spoiler visualizarAlle_Marques 24/12/2023
Eu nunca vou superar a história do brinco.
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“Não há quem não seja meio louco de vez em quando...”
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É bem tenso e Robert Bloch sabe criar um suspense muito bem, além disso, sua escrita é envolvente e imersiva, seus personagens muito bem desenvolvidos, embora alguns não tão inteligentes, e o hotel funciona como um personagem a parte, é cheio de personalidade, sombrio e misterioso, igual seu dono. Para os fãs do filme do Hitchcock – como eu – ou da série de 2013, funciona também como um ótimo complemento, uma ótima maneira de se aprofundar na história.
O Norman do livro é tão estranho e sinistro quanto o do filme, tem seus diferenciais, ainda mais na aparência, mas é tão medonho quanto, além de bem assustador as vezes, a forma como o Robert se aprofunda em seu psicológico, as sutilezas do autor na hora de retratar seu relacionamento com a mãe, seus pensamentos mórbidos, preconceituosos, especialmente sobre as mulheres, tudo funciona bem, é angustiante e desconfortável. A Lila e o Sam, por outro lado, são os clássicos mocinhos da época, sem nenhum grande diferencial e não trazem nada de novo, funcionam como tem que funcionam, cumprem seus papeis e é só, mas não é como se fizesse muita diferença, na complexidade que é a obra eles são o de menos.
No geral é um livro muito bom, com um clima tenso, que nos deixa apreensivos e ansiosos, uma escrita muito bem feita e fluida, e uma história profunda, bem desenvolvida, por vezes assustadora e sinistra, além de um final surpreendente e uma reviravolta inesquecível, que incrivelmente ainda funciona ainda muito bem hoje em dia, mesmo já estando “batido”
Porém, teve um detalhe que me tirou da história e prejudicou um pouco minha experiência, foi ele, o “brinco”.
Sério? Eles decidiram chamar o xerife, e Lila teve a brilhante ideia de entrar sozinha na casa do Norman, depois de acharem um brinco NO CHÃO do banheiro no quarto que a irmã dela FICOU HOSPEDADA, fato esse que foi CONFIRMADO pelo Norman e TODOS SABIAM? Ela simplesmente decidiu que Norman era culpado e arriscou sua vida daquela forma depois de achar um objeto da irmã dela em um local que a irmã dele esteve? Além do suspeito não ter mentido sobre isso? É SÉRIO?
Ela tomar uma decisão tão extrema por causa de tão pouco é, no mínimo, estranho e forçado, tudo bem que o autor precisava nos levar pra dentro da casa dos Bates de alguma forma, mas tinha maneira melhores de fazer isso, melhores e mais convincentes.
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21° Livro de 2023, 27ª Resenha de 2023
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