre manter seus pés apenas nos azulejos pretos (como peças de xadrez movimentando-se no tabuleiro), da mesma forma, os ulqomanos apenas nos brancos (diferente do que ocorre com as peças do adversário no xadrez).

Agora imagine que um cidadão de qualquer uma das cidades faça o seguinte movimento: coloque um pé sobre um azulejo preto e o outro sobre um azulejo branco! Isso é brecha! Assim com ver cidadãos de outras cidades, sem desver em seguida.

O que a Brecha faz com tais transgressores é um mistério, o fato é que todos a temem, muito mais do que a polícia comum.

Ao longo do desenrolar da trama, o autor se aproveita destes conceitos, usando-os na estrutura das partes que compõem os capítulos do livro. Algo bem prazeroso, que nos permite conhecer as duas cidades, suas diferenças tecnológicas e culturais.

Para citar alguns exemplos: as viaturas da militsya (polícia de Ul Qoma) que possuem luzes que piscam com um “liga-desliga” real, enquanto às viaturas de Besźel utilizam o antiquado giroflex. Na parte cultural, além das vestimentas, existe até mesmo um “vernáculo físico” (modo de andar) próprio de cada cidade! Este último detalhe, me remete ao filme O preço do amanhã, assim como Jack Nicholson em Melhor é Impossível.

Aliás, fico imaginando como seria interessante uma adaptação deste livro para o cinema, modificando alguns pontos. Trocando, por exemplo, estas fronteiras psicológicas por algo como dimensões. O que aconteceria, por exemplo, se alguém ficasse não com os pés nos “azulejos”, iguais ou diferentes, mas equilibrando-se num “rejunte”. Não estaria em lugar nenhum, uma espécie de limbo! Em meio a essa especulação, me lembro do filme O terminal, com Tom Hanks.

A MENTE É COMO UM PARAQUEDAS: SÓ FUNCIONA SE ESTIVER ABERTA

Nos dias de hoje, com muitas pessoas superficialmente politizadas de um lado e extremamente polarizadas de outro, não me surpreende o fato de ver muitos demonstrando genuíno interesse pela obra de Miéville, mas descartá-la e execrá-la em seguida, ao passo que descobrem o posicionamento político do autor.

Simplesmente lamento esse tipo de atitude e digo que se eu também seguisse essa postura, jamais teria lido A Revolta de Atlas, de Ayn Rand, um dos melhores livros que li na vida.

Dentro do livro A cidade & a cidade, não percebi nenhum posicionamento político de forma escancarada. Está mais para um recorte da Europa nos últimos anos, com a crise dos refugiados, radicais separatistas (no livro também temos os radicais unificacionistas, os unifs) e, talvez, a paranoia da vigilância, muito presente já há um bom tempo na Inglaterra.

FICÇÃO REFLETINDO A REALIDADE

Para quem busca algo diferente na forma, a obra traz algo bem original, que nos faz pensar nos enclaves existentes em algumas regiões do mundo; sobretudo nos faz lembrar da realidade presente em Israel e Palestina, com assentamentos desses cercando os daqueles e vice-versa.

Também traz a questão da união versus separação, como no caso do Brexit. E os muros sendo levantados em diversas fronteiras, mostrando um movimento na contramão da tendência de globalização, livre circulação não só de comércio, mas também de pessoas.

TCC…? NORMAS DA ABNT…? :-) :-(

Paras os acadêmicos e/ou apreciadores de estudo linguístico, este livro traz um belo agrado. Ainda que muito possa ter sido minimizado ou perdido, é interessante ver algumas gírias, neologismos criados por Miéville, que deixa a entender que suas cidades fictícias estão situadas no leste europeu.

Quem já cursou ou está cursando alguma graduação, pós, doutorado etc. irá perceber o alto nível de detalhe envolvendo notas de rodapé, referências bibliográficas, siglas como cf., et. al., entre outras. Vale lembrar que tais informações são importantes para a investigação de Borlú e nos mostram o quão interessante pode ser este “diálogo” entre autor e leitor, por meio do texto impresso de um e dos grifos, anotações e post-its do outro.

PERSONAGENS

É preciso dizer que os personagens não são muito desenvolvidos. Ao menos os de carne e osso. Explico: ao meu ver, os personagens principais são as cidades. Você não verá descrições muito detalhadas dos personagens humanos, mas posso adiantar que Dhatt, com seu estilo impaciente e desbocado é um dos meus favoritos:

Borlú: eu gostaria de caminhar; preciso dar uma volta. Está uma noite linda.
Dhatt: Como assim, caralho? Está chovendo.

