Germana16 09/06/2024
Tudo é rio
Li como se diz, em uma sentada e li como se a Maria Bethânia estivesse contando a história (profunda, densa, sofrida, apaixonada, profana, chorosa). Abri a primeira e fechei a última página imaginando como a Carla Madeira cria suas histórias e que incrível é a construção da narrativa. Me apeguei à Dalva, choramos juntas, ficamos em silêncio juntas. Com Lucy eu tive preocupação, tive medo, tive pena. De Venâncio eu não tive nada, tive o mesmo silêncio de Dalva.Carla realmente é uma escritora, escritora que escreve com força, com dedicação, e eu estou muito impressionada com esse livro.
Vamos aos trechos que me transbordaram:
? O que mais existe no mundo são pessoas que nunca vão se conhecer. Nasceram em um lugar distante, e o acaso não fará com que se cruzem. Um desperdício. Muitos desses encontros destinados a não acontecer poderiam ter sido arrebatadores.
? A liberdade é uma conversa fiada, é palavra de efeito, sempre no meio de uma frase para impressionar os desatentos, no fundo estamos presos à incapacidade de ser outra coisa diferente do que somos, do que a história da gente tramou.
? Eu vou embora, mas não vou passar fome, não vou ser miserável, não vou para o inferno. Sabe por que, titia? Porque não é você que decide isso. Porque Deus não gosta mais de você do que de mim. Implore por minha desgraça, reze todos os terços pra Deus me levar pro inferno, e, ainda assim, as minhas chances de conhecer o paraíso são iguais às suas.
? Ela me perguntou o quanto eu a amava. Reuni em vidro todos os humores vertidos: sangue, sêmen, lágrimas. Amo você tantos rios.
? O amor, quando nasce forte, tem pressa de ser eterno.