Coruja 13/10/2010Como não se apaixonar?Confesso que sou uma manteiga derretida. Choro à toa com filmes, com livros, com músicas. Mas desafio qualquer um a ler Dewey: um gato entre livros até o final e não se sentir emocionado.
Ganhei esse livro mais ou menos um ano atrás, da Ísis. Ele estava na pilha para ler no começo do ano, mas aí entrou na minha lista para o Desafio Literário e eu o enfiei na estante para só tirá-lo em outubro. Quase me arrependo de não ter lido antes – mas como nunca é tarde demais, fico feliz de tê-lo lido agora.
Dewey conta a história real da relação de Vicki Myron, bibliotecária-chefe da Biblioteca Pública de Spencer, no Meio-Oeste americano, com Dewey Readmore Books, um gato encontrado na caixa de coleta da biblioteca na noite mais gelada do ano, que sobreviveu e tornou-se mais que um mascote, o símbolo de uma cidade, de um povo, de solidariedade.
Na verdade, o livro trata mais do que a relação de Vicki e Dewey, mas da inserção do gato na comunidade e memórias da vida de Vicki. O tom é intimista – me lembrou bastante a forma como a história é contada no livro do mês passado no Desafio, A Sociedade Literária e a torta de Casca de Batata. Eu tive a impressão de estar na biblioteca, de ter tido o prazer de ser escolhida por Dewey para tirar uma soneca em meu colo, de ter caminhado pela Grand Avenue e ouvido a história do Grande Incêndio enquanto tomava chá com biscoitos no Sister’s Coffe. Você termina o livro com a impressão de que conheceu pessoalmente todos aqueles personagens.
Mas qual é a grande lição que se pode tirar de um livro em que um gato é a estrela do show? Adotem gatinhos que eles farão sua vida mais feliz?
Acho que a história de vida de Dewey – e Vicki e a inteira cidade de Spencer incidentalmente – é a capacidade de se importar, de ultrapassar obstáculos, de sobreviver mesmo nas situações mais difíceis, de lutar por aquilo que se acredita e, claro, de união.
Bem diz o ditado que ‘a união faz a força’ e Dewey seguiu como um ponto de inspiração e união da comunidade, especialmente numa época crítica, como a Depressão da década de 80, que em Iowa atingiu de forma ainda mais forte os agricultores familiares, que compunham quase toda a população da região.
Terminei o livro com vontade de adotar um gatinho vira-lata. Contudo, moro em apartamento; eu e minha mãe somos alérgicas e ela não suporta gatos. Mas tenho certeza que até ela se apaixonaria por Dewey.
E como não se apaixonar?
(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)