Jaguadarte0 20/05/2023
A Caverna de Platão, Harry Potter e Disney Channel
Ok, vamos com calma. Eu realmente gosto das propostas iniciais de Petrus Logus, e talvez isso tenha sido uma faca de dois gumes, pois me deixou com expectativas e me deu vontade para ler, mas também foi a causa da minha decepção com o livro. Diria que até o momento em que Petrus recebe seu segundo nome (Logus) o livro se mantém até que consistente, mas após isso...
Bom, os capítulos iniciais nos apresentam um mundo distópico e constroe ensinamentos, reflexões e filosofias em cima disso. Entretanto, a partir da metade do livro, ele se torna algo completamente diferente.
A primeira coisa que me desagradou foi a inconsistência da história, e o atropelamento de cenas e acontecimentos. A história escala de forma absurda e parece ter pressa para ser finalizada, o que faz com que momentos aguardados desde o início, tenham uma execução deprimente, além de um evento atropelar o outro, mal dando tempo para o leitor desfrutar e aproveitar cada um individualmente.
Outro ponto falho são os personagens, pois são rasos, sem camadas, que estão no livro para cumprir apenas um propósito do início ao fim. Exemplo disso são os conselheiros, cuja única função é serem os vilões da história; o rei que entra num ciclo de fazer mal ao seu filho e se lamentar logo em seguida, mas nunca mudar; Nátila, que cai no esteriótipo de personagem feminina que serve apenas como apoio emocional do protagonista; os amigos de Petrus que tem como utilidade servir para protagonizar cenas de alívio cômico, que pessoalmente, considero bem deslocadas, pois sempre aparecem após algum momento de tensão, como se o autor tivesse medo de deixar a narrativa séria, e o leitor se entediar com isso. Todos esses personagens e muitos outros tem apenas uma única face e um único propósito, o que faz com que cada interação entre eles e Petrus sejam extremamente previsíveis e tenham diálogos repetitivos.
Outro ponto complicado é a "magia" deste mundo, que na verdade o Augusto Cury sempre acha um modo sem muita lógica e profundidade pra tentar deixar a história o mais pé no chão possível, mas que falha terrivelmente, pois tudo acaba sendo introduzido de forma desastrosa e quase que de surpresa pra o leitor, que no fim, acaba por n receber nenhuma explicação decente.
Outra coisa que me incomodou bastante foi o próprio Petrus Logus, que de início tem um bom desenvolvimento e uma boa base pra se desenvolver, contudo, o livro torna ele um sabe-tudo, que é bom em tudo e tudo sempre acontece a favor dele, tirando toda a graça dos últimos capítulos. Inclusive, darem a ele um bom porte físico e uma alta habilidade de luta, tirou a única coisa que fazia o personagem ter certa vulnerabilidade diante de ameaças.
Por fim, eu me diverti com o livro, mas tem problemas demais pra serem ignorados, além de parecer apressar tudo e deixar o verdadeiro clímax pra o segundo livro (o que é irônico, porque o primeiro livro não deixa gancho). Apesar de tudo, eu dou um desconto para o Augusto Cury que saiu de sua zona de conforto e se aventurou pela primeira vez em um livro de fantasia, escrito inclusive, para o público infantojuvenil.