Vanessa Vieira 21/12/2016
Três Dias para Sempre - Janda Montenegro
O livro Três Dias para Sempre, da carioca Janda Montenegro, nos traz um romance de verão que se passa na "cidade maravilhosa" em meio a todo o calor e clima convidativo da região. Infelizmente não consegui me afeiçoar com os personagens da trama e achei os pensamentos da protagonista bastante contraditórios e por vezes infantis. O mocinho também não conseguiu me cativar e o seu jeito bem jovial de ser acabou revelando uma personalidade imatura e volúvel.
Line mora sozinha no Rio de Janeiro, ainda tentando se recompor após ter sido abandonada no altar pelo noivo. Sem um emprego que lhe dê prazer e amigos que a divirtam, a jovem não tem coragem de voltar para sua cidade natal na Bahia depois de tudo o que aconteceu e assiste os dias irem passando lentamente enquanto decide o rumo que tomará sua vida.
Durante uma viagem de ônibus, ela acaba conhecendo o brasiliense Téo, que está na cidade como turista aproveitando o verão carioca. Depois de alguns olhares trocados e de se falarem por mensagens de texto no celular, os dois acabam engatando a típica paixão de verão.
Para Line, tal envolvimento poderia apenas ser uma distração para as noites quentes cariocas, passeando por barzinhos e aproveitando o aconchego do apartamento onde Téo está hospedado. Porém, seu coração machucado e demasiadamente carente se envolve com muita facilidade nesta história de amor e ela promete para si mesma não deixar Téo ir embora sem antes saber o quanto ele mudou sua vida...
Três Dias para Sempre não foge muito dos tradicionais romances de verão que figuram pelo mercado, nos trazendo uma história incrustada por recomeços, badalações, sol e praia. Apesar de ser uma leitura leve e descontraída, não consegui sentir apatia pelos personagens e por suas infantilidades, principalmente no que concerne a Line. Narrado em terceira pessoa, de forma ampla e dinâmica, a escrita do livro foi muito bem elaborada e possui um ritmo contagiante, mas os protagonistas poderiam ter sido um pouco mais desenvolvidos e centrados.
Inicialmente, pensei que fosse gostar muito da Line. Ela passou por uma terrível decepção amorosa, sendo abandonada pelo noivo do dia do casamento e tendo que trabalhar como transfer no hotel em que passaria a sua então lua-de-mel para sobreviver. Por mais que ela esteja sozinha no Rio de Janeiro, se nega a voltar para sua cidade natal no interior da Bahia, pois não quer decepcionar seus pais com tudo o que aconteceu e nem ser vítima de falatórios pelo fato do seu casamento não ter se realizado. Analisando esse histórico, pensei: "Essa personagem vai se mostrar uma mulher extremamente forte e vai dar a volta por cima" e infelizmente eu não poderia estar mais enganada. Quando conhece Téo, Line se ilude de forma paranoica com o brasiliense, romantizando cada instante entre eles e traçando planos mentais para o futuro dos dois, sendo que tudo não passa de uma mera paixão de verão e o jovem demonstra isso com veracidade. Mesmo tendo passado por uma situação difícil, é notável que Line não aprendeu nada com seus erros de outrora e se ilude facilmente, além de ter um comportamento bem infantil e inseguro, buscando aceitação dos outros para quase tudo. Em um dos momentos da trama, quando Téo avisa que irá embora pois se encontra sem dinheiro, a jovem se oferece até mesmo para sustentá-lo e lhe oferece moradia, roupa lavada e grana, contanto que ele passe mais alguns dias com ela e tal situação mostrou o quanto a personagem é alguém dependente e intrinsecamente frágil.
Logo se vê que Téo não quer nada sério e sim curtir suas férias o máximo que puder. Não tem romantismo na forma como ele se aproxima de Line, simplesmente perguntando se a garota vai fazer o seu verão nas terras cariocas valer a pena e nada mais. Ele não revela planos para o futuro e parece mais empolgado em curtir o seu skate do que em embarcar em um relacionamento sério. Apesar do seu jeito bem infantil e um pouco irresponsável de ser, ele não ilude Line em nenhum momento, fazendo com que a moça fantasie única e isoladamente sua paixão de verão.
Em suma, Três Dias para Sempre se mostrou uma história leve e uma leitura típica para aqueles dias mais ensolarados. Apesar de não ter simpatizado com os personagens e ter esperado bem mais deles, gostei bastante da narrativa da Janda Montenegro e de sua flexibilidade na escrita, por mais que tenha achado o final do livro bem vago e inconclusivo. A capa é bem descolada, trazendo o calçadão de Copacabana e algumas fotos que ilustram os pontos turísticos do Rio de Janeiro, bem como dos momentos vividos entre o casal da trama e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho, revisão de qualidade e ilustrações do Cristo Redentor no começo de cada página e o ladrilho da calçada de Copacabana em seus rodapés. Apesar das pequenas ressalvas, não deixo de recomendar.
site: http://www.newsnessa.com/2016/12/resenha-tres-dias-para-sempre-janda.html