Thais Oliveira
07/04/2019"Ando pensando ultimamente que crescer é como passar por portas de vidro que só se abrem em uma direção; você consegue ver de onde veio, mas não pode voltar. Ao menos para mim é assim."Piedad Sánchez é uma adolescente latina, estudante excepcional, e dona de um corpo atraente e chamativo que provoca inveja em algumas garotas. Ela vê sua vida virar do avesso após ser alvo de Yaqui, uma valentona da escola que insiste em atacá-la com ameaças e humilhações. Tudo se inicia após um contratempo no prédio onde mora, fazendo com que ela e sua mãe se mudem para outro lugar. Desse momento em diante, Piddy concilia os estudos, seu trabalho no salão, suas dúvidas sobre sua paternidade e os constantes aborrecimentos que a encrenqueira da Yaqui causa em sua vida.
"Sinto como se por toda parte houvesse alguém fazendo bullying comigo ou com todos os outros."(Pág. 67)
É lamentável como o bullying reflete negativamente na vida das pessoas e com Piddy, não foi diferente. Afetando não só a ela, mas, as pessoas ao seu redor, prejudicando duramente sua personalidade e ações. Ela se tornou uma pessoa vulnerável, traumatizada, insegura, e até mesmo inconsequente. Regredindo na escola, e sendo em determinadas vezes, hostil com sua mãe e com as demais pessoas próximas a você.
"Talvez essa seja a nova eu que preciso encontrar. Uma garota durona, capaz de enfrentar Yaqui. Mas então por que ainda sinto medo?" (Pág. 165)
Achei muito bonita a amizade entre Piddy e Lila, o profundo laço afetivo entre elas, é bem destacado durante o livro.
Senti falta da história de Yaqui ser mais explorada. O pouco que é descrito no livro sobre ela, é que ela é uma "delinquente", mora numa comunidade ("um poço de m****", como Piddy descreve), e tem um namorado na escola, Alfredo. Que como ela mesma sugere, é o pivô do ódio descomunal pela coitada da Piddy.
Os outros personagens secundários também tem sua relevância, porque juntos trazem outros assuntos, difíceis que, a meu ver, importantíssimos na trama, como violência doméstica, drama familiar e sexualidade. A autora aborda esses temas e suas consequências de um modo, consistente, sensível e profundamente humano. Narrado em primeira pessoa por Piddy, o livro é bem jovial e fluído. Em uma cena foi um tanto angustiante vivenciar uma situação específica no livro, que me deixou despedaçada, mas alguns - ou até todos - eventos do livro foi crucial para conhecer e entender a real gravidade do bullying e de suas consequências na vida da vítima.
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