MiCandeloro 08/10/2014
Viciante e divertido!
ALERTA! Esta resenha pode conter spoilers do primeiro livro, Aconteceu em Paris. Leiam por sua conta e risco!
Evie estava certa de que vivia o melhor momento de sua vida. Sua carreira como guia turística ia de vento em popa, reatara seu namoro com Rob, que a pediu em casamento, e curtia tranquilamente sua viagem para Barbados com o amor de sua vida. E daí que ele a tinha traído, apenas uma vez? E daí que ficaram separados por dois meses de puro sofrimento e agonia? Evie era mais forte do que tudo isso. Com um bom coração, sabia que tal erro não se repetiria e decidiu deixar o passado para trás. Rob era mesmo um homem de sorte.
O problema é que não existem pessoas de meio caráter, ou se tem, ou não se tem, e quem já mentiu e enganou uma vez, pode muito bem fazer de novo, certo? Ainda mais quando a vítima está completamente iludida e cega para a realidade que a cerca. E bem, foi exatamente isso o que aconteceu.
Por mais que Rob tivesse boas intenções, de querer casar, ter filhos e um futuro glorioso pela frente, seu passado o condenava, e os amigos de Evie não iam deixar barato. Praticamente uma campanha foi criada para riscar Rob da face da Terra, enquanto Evie lutava para entender seus próprios sentimentos. Ela o amava. Ela não podia ficar longe dele e não parava de pensar no noivo a cada instante. Como resistir aos seus pedidos de desculpas e infinitas promessas de amor eterno?
Certamente John e Nikki estavam fazendo o possível para distrair Evie e ajudá-la a seguir em frente. John se mostrou uma excelente companhia para a garota, não só a mimando com presentes e excelentes jantares e eventos, como também a fazendo perceber o quão preciosa era e o quanto merecia mais. Já Nikki, bom, o vizinho esquentado de Evie sempre esteve por lá para juntar seus caquinhos e enxugar suas lágrimas. Ninguém sabe como ela nunca percebeu isso. E pelo visto, nem Nik aguentava mais o posto de ombro amigo.
De repente, Evie se vê no meio de um campo de batalha. De um lado, Rob inferniza seus dias implorando por perdão, de outro, Lulu e suas amigas malucas tentam fazê-la enxergar o quanto seria vantajoso namorar John, o multimilionário. Mas não podemos nos esquecer de Maria, mãe de Nikki, que nunca dormiria no ponto em se tratando da felicidade do filho, e da dela, é claro.
Quando o coração, e muitas vezes os prazeres sexuais falam mais alto do que a razão, como fazer a escolha certa?
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam.
***
Aconteceu em Veneza, continuação de Aconteceu em Paris, caiu em minhas mãos meio que ao acaso. Até então, nunca tinha ouvido falar dos livros ou da autora. Mas quando a Editora Novo Conceito me convidou para participar de um hangout com Molly Hopkins, me obriguei a ler o livro, já que precisava me familiarizar com a história e com sua escrita. E que bom que fiz isso :)
Não tive tempo de ler Aconteceu em Paris, então parti logo para a continuação, que foi lançamento de setembro da Editora, e não me arrependi. Depois que concluí a leitura não me senti perdida e não dei falta de possíveis acontecimentos do primeiro livro. Portanto, tive a sensação de que, apesar de um ser a sequência do outro, eles podem sim serem lidos de maneira independente.
Como não conhecia a trama, não sabia o que esperar de Aconteceu em Veneza, e logo que comecei a leitura fui imediatamente fisgada por uma narrativa em primeira pessoa cheia de humor sarcástico, muito drama e confusões, ingredientes perfeitos para um chick-lit de sucesso. Não precisou de muito para que me viciasse na escrita de Molly Hopkins, querendo cada vez mais, afoita para descobrir a próxima reviravolta da história.
Apesar de Evie ter aparentado ser uma tremenda de uma chata, logo de cara, me afeiçoei demais a ela ao longo da trama. Ela é completamente exagerada e dramática, e justamente por isso, protagoniza cenas hilárias que me arrancaram inúmeras risadas. Apaixonada inveterada, é muito passional, se entregando de corpo e alma aos seus romances obsessivos e compulsivos e curtindo uma fossa a cada vez que se depara com uma desilusão.
