Jhersyka 13/06/2017
Poderia ser melhor
O enredo poderia ser melhor, acredito que a ideia geral do livro é interessante, mas o autor não soube abordar de uma forma rica e completa. A mistura de "distopia", "fantasia", "romance", fez com que não soubessemos nem ao menos classificar o livro. Essa mistura de gêneros literários é até interessante, mas o autor não soube se aproveitar disso, não houve aprofundamento nem na parte da distopia pós apocalíptica, nem na parte da fantasia, nem no romance.
Tudo começa 100 anos após a 3º guerra mundial e em apenas 100 anos, somente 100 anos, a população mundial sobrevivente já involuiu não sei quantos séculos, pois em Petrus Logus voltamos a idade média, ao feudalismo. Os sobreviventes do pós guerra acreditam que a tecnologia provocou a ruína da humanidade e com isso resolveram banir a tecnologia do planeta, há ponto de a mais nova geração e até alguns não tão novos não saberem nem ler e nem escrever, não saberem o que é um carro, nem ao menos uma caneta (Bic), a minha pergunta é: como sumiram com todos os resquícios de tecnologia dentro de 100 anos, na verdade até menos que isso?! Inclusive as roupas dos personagens relembra a idade média....
Outra questão é a não explicação dos fenômenos que acontecem por um passe de mágica, que parece "ficção científica", mas o autor não explica nada. O portal do tempo simplesmente se abre do nada, o leão é algo fantasioso e ao mesmo tempo real, nada disso tem clareza, e nada é abordado com profundidade, apenas as conversar filosóficas entre um adolescente e o rei e sua corte. A construção dos personagens também é fraca, a descrição dos lugares deixa muito a desejar, impedindo que o leitor imagine as cenas da forma mais fiel. A população está em um nível de ignorância absurdo e inimaginável, e como isso ocorreu em tão pouco tempo? também não é explicado.
Sem falar na falta de criatividade para o nome dos personagens, dos locais, dos castigos e todo o resto.
Outro ponto é a questão da natureza, no livro fala que a tecnologia destruiu a natureza e etc, mas em nenhum momento vemos o rei e os conselheiros e todo o povo preocupados com a natureza, preocupados com os recursos naturais, não é falado em nada que tem sido feito para melhorar isso.
O que mais é abordado é a mente do garoto. Como ele aprendeu a ser resiliente, humilde, honesto, justo, etc etc, coisas bem comuns de vermos nos livros de ficção e não ficção do Cury. No geral da pra aprender algumas coisas com o livro, formas melhores de agir, de ser, etc. Mas se pensarmos no tipo de livro que ele gostaria de ter feito, o público que gostaria de ter atendido, achei que não foi feliz. Se tivesse esmiuçado mais os detalhes, dado mais tempo para o jovem petrus amadurecer, ter melhorado os diálogos, tanto entre adultos quanto entre os adolescentes, e explicado melhor as coisas "sobrenaturais" que acontecem, o livro seria melhor e mais completo.