Natália Tomazeli 21/09/2017SeptimusJá quero começar dizendo que comprei este livro pela sua linda capa (com as letras em efeito meio holográfico/furta-cor) e que não sabia absolutamente nada sobre ele além do que estava escrito em sua sinopse, então nem tive tempo de criar expectativas nele, o que acabou sendo bom.
Achei esse livro extremamente original dentro do que a autora está propondo. Era pra ser um thriller policial, mas na verdade vai um pouco além (e fora) dessa pegada, passando por uma coisa mais horror (minhas partes preferidas do livro, pois foram as que eu achei que ficaram mais bem narradas) até toquezinhos de drama básico.
Essa autora teve o dom de pegar um monte de temas/cenários/personagens que em outros livros sempre se tornam clichês absolutos, e organizar eles de uma maneira que ficasse mais original, e isso para mim, já fez valer muito a leitura.
Uma coisa que me chamou a atenção, foi o formato do livro. Trata-se de um livro em formato epistolar, ou seja, é entremeado de fotos, recortes de jornal, revistas, cartas, bilhetes, arquivos e laudos médicos, tudo para enriquecer mais as informações sobre os personagens (principalmente Ashley), que funciona bem e dá mais um pouquinho daquele toque diferente na história. Acho que sem esse formato, o livro não seria nada (inclusive tenho que parabenizar o empenho da Intrínseca, que deixou toda a diagramação perfeitinha, só não gostei do tamanho da fonte que pelo amor, cansa muito quem tá lendo, socorro, muito pequenininha).
Gostei também que o livro é enriquecido de referências, não só ao cinema, como era o esperado, mas a muitas outras coisas (ela cita até o Brasil no livro). Na verdade, ele é uma miscelânea de eventos e idéias bem distintas, mas que se organizam razoavelmente bem, dentro do enredo. Engraçado, me senti assistindo aquele filme "Ilha do Medo", que tem o DiCaprio no elenco, nada a ver uma coisa com a outra, mas o clima ficou semelhante. Fica aí um livro que daria para ser bem adaptado pro cinema (e talvez o filme ficasse até melhor).
Só não ganha totalmente meu coração (e a minha quinta estrela) porque achei esse livro muito cansativo em alguns momentos. É um livro cheio de informação, que se torna, muitas vezes, desnecessária. A narrativa é linear, não acontece nenhum plot twist arrasador ou algo do gênero, se mantêm sempre o mesmo ritmo, é um livro pacato, além de que acho que teria funcionado um pouco melhor se não fosse narrado em primeira pessoa. Nada contra o McGrath, ele é um personagem interessante e que em várias partes do livro, te faz entrar na vibe dele, mas parece que não funcionou como narrador, e que a experiência de leitura seria melhor em terceira pessoa mesmo.
No geral, é uma experiência de leitura bem boazinha, os personagens misteriosos do livro realmente são misteriosos e seguram a leitura até o fim, o clima de terror até supera o das investigações e a ambiguidade do final me deixou louca de vontade de conversar com alguém sobre, enfim, leiam e tirem suas próprias conclusões, de vez em quando é bom dar uma variada.
"Se aprendi alguma coisa sobre ela foi que vivia com uma intensidade para qual a maioria de nós não tem coragem. -Diz Banks - Mas havia algo nela que tornava impossível uma existência comum. De certa forma não fico surpresa que tenha morrido. Emprego, marido, filhos, casa de praia? Isso não era ela. Não sei explicar por quê, a não ser que era mais uma força que passou pela vida, desafiando a lógica, amedrontando você, até mesmo lhe ferindo por ser tudo o que você queria ser, mas sabia que nunca teria coragem, e então ela sumiu. Essa foi minha experiência com Ashley Cordova"