Os diálogos entre Borlú e Corwi, também costumam ser bem espirituosos:

Borlú: Ela provavelente usava proxies e um cleaner-upper online também, porque não havia nada de interesse no cache dela.
Corwi: Você não faz ideia do que está falando, faz, chefe?
Borlú: Absolutamente nenhuma. Mandei os técnicos escreverem tudo foneticamente para mim […]
Corwi: Então você não entendeu nada dela?
Borlú: Infelizmente não, a força não estava comigo

PONTOS NEGATIVOS

Três pontos me incomodaram de maneira significativa durante a leitura, mas não necessariamente são defeitos.

1º) Diálogos truncados. Sabe quando uma pessoa está relatando algo de nosso interesse, mas fica muito reticente, se confunde, para, depois retoma o relato etc.? Pois bem, isso me deixou bem impaciente em alguns momentos, ainda que fossem características dos personagens, não sei se o autor se aproveitou disso para “enrolar” um pouco. A impressão é aquela de alguém impaciente falando com um gago (nada contra os gagos).

2º) “Barriga”. Em determinado trecho, notei que o autor adotou uma estrutura de capítulos com grande picos no final, mas com seu desenvolvimento bem lento e um tanto enfadonho, lembrando uma técnica que costuma ser muito utilizada em novelas brasileiras e alguns seriados. Felizmente, passado esse trecho, os capítulos seguintes ficam bem mais interessantes.

3º) Show don’t tell. Não vou dar spoilers sobre a trama. Mas próximo do final, não gostei da forma como parte importante da trama é revelada. Soou como algo parecido com Scooby-Doo ao invés do show don’t tell (mostre, não fale). Pesquisando, vi que o uso ou não desta técnica divide opiniões e que muitas vezes, é preciso ponderar o dinamismo da narrativa. Não sei dizer se ficaria melhor se ela fosse mais utilizada, mas fica aqui o ponto mais fraco do livro em minha opinião.

De qualquer forma, A cidade & a cidade, de China Miéville vale a pena não só ser lido mas, se possível, relido (calibre suas expectativas!). Sobretudo pela riqueza de detalhes que podem ser melhor entendidos e explorados numa segunda leitura. Conheci o livro por acaso, lendo artigos publicados por Antonio Luiz (o melhor resenhista de ficção científica do Skoob), desde então fiquei empolgado e agora, finalmente, consegui meu intento. Espero que a editora Boitempo siga publicando mais obras do autor, se possível, com um preço mais acessível.

site: https://medium.com/@7seconds_/pulando-amarelinha-716050e113b9#.e38megfeg
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Jacqueline 14/02/2021

Baseado em fatos reais...
"A Cidade e a Cidade " é uma ficção científica baseada em fatos reais mas não é uma distopia. Pra mim que acompanho assiduamente política e relações internacionais foi impossível olhar para Beszel e Ul-Quoma e não pensar em Jerusalém disputada por Israel e pela Palestina, por exemplo. Estados que coexistem geograficamente e se ignoram, se desvêem. É um livro com misto de ficção científica e policial, com um enredo instigante. A crítica social não é explícita e nem panfletária mas ela está lá, e reflete o arcabouço teórico do autor China Miéville , cuja formação acadêmica passa pela antropologia e pelas relações internacionais. Confesso que demorei a engrenar a leitura, já que o estilo da escrita é propositalmente meio truncado no início.Mas a insistência na leitura valeu a pena e no fim eu fiquei positivamente impressionada.
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usucapiao 26/03/2018

Excelente obra de ficção
Estranho, intrigante e envolvente. Essa obra me fez lembrar das miríades de pensamentos que surgiam na minha infância ao final de cada filme de ficção científica, as possibilidades infindas de mundos e seres. Livro muito interessante, me cativou do começo ao fim.
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Rabello 18/09/2018

Surreal!!
Pela primeira vez um livro me fez "bugar" a mente.
O autor cria um mundo onde até agora eu não consegui imaginar completamente. Andei pela minha cidade tentando imaginar duas cidades geograficamente no mesmo lugar, não consegui. Isso só me faz ficar abismado como a mente humana pode se superar.
Uma mistura de Thriller com ficção científica que tira nossa mente da zona de conforto e nos leva a perguntas questionáveis. Um livro que todos os amantes de ficção científica devem ler e ter em suas estantes.
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DaniM 24/10/2018

