Tico Menezes 31/01/2024
O desafio da convivência
A leitura de Jóquei é, para dizer o mínimo, uma experiência interessante e desafiadora.
Comecei encantado com a delicadeza da costura de palavras e metáforas sensíveis, a coragem da autora em se despir e convidar o leitor para dentro de seu coração. Há poesias aqui de uma beleza intensa, vívida. Mas comecei a perceber em alguns textos uma certa liberdade de conversa de bar, o que é muito bem-vindo, mas está aberto a falas problemáticas. E discordei de algumas abordagens, algumas perspectivas e da insensibilidade demonstrada por pessoas fora do convívio da autora. Tive vontade de deixar o livro de lado. Então fui cativado novamente por outro texto e disse a mim mesmo que as pessoas, em sua liberdade, são falhas, contraditórias, sensíveis e insensíveis e não precisam da nossa aprovação. Ninguém é totalmente bom ou totalmente ruim, há dor e amor em todos os corações.
Foi isso que Matilde Campilho me lembrou. Aprendi com Jóquei, mesmo não gostando do livro em sua inteireza. Como acontece com as pessoas que conhecemos e precisamos conviver ao longo da vida.