Geórgea 24/03/2019O Voo da LibélulaEm 1980, ocorreu um trágico acidente de avião onde 168 pessoas morreram na fronteira entre a Suíça e a França. Contrariando o acaso, uma única sobrevivente é encontrada. Uma pequena bebê, de apenas seis meses, é está quase sem vida na neve perto dos escombros. Ela é considerada um milagre e ninguém consegue explicar como um ser tão frágil conseguiu sobreviver a esse terrível desastre. No momento de identificar a criança, um grande impasse se instaura. Haviam duas meninas com as mesmas característica no voo. Como seria possível distinguir a verdadeira sobrevivente em uma época que ainda não existia DNA?
Uma família pobre contra uma família rica. Lyse-Rose ou Émilie? As famílias não medem esforços em busca de respostas. O detetive particular Crédule Grand-Duc é contratado para desvendar esse mistério. Entretanto, após 18 anos de caso solucionado, ele ainda não tem certeza se encontrou a verdadeira resposta para esse problema. E essa certeza acaba se provando real quando ele encontra um fato que pode mudar o rumo da vida de todos os envolvidos. Infelizmente, o detetive acaba sendo assassinado.
“Registrei neste caderno todos os indícios, todas as pistas, todas as hipóteses. Dezoito anos de investigação. Tudo anotado nestas cem páginas. Se vocês as tiverem lido com atenção, agora sabem tanto quanto eu. Talvez sejam mais perspicazes. Talvez sigam um caminham que negligenciei. Talvez encontrem a chave, se é que ela existe. Talvez…”
O diário com as suas anotações vai parar nas mãos de Lylie, a menina sobrevivente. Depois de todo esse tempo, ela ainda não tem certeza de quem ela realmente é. Após tomar conhecimento do conteúdo do diário, ela foge e deixa para seu irmão Marc a responsabilidade de desvendar toda essa trama. O jovem precisará adentrar em um emaranhado de dados e buscará a verdade a todos o custo. O que será que ele irá descobrir?
Minha Opinião
Quando peguei esse livro e li a sinopse levei um susto: parece que temos toda a história apenas lá. São tantas reviravoltas e acontecimentos importantes no seu resumo, que nem conseguimos acreditar que ainda existe algo para contar. E acredite, existe. Sou até um pouco suspeita para falar, pois sou fã de carteirinha do autor. Já saiu resenha de outro livro dele aqui no blog, o Ninfeias Negras é um dos meus livros favoritos da vida. Quando vi esse, pensei que teria algo do mesmo estilo, entretanto, a narrativa é bem diferente da que encontrei no meu primeiro contato com o autor, mas as reviravoltas continuaram iguais, mostrando toda a criatividade e capacidade que o autor ter em prender o seu leitor.
Sabe aqueles livros que a gente lê numa pegada e mal consegue esperar pelo final? Foi isso que essa libélula fez comigo. Eu devorei essas páginas em busca de respostas e fiquei satisfeita com o final, que era algo que eu já esperava. Apesar disso, descobri muitas outras revelações que me deixaram de queixo caído e adorei todas as reviravoltas que aconteceram. Além disso, a escrita do autor é incrível, ele nos transporta para esses lugares pacatos e nos faz imaginar a imensidão e beleza dessas paisagens. A capacidade de viajarmos junto com os personagens é incrível e sentimos até o cheiro dos lugares.
“E, como desde o início daquela história, a balança do destino. Para que uma família tivesse esperança, a outra precisava perder tudo.”
O relacionamento de Lylie e Marc sempre me deixou preocupada. Os dois irmãos parecem mais unidos que o normal e eles me confundiram desde o começo. Eu sentia que algo estava acontecendo ali e, por isso, já imaginava que uma grande surpresa viria ao final. Lylie pouco aparece na história, apesar de ser o centro das atenções, teremos nossos olhos voltados para Marc, um jovem apaixonado e empenhado em descobrir se a jovem realmente é sua irmã. Ele não é aquele mocinho que amamos nas histórias, ele é um rapaz soturno e determinado que quer respostas. Gostei bastante disso.
O detetive Crédule é uma figura enigmática. Depois de tantos anos, ele ainda não conseguiu aceitar a resposta que encontrou. Dezoito anos empenhado em um difícil caso e buscando as respostas para esse emaranhado de incertezas. Não é de estranhar que ele tenha ficado tão obcecado pelo caso. A cada avanço que ele fazia, vinha algo que complicava o caso e ele acabava retrocedendo para o posto zero.
“Nem Lyse-Rose, nem Émilie. Lylie. Uma quimera, um ser estranho formado de dois corpos. Um monstro.”
Lylie foi uma personagem difícil de desvendar e realmente não sei se descobri quais suas reais intenções, muito menos sei se entendi qual sua índole. Quando penso nela, só consigo protelar no quanto seria difícil estar no seu lugar. Saber que duas família brigam por mim, que fui a única sobrevivente de um trágico evento, que para estar ali os meus próprios pais morreram. Imagine a confusão que seria na sua cabeça, não saber quem você realmente é. É quase como se ela criasse uma terceira pessoa, uma mistura entre as duas sobreviventes. Como se a ânsia de descobrir sua verdadeira identidade, a levasse a construir outra, pois ela se recusa a ser apenas uma delas.
Esse livro te faz pensar. Levanta questões sobre o espetáculo causado pela mídia, mostra o quanto poder e dinheiro falam alto e como é vã a pergunta: quem sou eu? Em uma trama onde tudo se encaminhava para não existirem respostas, você verá que elas estavam ali o tempo inteiro. E, acompanhará a luta de duas famílias que brigam pela mesma coisa, mas onde nenhuma ganha de verdade.
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