Elle 06/05/2024
Como dizia mi mama: Que chamar atenção? coloca uma melancia no pescoço e sai na rua
Cru. Tanto os personagens, problematicas, e escrita exageradamente vulgar me parece um desespero para chamar atenção. Muitas frases ‘grifáveis’ que acabaram soltas na construção da narrativa, os momentos mais importantes foram extremamente curtos.
Um pouco confusa com a dualidade das protagonistas, por um lado temos a Lucy, onde houve uma representação clara de pedofilia que não foi devidamente abordada mesmo ao percorrer do livro, ou consequências na vida adulta da personagem. A explicação dada pela autora ‘Lucy gostava de dar’ não justifica a narrativa, a menina ainda era uma criança em desenvolvimento.
Além disso, a questão da prostituição tratada no livro com discurso de feminismo liberal, é tão raso que chega a ser literalmente irresponsável, Prostituição na real é uma questão social com MUITAS camadas a serem discutidas e que, no livro, pareceu apenas uma romantização por não mostrar consequências ou o outro lado da moeda.
Por outro lado, temos Dalva, que assume a figura da mulher boa, imaculada, cheia de amor e tão virtuosa que é capaz de perdoar o marido violento, obssessivo e ciumento (até do próprio filho). Onde eu esperava crítica social, recebi moral cristã.
Páginas e páginas dedicadas a descrever o sofrimento de Venâncio que, coitadinho, bateu em sua esposa e tentou matar o próprio filho, mas tem Daddy issues! Então ta explicado. (Não ta!) fiquei 98% do livro pensando como pode não ter ido parar na cadeia e 2% tentando entender como foi perdoado...
*Spoilers*
Sobre o final, achei interessante o elo de Lucy e Dalva e o filho delas, e gostei do ‘plot’ do filho estar vivo porém deixar a criança 7 anos isolada, com medo do marido e de repente voltar e tentar tocar a vida como se nada tivesse acontecido? Há um arco de redenção que a narrativa falha em construir, apenas por que ele não é um perigo para o bebê de Lucy não deveria ser um motivo para ser perdoado, e não, ficar sem dalva falar com ele, enquanto ele ainda seguia a vida normalmente e ficava com prostitutas, não é pior do que se tivesse ido para prisão por assassinato e violência doméstica e mesmo que não tenha matado o filho, Dalva ficou 2 anos acreditando que tinha sim, e não entendo como ninguém questionou a causa da morte da criança por tanto tempo.