Miéville é considerado o maior autor de ficção da atualidade. O cara tem um currículo bem fodão e fãs ardorosos. Minha expectativa era alta. Não me encontrei na história de cidades que coexistem geograficamente, onde os cidadãos de uma são treinados para ‘desver’ tudo que se relaciona à outra. Consegui vislumbrar um quê de crítica social e política, mas confesso que achei seu entorno bem lento e, por vezes, tedioso e repetitivo
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Larissa.Carvalho 13/11/2018

É um livro de leitura difícil no início, e no qual é demorado inserir-se, mas não por possuir palavras raras: as frases são, muitas vezes, mal construídas e há alguns neologismos/palavas bész e ul qomanas ao longo da leitura. Tudo isso, porém, é claramente intencional, já que o livro é escrito em primeira pessoa por alguém que não possui inglês como primeira língua (a ideia manteve-se na tradução). Apenas após mais de 100 páginas consegui criar algum vínculo real com os personagens, gostar de verdade do protagonista, e realmente entender as principais questões do enredo. O estranhamento, ao qual me acostumei posteriormente, cumpre bem seu papel literário. Os personagens são rasos, geralmente não se fala sobre suas motivações, e a ideia de precisar haver um "herói" e um "vilão" é fortemente construída, fazendo com que o livro não escape a certos clichês da literatura policial. O enredo é emocionante, porém, ao final, fica a sensação de que há uma ou outra 'ponta solta' utilizada somente para dramatização ao longo da trama, como a brecha causada pelos pais de Mahalia. É, em geral, um livro muito bom e claramente uma mudança na minha visão de tramas policiais. A mesclagem de dois temas que gosto muito acabou por gerar um de meus novos livros favoritos.
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Claire 24/01/2019

A Origem das Cidades
A Cidade e a Cidade nos descreve uma realidade onde um país inteiro, na verdade, são dois. Imagine que, aqui no Brasil, ao invés de sermos um Estado, somos dois, e que esta divisão entre um e outro não é linearmente definida, de maneira que, seu vizinho mora em um país e vc em outro, e talvez seu quintal seja em outro país, de maneira que todas as pessoas que andam por lá, devem ser "desvistas" por vc, ou a penalidade será alta. Bem alta.

Os dois países que existem coabitando o mesmo ambiente entre ruas cruzadas e individuais, são divididos somente pela cultura assimilada desde a infância, que faz cada pessoas ver e "desver" o que está e o que não está em seu país, assim como "desouvir", "dessentir", etc. Eu aguardei até o final do livro para entender o porque, mas não houve nenhuma explicação sobre isso. Não sabemos porque as cidades são misturadas, como isso aconteceu, não sabemos a origem da entidade auto-intitulada "Brecha", que mantém cada pessoa do seu lado da rua, em seu próprio país. Nada foi explicado quanto a isso, absolutamente nada.

O plot principal é sobre um assassinato, e este sim é resolvido, mostrando seus detalhes de como tudo aconteceu, o que para mim, foi apenas bem razoável. Imaginei que, dentro do desvendar do assassinato investigado pelo Inspetor Borlú, por Corwi e por Dhatt, nós, leitores, descobriríamos sobre a origem e razão de haver um país misturado ao outro, de haver esse terceiro lugar chamado de Brecha, e tudo isso. Mas não foi o caso.

Boa leitura, boa narrativa, mas ficou bem aquém das minhas expectativas.
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Professor Eddie 11/10/2020

Simplesmente incrível e adorável
Esse livro foi indicado pelo Keller, do magickando em algum podcast que não me recordo.

O livro fala sobre duas cidades que coexistem no mesmo local, onde se você mora numa, você não pode ver a outra e vice versa. Mas caso vc cometa o crime de entrar na outra cidade sem ser pela fronteira, vc aciona a brecha, que responde por esse tipo de crime.

O livro tem 295 páginas. Mas parece que li 800 de tanta informação e momentos fortes. E isso faz do livro ótimo.

Minha análise me leva a questão da alteridade, dos lugares que não vemos em nossa própria cidade. Um ótimo livro para se pensar sobre o o outro
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