Molly me chocou com o destino que deu a Rob. Não esperava aquilo do personagem e fiquei um tanto quanto decepcionada. Por outro lado, foi a maneira que Evie encontrou para finalmente acordar para a realidade. Ainda bem que Evie era cercada de amigos que a amavam e a aturavam. Todos foram fundamentais para ajudá-la a superar suas crises, até a desvairada da Lulu, umas das personagens mais incontroversas e fúteis que já me deparei por aí. Lulu testou demais a minha paciência, e me escandalizou com muitas de suas atitudes e pensamentos. Mesmo assim, não consegui odiá-la e acabei me divertindo em muitas das situações vivenciadas por ela.
Mas quem ganhou meu coração foi John. Genteee, que homem apaixonante. Sei que algumas leitoras irão torcer o nariz para ele, já que John tem quase sessenta anos, mas para mim, o fator idade ficou de fora, sendo abafado pelas inúmeras qualidades do personagem. Assim como Evie, não me impressionei com o tamanho da sua conta bancária. É claro que isso ajuda sim, afinal, todos precisamos pagar nossas contas, mas o que mais me impressionou em John foi sua maturidade, experiência e delicadeza no trato com Evie. Ele sabia ser enérgico nos momentos certos, sem ser grosso, ajudando-a a acordar para a realidade, assim como dava o abraço e o colo quando ela mais precisava. A sintonia e intimidade criada entre eles foi tão linda de se ver que nem preciso dizer que torci por John o livro todo, né?
Por sua vez, Nikki foi quem mais me causou uma oscilação de sentimentos. Inicialmente, o considerei um bom amigo e quem sabe, um bom pretendente para Evie, mas Nikki acabou cantando de galo em certo momento do enredo e me deixando muito irritada. Lá pelas tantas, Nik passou a ser completamente meloso e grudento como Rob, coisa que detesto, e mandão como John, mas de maneira rude, o que acho insuportável. Na minha opinião, seu crescimento na obra se deu de maneira rápida, rasa e superficial, me deixando levemente insatisfeita com o rumo da história.
Falando nisso, não posso deixar de confessar que fiquei muito chateada quando as coisas que sonhei não se realizaram. É óbvio que isso foi uma frustração completamente pessoal, afinal, a autora tem todo o direito de finalizar o livro como bem entende.. mas de certo modo, tive a sensação de que Molly quis nos confundir para tentar inserir um "fator surpresa" no final da trama. Sei que muitos vão gostar, mas a mim não convenceu.
Apesar de eu ter considerado Aconteceu em Veneza uma leitura fofa e viciante, alguns pontos me incomodaram, como o fato de haver muito sexo e álcool no texto. Fiquei impressionada com o fato de tudo se resolver com uma dose, ou várias delas. Além disso, parecia que a única coisa que importava para Evie nos seus relacionamentos era a boa química na cama. A abstinência do sexo é o que na verdade deixava ela louca de saudade de Rob, assim como foi um fator importante para que ela encontrasse seu "mais novo amor", e acho isso tão obsoleto no mundo real, em que outras coisas são muito mais importantes para se manter a relação.. mas, enfim.
Outra coisa que achei curiosa foi o fato de imaginei que a história toda fosse se desenrolar em Veneza, já que o título e a sinopse acabam enfatizando tanto essa viagem. Num primeiro momento, cheguei a pensar que Veneza fosse ser apresentada como um marco metafórico, pois já estava em mais da metade do livro e nada dela aparecer. E quando finalmente Evie foi para a cidade do amor, lá ficou apenas algumas páginas, me deixando levemente desapontada. Por mais que a "reviravolta" da narrativa tenha acontecido por lá, eu esperava "mais"... se é que me entendem.
Ainda assim, deixando de lado as minhas impressões particulares sobre o enredo, que se tivesse sido beta reader de Molly, teria amolado a sua paciência para ter feito diferente.. kkkk... super recomendo a leitura de Aconteceu em Veneza, principalmente para aqueles que adoram uma comédia romântica e estão atrás de uma obra despretensiosa, agradável e de leitura rápida como esta.
Embarquem nesse tour pela Europa, apaixonem-se sem medo, se entreguem a boas gargalhadas e reuniões com amigos, e não se esqueçam, seu grande amor pode estar bem ao seu lado, então, permaneçam atentos e não se enganem.. mas para isso, deixem o seu passaporte sempre à mão, como um bom guia de turista sempre faz. Sábio conselho Evie.. sábio conselho ;)
Resenha originalmente publicada em: http://www.recantodami.com/2014/10/resenha-aconteceu-em-veneza.html