simaritani 26/02/2020Uma mistura de: nem tudo isso, porém quero mais umA princípio, identifiquei uma narrativa com características da literatura infanto-juvenil; de natureza não ficcional, Lena escreve de forma não cronológica sobre o começo de sua vida sexual, mas também sobre o começo de sua vida, em si. Comparado ao que eu andava lendo: John Fante, José Saramago, Karl Ove Knausgard, etc, Lena tem um diálogo mais infantil, porém se torna interessante pelo assunto que aborda e seu lado humorístico: quando você vai ver, está dando risada do Morcego dormindo no teto. É inusitado. Essas são minhas impressões até a página 37.
Outro ponto magnífico: livro muito bem desenhado, a parte de dentro da capa é estampada e isso é a cara da Hanna, personagem da Lena em “Girls”, série da HBO que eu amo de paixão, desde a história até a trilha sonora.
Talvez a não ficção tenha um problema: você escreve um fluxo de consciência tão seu que corre o risco de ter partes suprimidas que talvez fossem importantes pra narrativa, ou pior, você escreve coisas que só fazem sentido na sua cabeça.
Juízos de valor: tenho muito cuidado com conclusões sobre diversas coisas pois na maior parte das vezes eu não sei o suficiente para concluir. Algo que me incomodou nesse livro é que algumas cenas vem carregadas de conclusão. O que Lena não consegue passar com a narrativa, ela conclui. Acredito que as histórias são ótimas e que poderiam ser melhor trabalhadas nesse ponto.
No final das contas, é um bom livro, tanto para pessoas mais jovens, quanto para as mais velhas, tipo eu. Trata de alguns temas que incomodam. Além de mim, tenho certeza que a Lena vai encontrar, ou já encontrou, muitas leitoras que se identificam com as histórias da vida dela.
Adorei saber que avó dela também escreveu um livro de memórias, inclusive vou comprar.
Pra ser chata e finalizar com um ponto negativo: esperava mais sobre a parte “trabalho”; esperava mais descrições e dia-a-dia de ser uma roteirista, diretora, atriz de sucesso.
Quem sabe num próximo…