Bruna 25/01/2016A Cidade Murada foi um dos lançamentos de 2015 da Editora Seguinte, e foi inspirado na extinta Cidade Murada de Kowloon, localizada em Hong Kong, e que habitava 33 mil pessoas em um pequeno espaço de apenas 0,3 km²! Essa área já foi a mais densamente povoada da Terra e era um antro de criminalidade e miséria, governado pelo crime organizado, onde a polícia não atuava. Leia mais sobre a Cidade Murada de Kowloon aqui.
A extinta Cidade Murada de Kowloon
a Cidade Murada de Hak Nam. Uma mistura dos ingredientes mais sombrios da humanidade - ladrões, prostitutas, assassinos, viciados - em dois hectares e meio. O inferno na terra, ele dizia. Um lugar tão implacável, que nem mesmo a luz do sol tinha coragem de entrar.
Págs. 15-16
Em A Cidade Murada, Ryan Graudin nos apresenta a Cidade Murada de Hak Nam, uma aérea dominada pela pobreza, miséria e os mais hediondos crimes. O livro traz três protagonistas narradores, Jin, Dai e Mei Yee, e é através dos olhos destes adolescentes que vamos descobrindo os segredos e tramas da história. Jin Lin é uma menina forte e corajosa, que se finge de menino, a única forma de evitar se capturada por um bordel, e sobrevive nas ruas de Hak Nam, em uma busca desesperada por sua irmã. Mei Yee é uma das jovens prostitutas de Longwai, o líder da Irmandade do Dragão, a facção criminosa que governa Hak Nam, e, assim como a maioria das meninas na mesma situação, foi vendida pela própria família. E Dai é um jovem misterioso, que está em uma busca desesperada, a qual tem apenas 18 para concluir. Ao longo do livro vemos como a história destes jovens se interliga e entrelaça, e assim vamos descobrindo os segredos que os rodeiam e o que essa contagem regressiva de 18 dias significa.
A construção de todos os personagens foi muito bem feita, a autora soube explora diferentes tipos de personalidades, além de mostrar como aquela realidade reflete e influencia muitos comportamentos. Assim, além dos protagonistas, vários outros personagens nos são apresentados - os membros da irmandade, outras meninas do bordel de Longwai, os pivetes que vivem pelas ruas de Hak Nam, importantes membros da sociedade (de fora da Cidade Murada) - todos contribuindo para a dinâmica da trama e sua veracidade.
A gente faz o que pode. Segue em frente. Sobrevive
Pág. 92
Dividido em várias partes, que fazem a contagem regressiva dos 18 dias, cada parte composta por capítulos narrados por cada um dos protagonistas, a autora nos leva a esse ambiente dominado pela dor, sofrimento e medo. A cidade murada é um juvenil, sim, mas nem por isso deixa de ser brutalmente real e perturbador. O que há de pior na natureza humana, é isso que se encontra entre os becos, grades e sujeira de Hak Nam. O livro é muito forte, real, e por isso mesmo não é aquele tipo de livro para o qual um final feliz seja algo garantido ou mesmo previsível. Muito pelo contrário! Logo nas primeiras páginas já percebi que um final nada feliz poderia ser extremamente coerente e possível. Isso foi legal pois me fez duvidar o tempo todo do que aconteceria, de como certas situações se resolveriam, e me fez torcer, loucamente, ardentemente, pelo melhor.
"Existem três regras para sobreviver na Cidade Murada. Corra muito. Não confie em ninguém. Ande sempre com uma faca."
Pág. 11
O trabalho gráfico da Editora Seguinte está impecável. As páginas que marcam a contagem regressiva e o início de cada página são pretas, com os dias em branco. A capa, aparentemente simples, tem um emaranhado de traços, representando um mapa de Hak Nam, a fonte do título e nome do autor está em alto-relevo e as letras são de um tamanho agradável para leitura. Além disso, não percebi erros de revisão ou tradução.
A cidade murada é um ótimo livro, bem construído e convincente, que foge do padrão e estereótipos dos juvenis, e tem tudo para agradar leitores de várias idades.
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http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/2016/01/resenha-cidade-murada-ryan-graudin.html