spoiler visualizarAlicia 12/04/2021
Leitura fluída, adorei!
O livro é rechegado de críticas comportamentais.
Agnes Grey é uma moça, filha de um clerico, tem uma irmã mais velha e é muito protegida pela família que a ama muito.
Sua mãe era de uma família rica, mas casou-se com seu pai abrindo mão de toda riqueza por esse amor.
A família vivia muito bem, até que um dia o pai resolve investir as economias da família em algo com uma chance muito grande de dobrar de valor, mas o navio naufraga e eles perdem tudo. A partir disso passa a ser obrigados a viver de uma forma muito mais contida e simples.
Agnes por ser a mais nova, sua mãe e irmã não querem que ela trabalhe ou se arrisque pelo mundo, mas Agnes tem sede de buscar por algo mais, sente-se meio que um fardo, deseja trabalhar, ser independente, ganhar seu próprio sustento e acima disso tudo quer ajudar sua família.
Após muita conversa, convence sua família a tornar-se uma preceptora. Ela consegue um emprego e vai para a casa da primeira família que nos é apresentada.
Agnes vai muito animada e feliz, um pouco iludida com como acha que tudo será. Na família ela vai cuidar de 4 crianças, a mãe dessas crianças fala maravilhas dos filhos, principalmente do menino mais velho, Tom.
Conforme Agnes vai trabalhando e adentrando o universo da família e tentando educar as crianças, ela percebe que não era nada do que a mãe afirmava das crianças, principalmente de Tom que é muito cruel com os animais e tem uma personalidade cheia de maldade, que os pais acham normal e até "bonito" por assim dizer... logo, Agnes percebe sua limitação perante os pais, porque ela deve e pode educar, mas com muitos limites o que inviabiliza muito seu trabalho, porque a maioria das coisas que ela não pode fazer vai contra sua forma de educar. A princípio ela acredita que possa corrigir essa modo de ser, mas logo vai percebendo que a influência da família é muito grande e talvez não dê certo.
Agnes fica um ano nessa casa e é dispensada pela mãe das crianças que acha que não está dando certo.
Agnes então volta para casa de sua amada família, porém quer tentar novamente se preceptora, agora já com mais maturidade segue seu objetivo de independência. Insistir muito para conseguir um novo trabalho e sua mãe a ajuda a selecionar novas famílias.
Logo, escolhem uma família e Agnes embarca nesse novo desafio. Ela vai lidar com duas moças e dois garotos que frequentam a escola, então sua responsabilidade são as duas moças. Temos mais uma vez evidente suas limitações, ou seja, temos as amarras do que ela pode ou não fazer. A mãe impões algumas coisas, o que desautoriza suas ações como preceptora e quando tudo dá errado a culpa da mau criação recaí sobre Agnes.
Agnes se sente muito sozinha nesse novo ambiente, passa por diversas situações que vão contra seus princípios, se vê apenas como uma funcionário onde na verdade ninguém sente empatia nenhuma por ela. Percebe ainda a futilidade da moça mais velha, a falta de saber o que é certo ou errado, julgando isso ser mais uma falha da educação do que do caráter... logo, sua forma de ser, agir e pensar, mesmo Agnes conversando com ela não é algo que gera qualquer tipo de mudança. Agnes se vê como um peixe fora d'água, em um ambiente hostil, que ela detesta, mas que tem esperanças e se sente na obrigação de seguir com seu trabalho.
Para além desse cenário Agnes consegue fazer algumas visitas a alguns residentes menos favorecidos da região e gosta muito se fazer isso, onde se sentia prestativa, conversava e conseguia ver além do universo da sua vida com seus patrões.
É numa dessa visitas que ela vai ter mais contato com o cura que é um clerico considerado ajudante do pároco da igreja, o Sr. Edward Weston. Ele possui uma forma de ser e agir que encanta muito Agnes, ou seja, é honesto, verdadeiro, sincero, ajuda as pessoas de todo coração... ele possui todas as qualidades que ela consideram imprescindíveis e que faz com que ela pouco a pouco se apaixone.
Ele será o amor da sua vida, o que só se mostrará apenas nas últimas páginas desse livro, quando eles irão se reencontrar, o que acontece de uma forma que, eu particularmente, achei muito bonita, fofa e nos trás aquele final que aquece os nossos corações.
O final da história Agnes acaba por retornar a sua família, devido a perda de seu pai para dar um suporte para sua mãe. Sua mãe é uma mulher que se mostra muito forte e um exemplo de determinação, tanto que temos Agnes como consequência dessa educação. Sua mãe resolve abrir uma escola e Agnes vai ajuda, isso ocorre de modo muito fluído e natural.
Trata-se de um história linear que tem muito a nos fazer pensar e refletir.
Para além da história em si, o que mais gostei foram as reflexões de Agnes sobre a sociedade, sobre a beleza das pessoas que reflete diretamente no tratamento que as pessoas recebem, na questão da superioridade que existe entre as classes, da submissão da mulher, no caso o modo com ela é tratada por ser meramente uma funcionário e que ela não se vê como inferior e não entende como ou porque as coisas se colocam dessa maneira.
Agnes é uma personagem encantadora, que nos mostra um lado que normalmente não é mostrado nos livros da época. Nos faz pensar que nem tudo era flores e nos apresenta a realidade da vida da alta sociedade.
Agnes é uma moça muito sincera, muito coerente e determinada que nos apresenta de forma crua e clara a realidade e que vai questiona não aceitando que tudo precisa necessariamente ser assim.
É uma leitura encantadora e que nos traz muita reflexão.
Os momentos em que Agnes divaga comentando sobre diversas coisas e refletindo, eu gostei bastante.
O livro nos mostra uma feminista em processo de construção e que se mostra claramente a frente do seu tempo.
Adorei essa leitura, adorei o final e super recomendo.